Em entrevista, Mauricio de Sousa revelou como Turma da Mônica tenta se tornar mais inclusiva e atual, ainda que mantenha assunto longe das HQ’s
Fabio Previdelli Publicado em 25/07/2022, às 16h27
Na década de 1960, a Turma da Mônica começou a ganhar notoriedade e, até hoje, as histórias em quadrinhos de Mauricio de Sousa são fundamentais na infância de milhares de brasileiros. Há algum tempo, porém, Mauricio deixou os desenhos ‘de lado’ e passou a supervisionar o trabalho dos 400 artistas que emprega.
Em entrevista à Folha, o desenhista revelou segredos do seu sucesso e contou como a turminha vem se adaptando aos novos tempos. Em sua visão, um ponto fundamental é entender e reproduzir a realidade; mantendo um cuidado para não ficar para trás e tampouco ir além do necessário.
Desta forma, aponta que a política é um dos assuntos que não pretende implementar em suas histórias. "Meus personagens são crianças, e criança não mexe com política. A gente não faz ativismo. Tenho que usar o velho recurso da borracha. 'Apaga.' Isso é intocável."
Por outro lado, Mauricio se mostra antenado a importância da representatividade e da inclusão de grupos minoritários. Segundo conta, a ideia é criar personagens gays e dar ainda mais destaque a aqueles com deficiência.
O cartunista mostra seu desejo que Milena, a primeira personagem negra do gênero feminino do universo da Turma da Mônica, tenha o mesmo protagonismo de Cebolinha, Magali, Cascão e da personagem que dá nome aos quadrinhos.
Por fim, Mauricio de Sousa ainda fez críticas ao politicamente correto. "O politicamente correto é uma das coisas chatas que existem. Às vezes, dou uma forçadinha, para não alterar totalmente a liberdade que precisamos ter numa cena de humor, mas também faço concessões."
"Antes, a Mônica colocava um tijolo dentro do Sansão para bater no Cebolinha. É impossível hoje. Até a fala do Chico Bento precisei mudar um pouquinho, porque as professoras não gostavam do 'caipirês'. Eu sou sensível ao que pode magoar e não ser aceito pela família”, completou.
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