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O fim da casa-grande

Sobrados e Mucambos retrata as mudanças da sociedade brasileira no século 19

Sergio Amaral Silva Publicado em 01/03/2008, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

O sociólogo recifense Gilberto Freyre (1900-1987) foi um dos pensadores que interpretaram de forma mais completa a formação do povo brasileiro. Intelectual brilhante desde a juventude, que com 14 anos de idade ensinava latim para os colegas de escola, tornou-se conhecido e respeitado depois da publicação de Casa-grande e Senzala, de 1933, e Sobrados e Mucambos, de 1936 – os dois livros são os primeiros de uma série chamada Introdução à História da Sociedada Patriarcal no Brasil, que ainda teria outros dois volumes – um deles acabou não sendo concluído.

Um livro recente, Gilberto Freyre – Uma Biografia Cultural, explica os primeiros 36 anos de vida do sociólogo, a fase em que ele formou seu pensamento e criou suas principais teses, que causaram uma verdadeira revolução em seu tempo. Essa fase termina exatamente com um de seus maiores clássicos, Sobrados e Mucambos.

Publicado há pouco mais de 70 anos, Sobrados e Mucambos aprofunda o estudo de um dos temas centrais de seu livro mais famoso, Casa-grande e Senzala: a decadência da família patriarcal e o desenvolvimento de um novo ambiente. Enquanto o primeiro livro trata da harmonia das casas do Brasil Colônia, o segundo tenta explicar a transição para o país independente e urbano que nos tornaríamos a partir da chegada de dom João VI, em 1808. O problema, no caso de Sobrados..., é que o caráter de novidade que causou tanto impacto no primeiro livro já não aparece no segundo.

Isso ajuda a entender a diferença entre o sucesso dos dois: Casa-grande... tem quase quatro vezes mais edições brasileiras que Sobrados... Trata-se, no entanto, de um texto fundamental. Ao descrever as mudanças sociais iniciadas pela vinda da corte portuguesa e desenvolvidas até a abolição da escravatura e a proclamação da República, Freyre nos fala de um país que se torna urbano, com desigualdades sociais que são herdeiras das que prevaleceram nos primeiros quatro séculos de colonização.

Desigualdades que, até hoje, refletem na cultura e na política brasileiras. Sem dúvida, um clássico que vale a pena conhecer.