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Amor que não ousava dizer seu nome: A homossexualidade através das eras

Entenda como a sociedade lidou com o amor entre iguais em diferentes períodos

AH Publicado em 21/08/2017, às 08h45 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h35

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A trajetória é mais antiga que você imagina - Istock
A trajetória é mais antiga que você imagina - Istock

O último imperador romano pagão, Heliogábalo (203-222), não só se travestia como vendia seu corpo a outros homens no templo do deus-sol, ao qual adorava. Tal prostituição tinha função ritualística: a oferenda do sêmen que representava fertilidade. No entanto, conforme relatos da época, a tarefa não desagradava nem um pouco ao imperador. Mas se quando viveu Heliogábalo, a afeição e a atração sexual por pessoas de mesmo sexo era tolerada, ao longo da História nem sempre elas foram consideradas aceitáveis pela religião ou governo. Em vários países muçulmanos, a lei islâmica ainda pune esses casais. Na Inglaterra, medida semelhante foi adotada em 1530, sob o reinado de Henrique VIII. A militância gay só ganharia voz centenas de anos depois, com a fundação do Comitê Científico Humanitário de Berlim, em 1897. O órgão iniciou uma campanha por uma reforma legal, que abriria o precedente e daria fôlego para o movimento. Em 1920, Berlim contava com mais bares gays do que a Nova York de 1980.


530 a.C

Homens se relacionando na Grécia Antiga / Getty Images

Na Grécia, as relações entre homens mais velhos e jovens tornam-se comuns. Misturavam tutelagem e sexo. No mesmo ano nasce a poeta Safo, na Ilha de Lesbos. Ela inspirou o termo lesbianismo.


54 

Estátua do  imperador romano Nero / Wikimedia Commons

O imperador romano Nero assume o trono. Ele casou-se com o jovem Sporus, que trajou vestes femininas na cerimônia, conforme conta o historiador Tácito. De acordo com um colega mais recente de Tácito, o historiador americano John Boswell, esse tipo de união formal não era incomum entre os romanos da época e tinha status legal.


1432

Florença, na Itália, institui a “Polícia da Noite”, para apurar acusações de sodomia. Mais de 17 mil casos foram investigados. A gíria alemã para “sodomita” no século 14 era florenzer.

1483

Uma das práticas de torturas realizadas pela Inquisição Espanhola / Domínio publico

A Inquisição Espanhola tem início. Homens considerados sodomitas eram apedrejados, castrados e queimados. Até 1700, aproximadamente 1,6 mil pessoas foram perseguidas pelo suposto crime e mais de 150 homens, assassinados.


1830

O Código Penal brasileiro descriminaliza a homossexualidade. A pena de morte por sodomia já havia sido extinta nove anos antes. Na contramão, apenas dois anos depois, a Rússia criminaliza o ato sexual, punido com até cinco anos de exílio na Sibéria.


1895

Oscar Wilde / Wikimedia Commons

O escritor irlandês Oscar Wilde é julgado pelo crime de “indecência grave” e condenado a dois anos de trabalho árduo na cadeia, pelo pai do seu amante, Lorde Alfred Douglas. Preso, escreveu seu ensaio mais famoso, De Profundis. No mesmo ano, o escritor brasileiro Adolfo Caminha publica o romance Bom-Crioulo, com protagonista gay.


1933

Homossexuais sendo perseguidos na Alemanha Nazista / Reprodução 

O Partido Nazista alemão dá início à perseguição aos gays – o regime era mais leniente com lésbicas. Pelo menos 50 mil homens foram presos – muitas vezes castrados – e entre 5 mil e 15 mil mortos nos campos de concentração. O traje da prisão tinha um triângulo rosa, adotado pelos gays anos depois como símbolo do movimento.


1969

Os protestos de Stonewall, contra a invasão da polícia do bar gay Stonewall Inn, marcam o começo da luta aberta pelos direitos dos gays. 


1954

Alan Turing / Wikimedia Commons

O macartismo americano viu surgir a “ameaça lilás”, período de intensa perseguição aos gays. Na Inglaterra, 18 meses depois de ter que escolher entre uma sentença de prisão ou passar por castração química para “corrigir” sua inclinação sexual, o gênio da computação Alan Turing comete suicídio com uma maçã envenenada. Seu trabalho para a inteligência britânica, na Segunda Guerra, foi considerado essencial.


1989 

Bandeira LGBT / Wikimedia Commons

A Corte de Apelações do Estado de Nova York (EUA) torna-se a primeira instância jurídica a reconhecer que casais do mesmo sexo, “desde que vivendo juntos há mais de dez anos”, são considerados família para atender às exigências legais para o aluguel de imóveis.


1990

Uma das primeiras paradas do orgulho LGBT realizada em Nova York em 1992/ Reprodução

A Organização Mundial da Saúde (OMS) retira o “homossexualismo”, como era grafado, da lista internacional de doenças. O termo fora incluído 13 anos antes, na categoria de doenças mentais. A data passou a ser celebrada como Dia Internacional contra a Homofobia.


2001

Reprodução

A Holanda torna-se o primeiro país a legalizar casamentos de pessoas do mesmo sexo, que passam a ter os mesmos direitos dos casais heterossexuais. Dois anos depois, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) brasileiro aprova resolução determinando que todos os cartórios do país celebrem casamentos entre pessoas do mesmo sexo.


2017

Dois passos para frente, um para trás. Segundo um levantamento do Grupo Gay da Bahia, no ano anterior, o Brasil teve 343 mortes violentas e atribuíveis ao ódio no ano de 2016. 72 países do mundo ainda tratam homossexualidade como crime. Nem todos são islâmicos: Índia, Tanzânia e em Papua Nova Guiné, entre outros, ainda tratam como crime relações entre o mesmo sexo. Na Rússia, está basicamente proibido mencionar qualquer questão gay, pois fazer "propaganda" é crime. Nos EUA, Donald Trump anunciou que pretende remover transsexuais do exército.