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Vida boa: 10 condenados por graves crimes no exterior protegidos pelo Brasil

Governo brasileiro protegeu gente acusada de nazismo, tortura, assassinato, terrorismo e crimes comuns

Rita Loiola Publicado em 16/08/2017, às 15h00 - Atualizado em 16/10/2018, às 16h24

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Biggs e Wagner adoraram o Brasil - Getty Images/Bundesarchiv
Biggs e Wagner adoraram o Brasil - Getty Images/Bundesarchiv

Nosso hábito de não extraditar estrangeiros procurados surgiu no fim do século 19. "O Brasil assinou todas as convenções internacionais que concedem abrigo aos estrangeiros", diz Paulo Borba Casella, especialista em Direito Internacional da Universidade de São Paulo. A lista de beneficiados inclui um representante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e Alfredo Stroessner, ex-ditador paraguaio. Confira abaixo os casos mais famosos de pessoas que encontraram abrigo por aqui. 


10. Roger Pinto Molina

Reprodução

O ex-senador boliviano foi acusado de participar do massacre em Porvenir em 11 de setembro 2008. Em meio a uma tentativa de golpe de estado da direita, insatisfeita por um plebiscito que confirmou Evo Morales no poder, 12 militantes pró-governo e um soldado foram assassinados. Refugiou-se na embaixada brasileira de La Paz em 2012 e no mesmo ano conseguiu asilo político no Brasil, fugindo do país em 2013 com a ajuda de autoridades brasileiras, sob ordens do ministro das relações exteriores Antonio Patriota, que se demitiu logo a seguir.


9. Cesare Battisti

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O ex-membro dos Proletários Armados do Comunismo (PAC) foi condenado a 12 anos de prisão pela Itália, após o assassinato de 4 pessoas em 1979. Fugiu para a França, mas o seu destino final foi o Brasil. Usando documentos falsos, foi detido no Rio de Janeiro em março de 2007. Em 2011, após muita polêmica, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela não extradição. Apesar de uma tentativa de reabrir o o caso por uma juíza federal em 2015, indeferida, casado com uma brasileira, o escritor hoje vive em Embu das Artes, São Paulo.


8. Olivério Medina

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Ex-padre e integrante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc, foi preso no Brasil duas vezes, em 2000 e em 2005. Em 14 de julho de 2006, conseguiu o status de refugiado. De 1964 até o desarmamento em 2017, As Farc, não reconhecidas pelo governo brasileiro como um movimento terrorista, usaram de sequestros, atentados, assassinatos e (nunca admitido) narcotráfico para implantar o comunismo na Colômbia. Estima-se que 220 mil pessoas morreram no conflito entre exército, paramilitares e guerrilhas de esquerda colombiana. 

7. Alfredo Stroessner

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O ex-ditador governou o Paraguai de 1954 a 1989, "ganhando" seis eleições, no mais longo mandato da história da América do Sul, que terminou com outro golpe militar. Viveu como refugiado em Brasília até falecer, em 2006. Entidades de direitos humanos atribuem a ele 900 assassinatos e desaparecimentos. Mas o governo brasileiro nunca aceitou devolver Stroessner aos paraguaios.


6. Pietro Mancini

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Participante da organização Autonomia Operária, um dos movimentos envolvidos nos Anos de Chumbo (Anni di Piombo) da Itália, onde organizações de direita e esquerda se combateram, causando mais de 250 mortes. Foi condenado por assassinato em seu país natal. Em 2005, o Brasil negou seu pedido de extradição. Mancini naturalizou-se brasileiro, montou uma produtora e até trabalhou na campanha de Fernando Gabeira para prefeito do Rio de Janeiro.

5. Albert Pierre

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O ex-chefe da polícia secreta do Haiti foi parar em Fernando de Noronha depois da queda do horrendo governo de "Baby Doc" Duvalier, em 1986, que causou a fuga de centenas de milhares de pessoas do país. Acusado de assassinar, torturar e violar os direitos humanos dos opositores ao regime haitiano, conquistou o refúgio um ano depois de chegar. 

4. Achille Lollo

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Também envolvido nos Anos de chumbo, o combatente do grupo italiano Poder Operário foi condenado a 18 anos de prisão por dois homicídios em uma residência incendiada pelo grupo. A polícia o prendeu em 1993, no Rio de Janeiro, mas sua extradição foi negada. Ligou-se ao PT e ao PSOL.

3. George Bidault

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O ex-primeiro-ministro da França, se opôs à política do ex-presidente Charles de Gaule de conceder independência à Argélia, em 1962. Criou o grupo terrorista Organisation Armée Secrète ("Organização Exército Secreto"), que levou a 2 mil mortes em atentados a bombas e assassinatos em apenas um ano, entre 1962 e 1963. Fugiu para o Brasil, onde viveu com a esposa durante quatro anos, até ganhar a anistia na França.


2. Ronald Biggs

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Participou do famoso assalto ao trem pagador, em Glasgow, em 1963. Não usaram armas de fogo, mas o condutor Jack Mills, que levou pancadas na cabeça, jamais se recuperaria. Preso no ano seguinte, fugiu da cadeia e chegou ao Rio de Janeiro, em 1970. Reconhecido em 1974, não pôde ser extraditado porque sua namorada brasileira estava grávida. Tornou-se uma celebridade no Brasil e seu filho, Mike, chegou a ser um astro-mirim. Em 2001, voltou para a Inglaterra e foi detido imediatamente. Ganhou condicional em 2009, aos 80 anos, e faleceu em 2013.


1. Gustav Wagner

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Membro das SS, Wagner trabalhou no campo de extermínio de Sobibor, na Polônia, onde ganhou os apelidos de "Fera" e "Lobo". Era pessoalmente responsável por selecionar quem seria usado nos trabalhos forçados e quem ia para a câmara de gás. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, fugiu para escapar da execução, chegando ao Brasil em 1950. Morou em Atibaia até 1978, quando o caçador de nazistas Simon Wisenthal o descobriu. Foi detido quando se apresentou à polícia para desmentir a informação de que teria ido a uma festa em homenagem a Hitler. Em 1979, foi solto por falta de provas. O Brasil rejeitou pedidos de extradição de Israel, Polônia, Áustria e Alemanha. Em 1980, foi encontrado com uma faca no coração. As autoridades brasileiras consideraram suicídio.