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Helicópteros: tanques de guerra voadores

Conheça os mais modernos em uso atualmente ou que entrarão em serviço nos próximos anos

Carlos Emilio di Santis Junior Publicado em 01/07/2007, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

Desde que o helicóptero apareceu no campo de batalha, inicialmente como veículo de transporte, resgate e evacuação, pensou-se na possibilidade de armá-lo para lhe dar maior flexibilidade operacional. Porém, em função das deficiências tecnológicas relacionadas à propulsão, o helicóptero não pode levar equipamentos muito pesados e, por isso, alguns modelos receberam metralhadoras leves. Eram, na realidade, veículos de transporte adaptados para autodefesa e escolta de outros helicópteros.

A necessidade de um helicóptero dedicado ao combate surgiu durante a Guerra do Vietnã, na qual os americanos sofreram muitas perdas durante as intensas batalhas – ao todo, foram destruídos 2 281 helicópteros no conflito, um número extremamente elevado. Ficou evidente a carência de uma aeronave que oferecesse apoio aéreo nas missões de pouso e decolagem dos helicópteros de transporte de tropas. Por serem muito rápidos, os aviões de combate em uso naquela guerra não se mostravam adequados para tal missão. No início, os americanos equiparam os pesados UH-1 Iroquios com metralhadoras M-60 e General Electric Minigun (giratórias de 7,62 mm), além de foguetes não-guiados de diversos calibres. O desempenho do UH-1, no entanto, não era adequado, além de o veículo ser grande demais para a missão, tornando-se alvo fácil para a defesa antiaérea.

O exército dos Estados Unidos pediu, então, que a indústria aeronáutica desenvolvesse um helicóptero dedicado ao ataque e apoio de fogo. Em resposta a essa demanda, a tradicional fabricante Bell apresentou seu protótipo Model 209 Cobra, o primeiro helicóptero de ataque do mundo. Ele voou pela primeira vez em 1965, dando início a uma revolução nos campos de batalha. Depois disso, muitos países com indústrias aeronáuticas seguiram o mesmo caminho e começaram a projetar seus próprios helicópteros de combate.

O pioneiro Model 209 Cobra obteve um incrível sucesso de desempenho e confiabilidade, tanto que dez países utilizam versões dele até hoje. E o que era bom, ficou melhor. A Bell foi contratada para construir a mais avançada versão de seu Cobra para ser usado pelo Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, em substituição ao modelo AH-1W Super Cobra. A nova versão foi chamada de AH-1Z King Cobra e apresenta melhorias radicais em todos os aspectos. O potente motor, antes com hélice de duas pás, agora conta outra de quatro pás, o que melhorou a manobrabilidade e o controle do helicóptero.

O King Cobra pode ser armado com mísseis AGM-114 Hellfire, que ficaram conhecidos por seu uso nas duas guerras do Golfo pelos potentíssimos helicópteros AH-64 Apache. O Hellfire é atualmente o mais eficiente míssil antitanque lançado de helicópteros. Dependendo de sua versão, é capaz de destruir qualquer tanque conhecido a uma distância de até 10 quilômetros.

Os Estados Unidos desenvolveram outro helicóptero de combate que se tornou uma lenda nos campos de batalha, graças a sua resistência, poder de fogo e precisão. Trata-se do Boeing AH-64D Apache Longbow, projetado pela extinta McDonnell Douglas. O Apache é o mais poderoso helicóptero de ataque do Ocidente. É um verdadeiro tanque voador. Sua blindagem é capaz de suportar impactos de projéteis de até 23 mm.

O armamento do Apache consiste em um potente canhão automático Chain Gun M-230, em calibre 30 mm, com uma cadência de 625 tiros por minuto. A granada disparada por esse canhão pode ser explosiva ou feita de um bloco denso de tungstênio, capaz de danificar veículos pesadamente blindados.

A Europa reage

Nas últimas décadas, os europeus têm mostrado estar em condições de suprir suas necessidades no campo militar com soluções próprias, diminuindo, assim, a influência americana. Um exemplo é o desenvolvimento, pelos italianos, do primeiro helicóptero de combate europeu, o Agusta A-129 Mangusta. Foi projetado em 1978, mas só agora, com a versão A-129 International, fabricado pelo consórcio Agusta-Westland, esse helicóptero tem chamado a atenção.

Mais bem armado que a versão inicial, o A-129 está qualificado para lançar mísseis antitanque AGM-114 Hellfire ou o mais antigo míssil Raytheon BGM-71 TOW II. Para encontrar alvos inimigos e apontar suas armas para eles, o A-129 está equipado com uma suíte de sensores inexistente em sua versão inicial.

Um sistema de visão noturna por infravermelho para helicópteros HIRNS, que inclui um minivisor infravermelho fornecido pela americana Honeywell, está integrado a um display montado no capacete do piloto, permitindo que ele tenha uma visão externa mesmo em condição noturna ou de baixa visibilidade. Esse sistema possibilita que o canhão de 20 mm seja apontado automaticamente para onde o piloto estiver olhando.

Ainda na Europa, o consórcio Eurocopter desenvolveu o Tiger, o mais avançado helicóptero de combate do velho continente. Ele foi projetado para ser extremamente ágil, rápido e letal, com uma suíte de armamentos flexível para cumprir, com total eficiência, missões de escolta, apoio de fogo e reconhecimento armado. O alto desempenho é obtido com dois motores MTU/Turbomeca/Rolls-Royce MTR390. Somados ao baixo peso do Tiger (4,8 mil kg), permitem uma elevada relação empuxo/peso, capaz de levá-lo até a 280 km/h.

A característica mais marcante do Tiger é sua manobrabilidade acrobática, proporcionada por um controle de vôo Fly By Wire (FBW). Ele é o primeiro helicóptero equipado com esse sistema, antes disponível apenas para caças.

A resposta vermelha

Os russos também logo perceberam as vantagens táticas do uso do helicóptero como plataforma de combate e ataque. Já na guerra do Afeganistão, utilizaram os enormes helicópteros de assalto Mil Mi-24 Hind, que, com seu pesado armamento, impunham um grande poder de fogo sobre a cabeça dos inimigos. A situação mudou quando os afegãos começaram a usar os Stinger, mísseis antiaéreos lançados do ombro, fornecidos pelos americanos, que queriam testar essa arma frente aos helicópteros russos. Vale lembrar que o Mil Mi-24 não é um helicóptero de ataque puro. É um transportador de tropas armado pesadamente.

Para suprir sua necessidade de um autêntico helicóptero de combate de alto desempenho, os russos abriram uma concorrência. A empresa Kamov, então, apresentou então um helicóptero com desenho estranho e extremamente agressivo, o KA-50 Black Shark.

Ele possui uma configuração monoplace, o que sobrecarrega o piloto – que tem de manobrar a aeronave e cuidar do sistema de armas e ataque. Outro diferencial do Black Shark é que ele não usa rotor de cauda, assim como a maioria dos helicópteros fabricados pela Kamov. Para dar o contratorque são usadas duas hélices superpostas, que giram em sentido contrário, anulando o torque uma da outra. O resultado prático é um helicóptero muito mais silencioso e potente. A velocidade máxima atingida é de 340 quilômetros por hora – mais rápido que seu similar americano, o Apache.

O armamento do Black Shark é tão pesado quanto o do Apache, o que representa um sério problema para colunas de tanques inimigas. O armamento principal é o potente míssil AT-16 Vihr, que, além de ser supersônico, tem um alcance de 10 km. A guiagem é feita inicialmente por radiocontrole e, no final do curso, o alvo passa a ser iluminado por um ponto de laser. A ogiva do míssil possui dois estágios de carga moldada, capaz de perfurar mil milímetros de blindagem. No total, é possível transportar 12 mísseis desse tipo. Atualmente, existe uma nova versão desse helicóptero chamada Werewolf, configurada para dois tripulantes, o que resolve o problema da sobrecarga do piloto solitário.

Além do Black Shark, a indústria russa desenvolveu o helicóptero Mil Mi-28N Night Hunter. Com uma configuração similar à dos helicópteros ocidentais, com piloto e artilheiro, o Night Hunter impressiona por suas dimensões e pelo design agressivo.

O Mi-28 atinge uma velocidade de 282 quilômetros por hora e faz manobras avançadas como o looping, o que, para um helicóptero, é um feito e tanto. O armamento do Night Hunter é composto por um canhão automático 2A42 de 30 mm, igual ao do Black Shark. Esse canhão é o mais potente já instalado num helicóptero, mas no Night Hunter a mobilidade é maior graças a uma torre montada na parte inferior do helicóptero. Para atacar tanques, o Night Hunter pode transportar até 16 mísseis Shturm com alcance de 8 km e capazes de penetrar em blindagem de até mil milímetros.

EUROCOPTER TIGER

FICHA TÉCNICA

Velocidade máxima: 280 km/h

Velocidade de cruzeiro: 260 km/h

Alcance: 800 km

Razão de subida vertical: 642 m/min

Fator de carga: +3.0/ -0,5 G

Altitude máxima: 4 000 m

Armamento: um canhão Giat AM 30781 de 30 mm e 450 tiros, mísseis AGM114 Hellfire, mísseis Trigat, mísseis HOT-3, mísseis MBDA Mistral para combate aéreo, FIM-92 Stinger, lançadores de foguetes Hydra 70 de 70 mm

AGUSTA/WESTLAND A-129

FICHA TÉCNICA

Velocidade máxima: 300 km/h

Velocidade de cruzeiro: 278 km/h

Alcance: 561 km

Razão de subida vertical: 612 m/min

Fator de carga: +3./ -0,5 G

Altitude máxima: 6 096 m

Armamento: um canhão Gatling de três canos de 20 mm com 500 tiros, mísseis AGM114 Hellfire, mísseis BGM-71 TOW, mísseis ar-ar Stinger e Mistral, lançadores de foguetes Hydra 70 de 70 mm e medusa de 81 mm

KAMOV BLACK SHARk

FICHA TÉCNICA

Velocidade máxima: 340 km/h

Velocidade de cruzeiro: 310 km/h

Alcance: 460 km, 1 160 Km de traslado

Razão de subida vertical: 600 m/min

Fator de carga: +3.5

Altitude máxima: 5 500 m

Armamento: um canhão 2A42 de 30 mm, 12 mísseis AT-16 Vikhr antitanque, dois casulos com 20 foguetes de 80 mm, dois mísseis ar-ar R-73 Archer, dois casulos com um canhão duplo de 23 mm e bombas de 500 kg

BOEING AH-64D APACHE

FICHA TÉCNICA

Velocidade máxima: 300 km/h

Velocidade de cruzeiro: 260 km/h

Alcance: 400 km com combustível interno e 1 900 km com combustível externo

Razão de subida vertical: 474 m/min

Fator de carga: +3.5/ -0,5 G

Altitude máxima: 5 915 m

Armamento: um canhão M230 Chain Gun de 30 mm com 1 200 tiros, mísseis AGM114 Hellfire, mísseis AGM 122 Sidearm anti-radar, mísseis AIM-9 Sidewinder para combate aéreo e mísseis Stinger contra helicópteros, lançadores de foguetes Hydra 70 de 70 mm. Até um total de 770 kg de carga externa

BELL AH-1Z KING COBRA

FICHA TÉCNICA

Velocidade máxima: - 314 km/h

Velocidade de cruzeiro: 250 km/h

Alcance: 650 km

Razão de subida vertical: 213 m/min

Fator de carga: +3.2/ -0,5 G

Altitude máxima: 4 850 m

Armamento: um canhão M197 de três canos Gatling de 20 mm com 750 tiros, mísseis AGM114 Hellfire, mísseis BGM-71 TOW, mísseis AGM 122 Sidearm anti-radar, mísseis AIM-9 Sidewinder para combate aéreo, lançadores de foguetes Hydra 70 de 70 mm. Até um total de 995 kg de carga externa

Para saber mais

Site

www.airforce-technology.com

Website inglês especializado em indústria de defesa

Livro

Attack Helicopters: A History of Rotary-Wing Combat Aircraft, Howard A. Wheeler, Nautical & Aviation, 1988