Fotografia da sepultura da mulher do neolítico - Divulgação/ Pascal Radigue
Arqueologia

O enterro feminino de 6.500 anos em cemitério majoritariamente ocupado por homens

Mulher recebeu um enterro tradicionalmente masculino, surpreendendo especialistas

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 03/05/2022, às 15h10

Em 2014, escavações em um cemitério neolítico localizado na comuna de Fleury-sur-Orne, que fica ao norte da França, trouxeram à superfície os restos mortais de 19 indivíduos, além de uma série de artefatos e monumentos. 

Vale mencionar que profissionais da área já sabiam da existência do local desde 1960, mas aquela foi a primeira vez explorando-o. 

Os achados foram enviados para especialistas, e, no último mês de abril, uma equipe liderada pela arqueóloga francesa Maïté Rivollat publicou através da revista Proceedings of the National Academy of Sciences um estudo que analisava os enterros de 6.500 anos. 

Uma das descobertas mais inesperadas trazidas pelo artigo é de que, naquele local de sepulturas majoritariamente ocupadas por homens, uma delas pertencia a uma mulher. 

Exceção curiosa

Os restos mortais femininos haviam sido sepultados junto de quatro pontas de flecha, um ritual funerário tradicionalmente masculino, levando os pesquisadores a se perguntarem se aquela mulher era vista como uma "caçadora" ou "guerreira" por sua comunidade. 

As especulações, infelizmente, são limitadas pela quantidade escassa de evidências arqueológicas que sobreviveram desta época para cá, de acordo com informações repercutidas pelo Live Science. 

Dito isto, qualquer que tenha sido o significado dado por aquela população humana ao enterro da mulher em meio a homens, o evento por si só já serve para questionar "um viés sexual estritamente biológico nos ritos funerários deste cemitério", segundo escreveram os autores no artigo. 

Outra fotografia da escavação da sepultura / Crédito: Divulgação/ Inrap

 

Sociedade patriarcal

O enterro impressiona ainda mais quando se leva em conta que o cemitério pertence à comunidade Cerny, uma população onde as posições de liderança eram, via de regra, ocupadas por homens.

As mulheres, por sua vez, deixavam o grupo para viver com seus companheiros, segundo repercutido pelo LiveScience. 

"Juntos, o reconhecimento dado ao masculino, ao tiro com arco ou à caça, ou ainda mais amplamente, ao mundo selvagem, caracteriza a ideologia Cerny na Bacia de Paris", descreveram os cientistas no estudo. 

O próximo passo da pesquisa será descobrir a dieta da possível 'guerreira' neolítica, assim como suas origens geográficas e familiares. 

+ Confira o estudo na íntegra clicando aqui. 

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