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destróieres DDG-1000 Zumwalt: novo trunfo dos mares

Com a substituição de 61 antigos navios de guerra por 32 novos destróieres DDG-1000 Zumwalt, a Marinha dos EUA seguirá como a mais poderosa do mundo

Carlos Emilio Di Santis Jr. Publicado em 01/05/2007, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
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A Marinha dos Estados Unidos, a mais poderosa do mundo, possui os navios mais bem equipados eletronicamente e também os mais bem armados, além de dispor de uma enorme frota de guerra. No entanto, algumas embarcações mais antigas já contam com 32 anos de serviço, como os enormes e custosos destróieres da classe Spruance (DD-963), símbolo da guerra anti-submarina – busca e destruição de plataformas submersas – nos anos 1970-1980. Hoje existem 31 embarcações dessa classe a serviço dos Estados Unidos, que agora pretendem aposentá-las junto com outras 30 unidades, ainda na ativa, das fragatas da classe Oliver Hazard Perry (FFG-7). Essas duas classes de navios de guerra serão substituídas por um novo destróier. Por sua altíssima sofisticação tecnológica, ele tem tudo para ser um marco na história da indústria militar naval. O plano é construir 32 unidades desse novo navio, que ocuparão o lugar das outras 61 embarcações que estão se aposentando.

Assim, segue-se a tendência de reduzir o número de navios em serviço graças à maior capacidade do novo modelo que surge. Essa nova embarcação está sendo projetada para servir de base para uma família de navios de diversos tamanhos e deslocamentos. Ela engloba a futura corveta LCS até um novo cruzador CGX, que deverá substituir os famosos cruzadores da classe Ticonderoga, amplamente usados nas duas Guerras do Golfo, na antiga Iugoslávia e no Afeganistão.

Inicialmente o projeto era conhecido como DD-21 e teve como contratante principal a Northrop Grumman, que lidera os trabalhos de desenho do navio. Posteriormente, o projeto foi renomeado como DD(X), após passar por uma revisão de projeto e requisitos em 2002. Já em 2006, a Marinha americana anunciou que o nome do primeiro navio da classe seria DDG-1000 Zumwalt. Ele será capaz de realizar missões de ataque sem apoio de escoltas e de forma furtiva, graças a seu desenho inovador, projetado para a baixa reflexão de radar.

Furtivo e silencioso

Quando se olha para um dos desenhos do DDG-1000, alguém habituado a imagens de navios de guerra contemporâneos estranhará seu aspecto. É como se faltasse algo. E na verdade, falta, sim: o DDG-1000 não tem mastros de antenas ou de radares expostos, como se via nos navios de guerra anteriores. Todos os sistemas eletrônicos de comunicação, guerra eletrônica e despistamento, além dos próprios radares, são embutidos na estrutura do navio. O que se vê é um casco que parece ter sido desenhado ao contrário, com uma estrutura no meio dele, onde ficam a ponte de controle, o hangar para helicópteros e a chaminé para saída dos gases da exaustão das turbinas.

Um desenho limpo foi levado tão a sério que mesmo as torres dos canhões foram projetadas para manter-se ocultas até o momento de disparo, quando as comportas da torre são abertas e o canhão é apontado para fora. A propulsão também foi desenvolvida para ser silenciosa, promovendo uma furtividade acústica. Duas turbinas a gás Rolls-Royce MT-30 produzem 78 megawatts de força – as turbinas mais potentes já instaladas em um navio. Elas movimentam um motor elétrico que possui pouquíssimas engrenagens para produzir menos ruído e são capazes de levar o DDG-1000 a uma velocidade máxima de 60 km/h, além de alimentar os sistemas elétricos do navio por um sistema integrado de potência.

Super radar

A suíte de radares em desenvolvimento para o DDG-1000 é composta por um radar de dupla banda VSR (Volume Search Radar) integrado a um radar AN/SPY-3 MFR (Multi-Function Radar), que está sendo desenvolvido pela empresa Raytheon, especializada em sistemas de defesa e uma das maiores fornecedoras de equipamentos para as Forças Armadas dos Estados Unidos. O VSR executa varredura ao alcance do horizonte. A integração de dois radares avançados como esses proporciona uma elevada capacidade de detecção de qualquer tipo de alvo, mesmo os furtivos.

O radar AN/SPY-3 será, de longe, o mais avançado já construído até hoje e será usado tanto para busca aérea como de superfície, e também para guiar os mísseis ESSM e Standard do DDG-1000. O alcance do SPY-3 será de 450 km a 500 km. Ele será capaz de detectar mísseis furtivos de cruzeiro e, assim, guiar os sistemas antimísseis do DDG-1000. Para a guerra anti-submarina, o DDG-1000 está equipado com um sonar de banda dupla (alta e média freqüências) rebocado, que fica distanciado do navio para evitar que o som do próprio navio interfira na varredura contra submarinos inimigos. Posteriormente, haverá um novo sonar de casco montado no navio que será eficaz contra minas em mar litorâneo.

A missão primária do DDG-1000 será a de prestar apoio de fogo sustentado para ataques contra alvos terrestres. Nas guerras do Iraque e do Afeganistão, os noticiários da TV exibiam freqüentemente imagens de mísseis Tomahawk sendo lançados de navios ou de submarinos contra alvos como prédios governamentais, bases militares e sistemas da infra-estrutura dos países atacados. Os navios de guerra empregados nesses ataques foram os destróieres da classe Arleigh Burke, cruzadores da classe Ticonderoga, e submarinos da classe Los Angeles. Essas embarcações executaram com grande sucesso os ataques. Porém, a quantidade de mísseis transportados por esses navios era relativamente pequena, ou seja, era necessário um maior número de navios para poder executar esses ataques. Por exemplo, um destróier da classe Arleigh Burke transporta 56 mísseis Tomahawk e TLAM. Já o cruzador Ticonderoga, cuja missão primária é a guerra antiaérea, leva menos mísseis Tomahawk: 30.

Armado e perigoso

O DDG-1000 transportará 80 mísseis, em sua maioria Tomahawk, uma vez que sua função é dar apoio a ataques terrestres. Outros armamentos serão os mísseis ESSM (Evolved Sea Sparrow, lançado verticalmente) e os SM-2 Standard Block II. O DDG-1000 usará um novo sistema lançador de mísseis vertical periférico (PVLS) MK-57, que consiste em 20 lançadores de quatro células dispostos no perímetro do casco, em volta da embarcação, deixando o deque do navio livre para outros sistemas. Esse lançador está homologado para disparar mísseis Tomahawk, capazes de destruir um alvo a 1 100 km de distância com uma margem de erro de 10 metros, o que o torna o mais preciso míssil da atualidade.

O Tomahawk é um míssil que voa em velocidades de cruzeiro subsônica, na faixa de 850 km/h, e à baixa altitude, seguindo o terreno para dificultar sua detecção pela defesa aérea inimiga. Sua guiagem se dá por sistema inercial Tercom, ou seja, os dados da localização do alvo e do percurso a ser percorrido são previamente carregados no sistema do míssil, que conta com um mapa gravado em seu sistema. Com sua ogiva de 450 kg de alto teor explosivo (uma das muitas ogivas possíveis), a margem de erro de 10 metros de distância não significa nada. O alvo será – com certeza – destruído.

Defesa antiaérea

Para a defesa antiaérea podem ser usados dois tipos de mísseis. O primeiro é o SM-3, versão mais moderna do Standard. Com um sistema de guiagem atualizado e bastante melhorado, ele tem a função primária de destruir mísseis balísticos, fazendo parte do sistema de defesa antimíssil que o governo dos Estados Unidos está implementando. O SM-3 tem um alcance aumentado para 500 km, podendo interceptar alvos a 160 km de altitude, atingindo velocidade máxima de 9 600 km/h. O SM-3 é guiado por GPS/INS e a fase final da busca do alvo é feita por um avançado sensor FLIR (designador de alvo infravermelho).

Para ter uma noção da precisão desse míssil, é só observar que ele transporta uma ogiva não explosiva. Seu alvo (um míssil inimigo, por exemplo) é destruído pelo impacto. Outro armamento antiaéreo usado pelo DDG-1000 será o míssil ESSM, liberado pelo mesmo lançador vertical MK-57 e que terá como principal missão destruir a nova geração de mísseis antinavio supersônicos desenvolvidos pela Rússia e pela Índia. O ESSM tem mais potência, agilidade e alcance, podendo chegar a 50 km.

Canhão poderoso

Dentre todas inovações relacionadas ao DDG-1000, a mais importante é seu novo canhão avançado (AGS), que dispara um novo tipo de projétil de 155 mm, guiado por GPS, chamado de LRLAP (Long Range Land Attack Projectile). Esse novo projétil tem um alcance aumentado para 109 km, que deverá aumentar com as futuras versões desenvolvidas para essa promissora munição. Há uma estimativa de que esse alcance possa a chegar a 185 km nas futuras versões. Para se ter uma idéia, o canhão de 127 mm padrão usado pelos navios de guerra dos Estados Unidos, durante boa parte da segunda metade do século 20, tinha um alcance máximo de 30 km, embora, nos últimos anos, tenha sido desenvolvido um projétil de 127 mm com alcance estendido para 100 km.

A margem de erro para o LRLAP varia de 20 a 50 metros, o que o torna a mais precisa granada de artilharia da atualidade. A taxa de tiro do canhão AGS está em 10 tiros por minuto. O DDG-1000 vai transportar dois canhões, com 900 projéteis. Para a defesa antiaérea de ponto serão usados dois canhões MK-110 de 57 mm, que disparam 220 tiros por minuto e cujo projétil tem um alcance de 14 km.

Esta substituição de 61 antigos navios de guerra pelos 32 novos modelos da classe Zumwalt deverá aumentar o poder de fogo dos Estados Unidos, tornando sua Marinha ainda mais eficiente.

DDG-1000

FICHA TÉCNICA

Comprimento: 182 m

Altura: 24 m

Deslocamento: 14 264 toneladas

Propulsão: turbina a gás

Velocidade: 30 nós

Tripulação: de 95 a 150 tripulantes

ARMAMENTO

20 lançadores verticais quádruplos PVLS MK-57 para mísseis de cruzeiro Tomahawk, mísseis antiaéreos SM-3 Standard e ESSM, além de foguetes anti-submarino de lançamento vertical ASROC, 2 canhões AGS de 155 mm e 2 canhões MK-110 de 57 mm antiaéreos

AERONAVES

2 helicópteros Sikorsky SH 60 LAMPS ou 1 helicóptero Sikorsky MH 60 R e 3 veículos aéreos não-tripulados VTUAV RQ-8 A Fire Scout

SENSORES

Radar AN/SPY-3 (MFR), radar de busca VSR, sonar de dupla freqüência (HF/MF)

CUSTOS

A primeira unidade deve exigir 2,5 bilhões de dólares, mas as posteriores terão seu custo reduzido para 1,2 bilhão a 1,4 bilhão de dólares por unidade

Para saber mais

Site

www.ddg1000.com

Hotsite da Northrop Grumman sobre a nova geração de navios de guerra.