Os esqueletos descobertos na Itália - Divulgação /  Museo Civico Archeologico Etnolo
Arqueologia

Dois homens e um antigo enigma: A impressionante descoberta dos 'amantes de Módena'

A dupla de esqueletos foi desenterrada em 2009, dividindo uma sepultura enquanto estava de mãos dadas

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 29/08/2021, às 10h00 - Atualizado em 01/01/2022, às 08h00

Em 2009, a cidade de Módena, localizada na Itália, foi palco da descoberta de dois esqueletos de 1,6 mil anos que não só foram enterrados juntos, como também tiveram seus cadáveres dispostos de mãos dadas.

O fato tornou a descoberta popular até entre aqueles que não eram instigados por arqueologia. 

Contudo, se engana quem pensa que fora a primeira vez que eram encontradas duplas dividindo sepulturas: outros exemplos já foram descobertos na Grécia, na Romena e na fria Sibéria. Esses esqueletos, todavia, que ficaram conhecidos na época como "Amantes de Módena", conquistaram o coração do público. 

Fotografia dos esqueletos / Crédito:  Divulgação/ Museo Civico Archeologico Etnolo

 

O que ninguém sabia na época, porém, é que esses dois tinham algo diferente de outras ossadas enterradas juntas que já haviam sido redescobertas. Essa característica peculiar apenas viria a ser revelada uma década depois, quando nossa tecnologia estava mais desenvolvida. 

O desdobramento inesperado foi descrito por um estudo publicado na famosa revista científica Nature. Especialistas da Universidade de Bolonha haviam determinado o sexo dos restos mortais. Ao contrário do que havia se imaginado, não se tratava de um homem e uma mulher, e sim dois homens. 

A pesquisa que percebeu 

Quando o achado foi feito, não era possível determinar o sexo das ossadas por conta de sua deterioração avançada. Em 2019, por outro lado, os cientistas foram capazes de fazer esse discernimento através da análise de proteínas encontradas nos dentes dos esqueletos.

Sítio arqueológico onde a dupla foi desenterrada / Crédito: Divulgação/ Archeomodena

 

Ainda conforme repercutido pela pesquisa, a técnica pioneira, que fora desenvolvida pelo próprio grupo que escreveu o estudo, procurava pela presença ou ausência das proteínas batizadas de "Amelx" e "Amely". 

Enquanto esta primeira estrutura está presente nos dentes de ambos os sexos, a segunda é encontrada apenas em machos humanos. Graças à essa distinção, foi possível descobrir que os esqueletos de Módena eram, na verdade, dois homens. 

Em uma entrevista ao Rai News dada na época, o especialista Federico Lugli explicou de que forma isso mudava a interpretação da disposição dos corpos: “Acreditamos que a sepultura representa um relacionamento entre eles, só não sabemos de qual tipo”, afirmou.

"Ainda pode ser que eles fossem amantes, mas a probabilidade é bem menor", completou o especialista.

De volta ao passado

Os pesquisadores consideram que seria difícil que a disposição das ossadas fizesse referência a uma relação romântica entre dois homens. 

Eles indicam que os indivíduos enterrados em Módena poderiam ser parentes, como irmãos ou primos, ou então amigos que morreram juntos em batalha. Assim, as mãos dadas e o fato de dividirem uma sepultura representaria esse laço fraternal. 

Outro detalhe é que o mesmo estudo usou sua técnica de análise de proteínas dentárias para descobrir o sexo de outros 14 esqueletos. Nenhuma outra conclusão chamou tanta atenção, todavia, que a de que os anteriormente nomeados como "Amantes de Módena" eram, ao contrário do que os cientistas assumiram inicialmente, dois homens. 

Outros restos mortais descobertos anteriormente dispostos de forma próxima, vale dizer, costumavam ser homens e mulheres. Esse é o exemplo dos "Amantes de Valdaro", encontrados também na Itália, e que haviam ficado abraçados por 6 mil anos. 

Amantes de Valdaro / Crédito: Wikimedia Commons/ Dagmar Hollmann

 


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