Montagem mostrando forte analisado (à esq) e exemplo de grafite encontrado lá com linha desenhada por cima para torná-lo mais visível (à dir) - Divulgação/ John P. Cooper e Alessandro Ghidoni
Arqueologia

Grafites de Zanzibar do século 19 podem ter sido feitos por soldados entediados

Estudo indica que desenhos encontrados em construção teriam função inusitada

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 09/05/2022, às 12h10

Pesquisadores da Universidade de Exeter, da Inglaterra, publicaram no último dia 30 de março um estudo a respeito do contexto no qual foram desenhados os grafites encontrados no interior de um forte localizado na capital da ilha africana de Zanzibar.

Conforme descrito pelo artigo, que foi disponibilizado ao público através da revista "Azania: Archaeological Research in Africa", os desenhos datados do século 19 nos oferecem uma janela para o trânsito marítimo da época ao representarem uma série de embarcações diferentes. 

Um detalhe importante é que, no período, a construção analisada era usada como porto, de forma que possuía uma visão privilegiada desses navios, segundo repercutido pelo LiveScience.

Artistas casuais

Mas qual o motivo por trás dessa manifestação artística? Na busca pela resposta, o artigo esclarece, antes de tudo, que os grafites não foram feitos para serem exibidos. 

"Instalados dentro do forte, os grafites de Gereza não eram para consumo público da maneira que poderiam ter sido se estivessem nas faces externas do forte, onde as pessoas que se aglomeravam no movimentado mercado Soko Uku sob seus muros poderiam tê-los visto", explicou John P. Cooper, especialista envolvido na pesquisa. 

Outro detalhe é que os desenhos não possuíam objetivos cerimoniais ou relacionados a crenças espirituais, também de acordo com os estudiosos. 

"Os grafites devem ter sido feitos por e para membros da comunidade do próprio forte. Provavelmente foi feito por pessoas com tempo livre, como soldados que cumpriam serviço de guarda ou passavam seu tempo de lazer nas partes superiores mais arejadas do edifício", concluiu ele, ainda conforme o LiveScience. 

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