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Guerra do Vietnã: falha de inteligência

Documento secreto revela erros dos americanos que foram fatais na Guerra do Vietnã

Guilherme Gorgulho Publicado em 01/04/2008, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
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Uma das mais importantes ferramentas na condução de um conflito militar, a Sigint (sigla para signals intelligence, ou inteligência de sinais), responsável pela coleta de informações por meio da interceptação de sinais de comunicação, foi o calcanhar-de-aquiles dos Estados Unidos em alguns importantes episódios da Guerra do Vietnã (1965-1975).

Um relatório secreto recentemente tornado público pela Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) mostra como os comunistas conseguiram penetrar nos sistemas de comunicação dos aliados e revela detalhes do polêmico incidente do Golfo de Tonkin (que deu aos Estados Unidos o pretexto para aumentar sua intervenção no Vietnã) e da ofensiva do Tet, em 1968.

Durante a guerra no Sudeste asiático, unidades da inteligência norte-vietnamita chegaram a monitorar o tráfego de mensagens de dentro dos sistemas de comunicação do inimigo, a ponto de “acionar a artilharia aliada ou ataques aéreos contra unidades americanas”, segundo o relatório de 500 páginas do NSA denominado “Spartans in Darkness” (Espartanos na Escuridão), divulgado no início de 2008. Entre 1964 e 1967, especialistas do 509º Grupo da Agência de Segurança do Exército detectaram mais de 70 tentativas de simulação como essa para tentar ludibriar as tropas americanas. “Ao menos 30% foram parcialmente bem-sucedidas, e oito delas posteriormente resultaram em ‘incidentes de fogo amigo’”, diz o relatório.

Nova versão

A história da Guerra do Vietnã sob a perspectiva da Sigint reconta o episódio no Golfo de Tonkin, em agosto de 1964, no qual um suposto ataque das tropas do norte contra os destróieres USS Maddox e USS Turner Joy, precedido por outra ofensiva marítima, impulsionou a escalada que ampliou o envolvimento dos EUA no conflito. Contrariando a alegação do então secretário de Defesa Robert McNamara de que a evidência do segundo ataque era “incontestável”, o historiador Robert J. Hanyok prova por meio da revisão dos dados secretos de inteligência interceptados que “nenhum ataque ocorreu naquela noite”.

Apesar dos vários êxitos dos espiões americanos durante a guerra, principalmente interceptando comunicações táticas dos vietcongues em campo, os criptógrafos que atuavam no Sudeste asiático – eles somaram 10 mil profissionais durante todo o conflito – não conseguiram prever o início da ofensiva do Tet, em 30 de janeiro de 1968. No episódio, forças norte-vietnamitas e seus aliados vietcongues atacaram dezenas de cidades do Vietnã do Sul, em uma iniciativa que desmoralizou os EUA e seus líderes políticos e militares.

De acordo com Hanyok, tanto no caso do Tet como no incidente do Golfo de Tonkin, “informações fundamentais foram negligenciadas, mal interpretadas, perdidas ou ignoradas”.