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Cassino da Urca

Com Carmen Miranda no palco e Walt Disney na platéia, o local atraía a elite

02/06/2009 04h04 Publicado em 02/06/2009, às 04h04 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

O prédio imponente e decadente, localizado em um recôncavo no bairro da Urca, no Rio de Janeiro, esconde um passado rico. As paredes descascadas e as janelas quebradas não fazem justiça ao lugar que já abrigou o Cassino da Urca. Entre 1936 e 1946, desfilou por ali toda a elite brasileira, além de visitantes ilustres como Walt Disney (1901-1966). Além dos salões de jogos, o local tinha um teatro onde Carmen Miranda (1909-1955) se apresentava semanalmente entre 1936 e 1940.

“Os homens levavam as amantes de carteirinha”, afima Mario Rolla, sobrinho do dono do cassino, Joaquim Rolla (1899-1972). Em 1946, depois que, a pedido da esposa, dona Carmela, o presidente Eurico Gaspar Dutra (1883-1974) proibiu os jogos no país, o cassino encerrou as atividades.
O lugar ficou vazio até 1950, quando foi comprado pela TV Tupi. Em 1980, voltou a ser fechado. E assim permaneceu até 2006, quando o Istituto Europeo di Design começou a restaurá-lo para instalar ali sua sede no Brasil.

COMPLEXO DE LAZER
Carteado e roleta eram apenas uma parte da diversão no famoso clube noturno

Culinária francesa

No cardápio, destaque para pratos franceses. As mesas tinham pratos de porcelana e talheres de prata pesada. Na disputa pelos agrados dos garçons, os clientes, sempre de paletó e gravata, exageravam nas gorjetas.

Como na Brodway

O palco tinha plataformas e elevadores, para que uma orquestra saísse enquanto a outra entrava. O teatro comportava 50 pessoas, mas podia ser ampliado para os grandes bailes.

Jogatina à beira-mar

O prédio da frente tinha três grandes salões com vista para a praia. Os freqüentadores dessa área chegavam de bonde, desciam na avenida Pasteur e caminhavam cerca de 1 quilômetro.

Show na laje

Os freqüentadores do prédio da frente não eram bobos. Mesmo sem ingresso para o teatro, eles davam um jeito de curtir os shows. A passarela dava acesso a uma galeria, onde bastava esticar o pescoço para ver as apresentações.

Área Vip

O cassino era formado por duas estruturas, unidas por uma passarela. As apostas pesadas aconteciam em uma sala reservada. Para os jogadores azarados, sempre havia agiotas dispostos a comprar relógios e anéis.

Linha direta

Os grandes apostadores eram bem tratados. Além de estacionar seus carros na porta, eles tinham direito a uma conexão com o Cassino de Icaraí, em Niterói. Bastava pegar um barco no píer em frente ao local.

BASTIDORES DO GLAMOUR
Três histórias curiosas sobre a casa de jogos

Um dia, o ator Grande Otelo (1915-1983), que fazia shows no cassino, levou o amigo Patrício Teixeira (1893-1972), negro como ele. Sabendo que pessoas de cor não eram bem vistas ali, Patrício se escondeu assim que entrou.Até que ouviu um grito: “Preto, dois!”. “Dançamos, já nos viram”, ele disse. Nada disso. Era só um crupiê anunciando o lance da roleta.

Em 1933, quando o cenógrafo Luiz de Barros (1893-1982) foi contratado, o cassino não era lá essas coisas. “Eles tinham feito o teatro (...) no pequeno hall de entrada. Nele mantinham uma única e pequenina orquestra”, ele escreveu em suas memórias. Com a reforma feita por Barros, a partir de 1936 o lugar ganhou outro status.

Dono do lugar e empresário de sucesso, com a fortuna estimada como a quinta maior do país, Joaquim Rolla patrocinou a transmissão radiofônica da Copa do Mundo de futebol de 1938. O torneio aconteceu na França, e os clientes ouviam os jogos em caixas acústicas espalhadas na casa. A Urca não deu sorte: perdemos a partida semifinal para a Itália.