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Matérias / Arte

Sexo na tela: A polêmica arte de Egon Schiele

Jamais alguém havia retratado a sexualidade de forma tão vívida; ele chocou a sociedade e morreu cedo

Celso Miranda Publicado em 19/01/2020, às 09h00

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Nas obras de Schiele, o sexo ganhava forma - Wikimedia Commons
Nas obras de Schiele, o sexo ganhava forma - Wikimedia Commons

Quando o herdeiro do trono austro-húngaro Francisco Ferdinando visitou pela primeira vez uma exposição do pintor Egon Schiele, recomendou a seu pai, o imperador Francisco José, que proibisse que tal evento fosse divulgado na imprensa, pois julgava que ninguém deveria entrar em contato com "tamanha obscenidade".

Não era para menos. Nem na Viena no fim do século 19 — capital do Império Austro-Húngaro e até então o centro cultural da Europa — quadros tão provocativos haviam sido mostrados.

Em algumas das telas que escandalizaram o príncipe Habsburgo, viam-se mulheres nuas e sensualmente posicionadas de forma a fazer inveja às mais indistintas borracharias de beira de estrada, cenas de masturbação e, cúmulo do exibicionismo, o corpo nu do próprio artista, em que ele aparece com o pênis rubro e ereto. Schiele viveu pouco, morreu aos 28 anos.

Mas enquanto pôde provocou escândalo e confusão com seus quadros depravados e seu jeito meio irreverente de ser. Viveu na pobreza, passou fome, foi preso, acusado de seduzir uma menina de 13 anos. Qualidades que fizeram dele um ídolo entre os artistas da geração punk de Nova York, como a pintora Patti Smith.

Arte na veia

Egon Schiele nasceu em junho de 1890, em Tulin, na Áustria, uma pequena cidade às margens do rio Danúbio. A vida por ali não era diferente da de outras cidades nos arredores de Viena.

O jovem Egon tinha pouco interesse pelos estudos e nenhum pelos negócios do pai, Adolph, chefe da estação ferroviária local. Aos 15 anos, ficou órfão e passou a viver com o tio, o primeiro a reconhecer seu talento para o desenho.

Outra característica que o aproxima da cultura dos punks, era sua insatisfação com qualquer tipo de arte "oficial". Assim, apesar de entrar na Academia de Belas Artes, em 1906, ele nunca se enquadrou entre a classe artística de Viena.

Não levava muito a sério as aulas ou os professores e, em 1909, abandonou definitivamente o curso. Mas sua passagem pela Academia lhe rendeu pelo menos uma coisa: um amigo. Gustav Klimt na época já era famoso entre a vanguarda artística vienense e reconheceu desde logo o talento de Schiele.

Na velha Viena vivia-se sob o peso do pensamento pessimista, comum a toda uma geração influenciada pela filosofia trágica e irracionalista de Kierkegaard, de Schopenhauer, ou mesmo de Nietzsche. Artistas e intelectuais expressavam o sentimento geral de angústia existencial perante a precariedade da condição humana e de sua irremediável finitude.

Mas pensar (e escrever) é uma coisa. Mostrar é outra. E Egon Schiele adorava mostrar. Klimt pintava mulheres nuas, mas Schiele as mostrava em posições tão ousadas que não era qualquer modelo que se dispunha a trabalhar com ele.

"Ele não recuava diante de nenhum tabu e, diferentemente de Klimt ou Picasso, outro artista que fazia sucesso pintando a nudez feminina, Schiele retratava o nu erótico também de homens, mulheres com outras mulheres e até a si mesmo masturbando-se", diz Reinhard Steiner, autor do livro Egon Schiele (1890-1918): a Alma Noturna do Artista.

Confira abaixo algumas de suas obras mais marcantes:

Dead Girl, 1910  / Crédito: Wikimedia Commons

Two women embracing, 1911 / Crédito: Wikimedia Commons

Wally in red blouse, 1913 / Crédito: Wikimedia Commons

Nude Self Portrait, 1916 / Crédito: Wikimedia Commons

Reclined female nude, 1916 / Crédito: Wikimedia Commons

Umarmung, 1917 / Crédito: Wikimedia Commons

Sexual Act, Study, 1918 / Crédito: Wikimedia Commons

Back act with orange stockings, 1918 / Crédito: Wikimedia Commons


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