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Gregos, os inventores do amor

Filósofos conseguiram exprimir em palavras esse sentimento tão complexo, mas só acreditavam no amor gay. E os pais entregavam os filhos a pederastas

01/08/2007 00h00 Publicado em 01/08/2007, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

"Algumas pessoas nunca teriam amado se não tivessem ouvido falar de amor”, escreveu o francês La Rochefoucauld, no século 17. O que ele queria dizer é que o amor é só uma palavra e que ela será sempre uma representação do “verdadeiro” amor. O historiador americano Morton Hunt concorda. “A história do amor é uma história daquilo que se diz sobre o amor.” Por isso, segundo ele, foram os gregos que inventaram o amor. “É claro que as pessoas já se amavam muito antes, mas os gregos, que tinham uma explicação para tudo, foram os primeiros a criar uma palavra para isso”, afirma.

Da Grécia, aliás, vem boa parte do dicionário amoroso que usamos até hoje: afrodisíaco, erotismo, hermafrodita, ninfomania e poligamia.

Como eles inventaram o amor antes de inventar o namoro e a cantada, muitas vezes, quando um homem se apaixonava à primeira vista, ele simplesmente tomava a garota à força, raptava a noiva.

Os gregos não viam o sexo como sacanagem. Esculturas e pinturas de posições sexuais e símbolos fálicos eram comuns até dentro das casas “de família”.

ÉRAMOS ANDRÓGINOS

A civilização que gerou filósofos como Sócrates e Aristóteles discutia política, ciência e poesia durante os chamados simpósios, festas nas quais os participantes partilhavam uma grande taça de vinho. É em torno de uma delas que se desenvolve O Banquete, célebre obra de Platão, uma das mais reveladoras sobre o pensamento grego a respeito do amor. Lá surgiram idéias como “almas gêmeas” e “cara-metade”, quando um dos convidados, Aristófanes, recorreu à mitologia para falar sobre a origem do amor. Segundo ele, éramos seres andróginos de duas cabeças, quatro pernas e quatro braços. Temendo que o poder dessas estranhas criaturas ameaçasse os deuses, Zeus dividiu-as em duas outras – e desde então carregamos a sensação de estarmos sempre incompletos, em busca da metade afastada de nós.

CAMISINHA

Uma das primeiras menções ao sexo seguro está na mitologia grega. Diz a lenda que Procris, filha do rei Erechteus, de Atenas, teve um romance com Minos, filho de Zeus. Como o sêmen do rapaz era cheio de serpentes e escorpiões, Procris teria envolvido o órgão sexual dele em uma bexiga de cabra. Graças a isso, ela teria evitado o destino fatal reservado às outras amantes de Minos. O mito de Procris aparentemente indica que os gregos, antes da era cristã, já usavam materiais de origem animal para evitar a transmissão de doenças .

ANTICONCEPCIONAL

A moda entre as mulheres era ferver testículos de burro e passar o líquido resultante na vagina. Como esse animal, híbrido do cavalo e do jumento, é incapaz de ter filhos, as gregas acreditavam que podiam ficar inférteis temporariamente.

CASÓRIO

Não havia problema em ter filhos antes do casamento (ser virgem significava ser solteira), mas a fidelidade da mulher era importante para assegurar a paternidade dos filhos. Já os homens podiam ter diversas – e diversos – amantes.

O AMOR É GAY

Outro conceito grego, que influenciou para sempre o modo de amar, é a idéia de que o amor só era possível entre pessoas iguais, ou seja, da mesma classe social, do mesmo nível intelectual. Os gregos acreditavam, ainda, que o verdadeiro amor só acontecia entre pessoas do mesmo sexo. Sócrates dizia sentir um fogo quando via outro homem e até Aristóteles, que considerava o homossexualismo uma “mórbida anormalidade”, defendeu em sua Ética a idéia de que “o amor e a amizade são plenos somente entre os homens.”

PEDERASTAS

A prática sexual mais comum era a pederastia (o relacionamento entre um adulto e um jovem). Era incentivada pelos pais dos garotos, para que os filhos pudessem obter os conhecimentos e as experiências dos tutores adultos. Já lésbicas, devido à repulsão pelo prazer feminino, eram consideradas depravadas.

TROPA DE ROSA-CHOQUE

Mais que coragem e virilidade, os soldados de Esparta e Tebas deveriam ser gays. Sim, os comandantes estimulavam o homossexualismo entre os combatentes. Acreditavam que um homem apaixonado, além de lutar feliz, jamais abandonaria o amante no campo de batalha. Os guerreiros do Batalhão Sagrado de Tebas eram temidos até pelo mais macho dos machões.

PROSTITUIÇÃO

Prostíbulos regulamentados pelo governo ajudavam os meninos a chegar à maturidade sem precisar de mulheres casadas, e as prostitutas tinham que pagar impostos. A maioria delas vinha de famílias miseráveis ou escravas, e, como hoje, era proibido incentivar jovens à profissão mais antiga do mundo. As “hetairas” eram prostitutas de alta classe, como as gueixas: mais bonitas que a média, dançavam e tocavam flauta.

MÁQUINA ZERO

Tornar-se eunuco, ou seja, castrar-se parcial ou totalmente, já foi um meio de vida, uma profissão. A tradição de contratar homens castrados nos palácios e haréns vem do mundo antigo, mas atravessou o tempo e o espaço, passou por Roma e Grécia, pelos fenícios do norte da África e chegou à Europa do século 20.

Ninguém é de ninguém

Roma transformou sexo puro em puro sexo

Com a conquista da Grécia por Roma, muito da cultura grega foi assimilada pelos romanos. Só que, ao contrário do grego, o romano não ligava para o espírito. O amor ganhou, assim, contornos de depravação, com luxúria e traição. Os bacanais viraram moda. Com a promiscuidade e a inexistência dos testes de DNA, passou a ser primordial garantir a legitimidade dos filhos. O Estado inaugurou a união civil. Em alguns casos, atestava-se o matrimônio com evidências circunstanciais da união. Mas o melhor era promover uma festa com testemunhas. Em Roma, o noivo oferecia um anel à noiva, colocado no dedo anular.