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Matérias / Português

Palavrões começaram como termos inocentes

A estranha origem de sete palavras sujas do português

Redação Publicado em 17/06/2019, às 15h00 - Atualizado às 20h00

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Reprodução
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A maioria dos palavrões nasceu de termos inofensivos e utilitários que, por metáfora ou outras formas mais convolutas, acabaram designando coisas obscenas, tabus em conversas educadas.

Um bom exemplo é caralho, usada hoje como sinônimo de pênis ou como interjeição para demonstrar espanto. O termo vem do latim characulu, diminutivo de kharaxou charax, palavra grega que significa estaca ou pau (esta, aliás, uma palavra ainda com o sentido original, mas em vias de se tornar um palavrão). “Ele passou a ser usado para designar o membro do touro na Antiguidade”, diz o jornalista Luiz Costa Pereira Junior, autor de Com a Língua de Fora - A Obscenidade por Trás de Palavras Insispeitas e a História Inocente de Termos Cabeludos. Daí, pra virar sinônimo de pênis em geral foi um pulo.

Já boceta, hoje sinônimo de vagina, tem origem no latim buxis, caixa de buxo — buxo, por sua vez, é uma árvore. “As gregas e romanas tinham preferência por essa madeira para suas pequenas caixas em que guardavam objetos de valor”, afirma Luiz. Logo, com a evolução da língua, elas foram chamadas de bocetas. Há registros do termo associado ao órgão feminino em poemas portugueses do século 18. A associação se deve ao fato de ele ser o lugar em que está o tesouro da mulher.

Porra, termo empregado hoje quando algo dá errado ou como sinônimo de esperma, designava uma arma de guerra medieval: era um bastão de madeira com ponta protuberante, cravejada de lanças de metal. O instrumento foi associado ao membro masculino e, com o passar do tempo, ao sêmen.

Em latim, puttaé menina. Ainda hoje, em Portugal, putinhos quer dizer crianças pequenas (enquanto puta, no feminino, é como aqui). Além do português, o sentido sexual existe em espanhol, francês e italiano. Como isso aconteceu é um mistério. Uma versão sobre a origem da palavra, popular sobretudo na Espanha, fala da deusa Puta, uma das divindades agrícolas romanas, responsável pela poda (puta, em latim). No dia em que podavam as árvores, as sacerdotisas exerceriam a prostituição sagrada em honra à deusa. Com o passar do tempo, o nome da deusa virou sinônimo de prostituta. Mas muitos linguistas desconfiam que é só uma etimologia popular, invenção do povo.

Outros palavrões mantém seu sentido original — em alguns casos, desde o Império Romano. Foda vem de futuo, fazer sexo (ativo). Cu é uma versão encurtada do latim culum, que, neste caso, sempre quis dizer a mesma coisa. Em Portugal, ela vale para o todo. No Brasil, só para o centro, porque para o que vai em volta existe bunda — do quimbundo mbunda(o m é mudo), também com um sentido que não se alterou.