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Matérias / Egito Antigo

A sacerdotisa de Dom Pedro II: conheça a incrível múmia de Sha-Amun-en-su

Em 1876, o Imperador do Brasil fez uma viagem pelo Egito, quando ganhou os restos mortais de uma importante sacerdotisa-cantora, um raríssimo presente

André Nogueira Publicado em 01/06/2020, às 04h00

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Sha-Amun-en-su - Wikimedia Commons
Sha-Amun-en-su - Wikimedia Commons

Durante sua segunda viagem pelo Oriente Médio, em 1876, o então imperador brasileiro Dom Pedro II passou um tempo no Egito, cuja história era um tema que o fascinava. Como líder de Estado, ele foi acompanhado pelo então vice governante do protetorado otomano do Egito, Ismail Paxá.

Durante a viagem, discutiu sobre as maravilhas do local, e conseguiu fazer uma troca excepcional: ao presentear o político com uma obra sobre a história do Brasil, o monarca ganhou um sarcófago lacrado contendo uma múmia.

A relíquia foi levada para o Palácio de São Cristóvão, onde integrou a coleção particular do imperador. As inscrições dos hieróglifos na superfície do sarcófago, que Pedro estudava, marcavam o nome da antiga mulher mumificada: Sha-Amun-en-su, uma importante sacerdotisa-cantora do Terceiro Período Intermediário do Egito.

O nome "Sha-Amun-en-su" faz referência a sua posição no mundo religioso faraônico, s significa, literalmente, “os campos férteis de Amon”,  o que destacava o deus do templo ao qual integrava o corpo sacerdotal.

A egípcia teria vivido em Tebas durante a Vigésima Segunda Dinastia (século 8 a.C.), trabalhando no famoso templo de Karnak, onde Amon era cultuado, como pronunciadora de cânticos sacros.

Comitiva brasileira no Egito / Crédito: Wikimedia Commons

Dentre as possíveis posições que a artista poderia ocupar, Sha-Amun-en-su era uma Heset, ou seja, uma liderança formal de grande destaque entre as organizadoras dos rituais que envolvem músicas.

Além disso, ela tinha um papel relevante no auxílio à sacerdotisa tratada como Esposa Divina, uma consorte do poderoso deus ligado ao vento. Seu destaque social foi gravado em seu caixão, que foi produzido em madeira sendo cuidadosamente trabalhado e estucado, pintado em diversas cores.

A múmia de Sha-Amun-en-su era o item favorito de Pedro II, que adorava o artefato. Dizem que o rei, inclusive, conversava com o sarcófago em momentos particulares. No entanto, desde aquela época, o objeto funerário é envolto em diversas teorias.

Pouco se sabe sobre a história da peça antes do século 19. Durante o translado do caixão para o gabinete do imperador, houve um acidente que fragmentou a lateral esquerda da madeira. Ela foi restaurada, mas a intervenção era completamente visível.

Exposição permanente com a múmia Sha-Amun-en-su no Museu Nacional / Crédito: Wikimedia Commons

Depois que o acervo imperial tornou-se parte do então chamado Museu Nacional, a múmia passou a ser estudada, possibilitando a realização de diversos testes. “Quem tem múmia tem, quem não tem não vai ter mais. Se a perdermos, jamais conseguiremos outra coisa remotamente parecida. Temos que conservá-la ao máximo”, disse o egiptólogo André Brancaglion Júnior, curador da coleção egípcia do museu, à FAPESP.

Depois, foram realizadas novas análises, revelando informações inovadoras em relação àquela relíquia.

Tomografias realizadas no caixão revelaram seu interior numa reprodução em 3D. Assim, Brancaglion descobriu novas informações: a garganta de Sha-Amun-en-su estava revestida com uma espécie de resina em uma bandagem aplicada no momento do embalsamamento.

Isso tem um grande significado: os agentes funerários em Tebas tiveram o cuidado de preparar o corpo da sacerdotisa para a Vida Eterna focando na proteção daquele que era o instrumento sacro de seu corpo: a origem da voz que entoava músicas ritualísticas sacras.

Raio-X do sarcófago / Crédito: Wikimedia Commons

“Há pouquíssimas múmias de cantoras no mundo, ainda mais dentro de um caixão lacrado”, disse Brancaglion. “Outra que existe está em Chicago e também parece ter uma proteção na garganta.”

Todavia, o mundo perdeu a relíquia em setembro de 2018, quando um incêndio se alastrou pelo Palácio do Alto da Boa Vista, destruindo boa parte do acervo. A tragédia acabou com uma importante jornada iniciada em 1889.


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