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Harappiana: Cidade de 7 mil anos é achada na Índia

Harappiana: Cidade de 7 mil anos é achada na Índia

Cláudia de Castro Lima Publicado em 01/05/2006, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

Segundo as melhores teorias atuais sobre a evolução humana, nossos primeiros ancestrais pré-históricos surgiram na África há cerca de 6 milhões de anos. Foram precisos mais de 5 milhões de anos de adaptações para se chegar ao Homo sapiens, cujo aparecimento teria ocorrido entre 100 mil e 200 mil anos atrás. Mas há peças que parecem não se encaixar nesse intrincado quebra-cabeça. Para os americanos Michael Cremo e Richard Thompson, autores do livro A História Secreta da Raça Humana, a conclusão é bastante diferente e radical: a teoria da evolução proposta pelo naturalista britânico Charles Darwin no século 19 está errada e a história dos seres humanos precisa ser rescrita do zero e partindo da premissa de que existimos há muito mais tempo do que imaginávamos.

Várias pistas diferentes são usadas para tentar recompor a história dos animais e plantas que existem ou existiram em nosso planeta. Os fósseis – restos de ossos preservados no meio de sedimentos que, com o passar de milhares de anos, se transformaram em rochas – são algumas das mais importantes. No caso dos seres humanos, é possível encontrar também artefatos, ferramentas e marcas de ações. Acredita-se que o nosso ancestral mais antigo tenha surgido há cerca de 6 milhões de anos. O Homo sapiens, há apenas 100 mil ou 200 mil anos. O que pensar então de um esqueleto e outros restos de ossos com anatomia praticamente igual à de seres humanos modernos encontrados num sítio do período do Plioceno, que pode ter de 1,5 milhão a 5 milhões de anos? Os ossos foram descobertos numa vala na cidade italiana de Castenedolo, ao longo da década de 1860. “Esse é um exemplo bem documentado de restos humanos totalmente anômalos, numa época em que os cientistas supõem que eles seriam impossíveis.”

Outra evidência apontada por ele: em 1849, operários de uma mina de ouro na Califórnia encontraram algumas ferramentas mais avançadas, como pontas de lança e pedras de amolar, em leitos de cascalho localizados dezenas de metros abaixo das rochas. A idade dos cascalhos variava de 9 milhões a 55 milhões de anos. Nessa época, os mamíferos estavam começando a se diferenciar e formar distintas espécies, estando muito longe do surgimento de uma criatura que fosse capaz de fabricar tais ferramentas.

Mas há outros casos mais extremos, como os citados no início do texto. Em 1844, um cordão de ouro foi encontrado a 2,40 metros para dentro de uma rocha, que estava sendo removida por operários em Dorchester, Inglaterra. Em 1985, a pedra teria sido datada como sendo do período Carbonífero Primitivo – entre 320 milhões e 360 milhões de anos de idade. Se para a maioria parece exagero nem sequer considerar que havia alguma criatura capaz de fazer um cordão de ouro nessa época remota, para Cremo e Thompson isso é apenas mais uma evidência subestimada. Quer saber até onde eles chegam? Pois bem. Na África, na década de 1980, foi encontrada uma esfera de metal, perfeitamente redonda, com três listras paralelas sulcadas em baixo-relevo. Ela estava num depósito mineral que teria cerca de 2,8 bilhões de anos. “Na ausência de uma explicação natural, a evidência é misteriosa. Isso deixa aberta a possibilidade de que tenha sido feita por um ser inteligente”, afirmam os autores.

Esses são apenas alguns exemplos descritos no livro de Cremo e Thompson. No total, são 139, com variados níveis de detalhamento. Todos eles conhecidos e estudados pelos cientistas. Mas as conclusões não foram muito animadoras: simplesmente todas as supostas evidências foram refutadas. Os ossos de Castenedolo podem ter sido apenas sepultados num extrato mais antigo. Um teste de datação radioativa utilizando o carbono 14, realizado mais recentemente, deu aos ossos no máximo 958 anos.

Crença versus evidência

Poucos assuntos na história e na ciência são tão polêmicos quanto as origens da nossa espécie. Desde que Darwin contrariou a idéia da criação divina e enquadrou o homem dentro da sua teoria da evolução, a discussão ficou polarizada entre criacionistas de um lado e cientistas de outro – crença contra evidência. Mas para Cremo e Thompson, as diferenças entre eles não são tão gritantes como se poderia supor. Para os autores, os cientistas teriam se apegado tão firmemente à teoria darwiniana que já não consideram nenhuma outra possibilidade, fazendo vista grossa para possíveis evidências que não estejam de acordo com sua “crença”.

Ou seja: segundo os autores, a ciência só não encontra provas de que os seres humanos são muito mais antigos porque os cientistas não querem. “A comunidade científica suprime dados que possam acarretar desconfortos para a imagem da evolução humana que prevalece hoje em dia”, afirmam Cremo e Thompson. “Ficamos conhecendo também a tristeza e a amargura pessoais experimentadas por cientistas que têm o infortúnio de fazer descobertas anômalas.”

Para Cremo e Thompson, não há muita alternativa. Se um pesquisador encontrar algum osso ou outro indício que vá contra a linha evolutiva, ou ele finge que não encontrou nada ou se prepara para todo tipo de represália velada: descrédito dos colegas, ameaças de demissão ou de corte de verbas e exclusão dos periódicos científicos. A teoria da evolução teria se tornado uma questão de fé, ou a ciência não teria capacidade de lidar com novos fatos que contradizem teorias que atualmente são aceitas como verdadeiras. Isso sem falar que, se os casos apresentados no livro forem todos verdadeiros, não é somente a data do surgimento do Homo sapiens que estaria errada. Significaria também que homens modernos e primitivos teriam coexistido, o que quer dizer que não houve evolução de um para outro. Seriam criaturas totalmente distintas, que inclusive estariam coexistindo até hoje. Segundo o livro, basta prestar atenção nos casos de pés-grandes e homens das neves para ver que os humanóides primitivos ainda estão vivos.

Questão de fé hindu?

A questão toda pode ser de fé, dizem os críticos de Cremo e Thompson. Mas a fé a ser discutida seria a dos próprios autores. Ambos fazem parte do Instituto Bhaktivedanta, dedicado ao estudo de crenças hinduístas, baseadas em antigas inscrições feitas em sânscrito. Segundo elas, o ser humano existe desde que a vida surgiu na Terra. O fato não é segredo para ninguém: os autores deixam isso bem claro para o leitor no início do livro. Mas deixa uma pergunta sem resposta no ar: se os cientistas jogam luz apenas nos fatos que os interessariam e ignoram os outros, por que Cremo e Thompson não estariam fazendo o mesmo?

“Todos os achados contraditórios em sítios arqueológicos ocorrem em locais onde materiais de vários períodos geológicos diferentes estão misturados. Por isso, não são confiáveis”, afirma o professor Fabrício Rodrigues dos Santos, pesquisador de evolução humana do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Ele chama a atenção para o fato de a paleontologia ser apenas uma das ferramentas no estudo da evolução das espécies. “Todos os estudos com base em DNA – semelhantes a testes de paternidade, mas envolvendo diversas gerações e não apenas pais e filhos – têm mostrado que nossa espécie surgiu há no máximo 200 mil anos”, diz Santos. O surgimento do ancestral comum ao homem e ao macaco, que deu origem às duas espécies, teria ocorrido entre 6 milhões e 10 milhões de anos, sem motivos para dúvidas. “É uma conclusão tirada a partir de análises de DNA pela genética, do estudo das enzimas pela bioquímica, dos sistemas fisiológicos pela fisiologia, da estrutura geral dos ossos e das células pela morfologia, do comportamento pelos psicólogos e dos fósseis pelos paleontólogos.” Ou seja: é muito difícil estar errado com tantas disciplinas diferentes apontando para o mesmo lugar.

E se mesmo assim Darwin estiver errado, a ciência estaria preparada para jogar tudo no lixo e começar de novo? “Uma nova teoria bem fundamentada sempre pode derrubar outra que esteja em vigor, por mais importante que ela seja. É assim que as ciências avançam”, diz Orlando Tambosi, professor de filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina. Mas ele ressalta que, de acordo com a filosofia da ciência, se os métodos funcionam e produzem resultados, é sinal de que a teoria está no caminho certo. “Nesse caso, as concorrentes terão de fazer muito esforço, e juntar muitas provas e evidências, para derrubar uma teoria que é aceita pela comunidade dos pesquisadores”, diz Orlando.

Cremo e Thompson não se abalam com afirmações desse tipo. Para eles, os cientistas estão numa cruzada para fazer valer suas ideologias e vão desqualificar qualquer tentativa em contrário. “Defensores da teoria da evolução afirmam que a primeira forma de vida, a ancestral de todas as outras, começou com a mistura de alguns elementos químicos. Mas não conseguem dizer exatamente como e nem reproduzir o fato”, afirma Cremo. Considerando que tenha sido dessa forma, diz ele, a evolução teria sido então conduzida pela seleção natural.

“Consideremos um animal que não possuía um olho desenvolvido, por exemplo. Os evolucionistas dizem que, a partir de sucessivas mudanças genéticas, que foram sendo selecionadas por serem úteis ao animal em seu meio, o olho poderia ir se tornando mais desenvolvido”, diz o autor. “No entanto, ninguém hoje é capaz de detalhar todas as mudanças que trouxeram o ser humano ao patamar que está hoje. Acho justo que os evolucionistas trabalhem em direção a uma explicação nesse sentido, mas, por enquanto, eles não a têm. Isso significa que podemos considerar outras possibilidades.”

O tempo dirá quem tem razão

Quando publicou A Origem das Espécies, em 1859, Charles Darwin afirmou que uma “nova luz será lançada sobre o problema da origem do homem e de sua história”. Com o passar dos anos, o avanço da genética revelou os mecanismos por trás da teoria da seleção natural. Além disso, diversos fósseis com pistas sobre a evolução humana foram sendo encontrados. Cada um forneceu uma peça do grande quebra-cabeça da origem humana, cuja montagem vem demonstrando que as idéias de Darwin estavam corretas – até que se prove o contrário.

Saiba mais

Livros

A história secreta da raça humana

Michael Cremo e Richard Thompson, Aleph, 2004.

Obra que discute descobertas arqueológicas que contrariam a crença dominante sobre a evolução do homem.

A origem das espécies

Charles Darwin, Ediouro, 2004.

Clássico publicado originalmente em 1859 sistematiza as idéias de origem comum para as espécies que vinham sendo defendidas por outros naturalistas.

"Estou em busca da verdade"

O americano Michael Cremo não é arqueólogo. Sua formação é em relações internacionais. “Eu queria explorar o mundo de outra forma, assim como Darwin em sua viagem com o navio Beagle”, conta Cremo. Vivendo atualmente em Los Angeles, ele dedica seu tempo a pesquisas, palestras e edição de livros.

Por que o senhor e Richard Thompson resolveram escrever o livro A História Secreta da Raça Humana?

Somos estudiosos das antigas escrituras sânscritas da Índia. Elas nos contam que humanos têm existido desde o início da vida na Terra. As escrituras de outras tradições espirituais, como o cristianismo, dizem a mesma coisa. Achamos que, se houver alguma verdade nelas, então deve haver provas físicas.

Se a teoria de Darwin sobre a evolução humana tem tantas inconsistências, como ela conseguiu se tornar dominante?

Temos de considerar o que quer dizer “dominante”. Muitas pessoas não aceitam a teoria de Darwin. Há pesquisas do Instituto Gallup que mostram que boa parte dos americanos não acredita nela. A maioria dos cientistas, é claro, a aceita. Mas isso pode acontecer porque em muitos países as idéias alternativas não podem ser ensinadas nas escolas. Se apenas uma teoria é ensinada para os estudantes de ciências, é natural que ela se torne dominante.

Os senhores argumentam no livro que muitos cientistas ignoram as evidências anômalas apenas para manter a teoria da evolução do jeito como está. Isso vai diretamente contra o método científico. Por que eles fariam isso?

De certa maneira, é apenas a natureza humana. Por exemplo, se alguém lhe conta algo sobre uma pessoa que você ama que contraria o que você considera ser verdadeiro sobre ela, você não vai querer acreditar. Você pode até mesmo ficar bravo com quem estiver falando essas coisas. Os cientistas de hoje estão muito apaixonados pela teoria da evolução e é natural que se oponham a quem vai contra ela. Por outro lado, há a questão do poder. Há vários tipos de poder no mundo, e o intelectual é um deles. Quem detém o poder uer mantê-lo. Num nível mais profundo, acredito que muitos cientistas que apóiam a evolução e os pressupostos materialistas envolvidos nela têm uma ideologia, com implicações para a sociedade humana. Os objetivos que nos colocamos a longo prazo são determinados em grande parte a partir das respostas para “quem eu sou?” e “de onde eu vim?”. Com seu monopólio, os evolucionistas estão nos dando respostas bastante materialistas para essas questões. Logo, não é de se espantar que a civilização humana tenha se tornado materialista e absorta no processo de produção e consumo material.

Os senhores dizem que vários cientistas filtram os fatos de acordo com suas crenças. O mesmo poderia ser dito a respeito de idéias de vocês, não?

Não há ciência pura, desprovida de qualquer influência externa. Todo mundo tem um ponto de vista. Em nosso livro, explicamos nosso ponto de vista e esperamos que as pessoas o levem em conta durante a leitura. Os fatos precisam ser avaliados por padrões, certamente, mas é preciso que sua aplicação seja justa, e nós defendemos que os evolucionistas não estão agindo dessa forma.

O senhor se considera um cientista?

Não me vejo nem como cientista nem como religioso. Sou um ser humano procurando a verdade. E qualquer coisa que me ajude a encontrá-la, seja ciência, seja religião, é bem-vinda.