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História escrita em laboratórios

Pesquisas com DNA são usadas para esclarecer antigos casos polêmicos

Sergio Amaral Silva Publicado em 18/12/2009, às 05h28 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

O ácido desoxirribonucleico, ou DNA, é matéria-prima para grandes inovações que deverão mudar nossa vida no futuro próximo. Já vem sendo aplicado com grande sucesso na engenharia genética, na análise científica de cenas de crime, na computação e na nanotecnologia. Mas uma das utilidades mais recentes é também uma das menos conhecidas: seu uso na reinterpretação da História e no esclarecimento de casos mal resolvidos do passado.

A estrutura da molécula do DNA foi apresentada por James Watson e Francis Crick em 1953, mas apenas a partir de meados da década de 80 se descobriu que era possível retirar e examinar o ácido de células de seres que já estão mortos há até 100 mil anos - é o chamado DNA antigo. Surgia assim a genealogia genética, que se mostraria extremamente importante para resolver casos históricos de identidade e paternidade. Com base em ossos do crânio e em um fio de cabelo de Nicolau Copérnico (1473-1543), por exemplo, foi possível conhecer suas características físicas. Além disso, a análise comparativa permitiu esclarecer dois mistérios envolvendo descendentes de dinastias reais (veja ao lado). E pesquisadores ainda querem descobrir a identidade de soldados mortos nas duas guerras mundiais e descobrir as origens de manuscritos medievais.

E esse é só o começo. Alguns cientistas querem ir bem mais longe. Os mais empolgados estão tentando recriar animais extintos. "Muitas pessoas ao redor do mundo querem recuperar o DNA de mamutes, para gerá-los no ventre de seus descendentes mais próximos, os elefantes", afirma a pesquisadora Anna Meyer em seu livro Detetives do DNA (Record). Se funcionar, esse resgate da História vai transformar não só o passado da humanidade como o futuro do planeta.

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Análise de uma cegueira

Um dos maiores astrônomos da História tinha um grave problema de visão e ficou cego progressivamente. Cientistas do Museu de História da Ciência, em Florença, querem saber de que forma esse problema interferiu nas pesquisas do italiano Galileu Galilei (1564-1642). Para isso, vão exumar o corpo do pesquisador, a fim de retirar amostras de DNA e entender que doença ele teve e o que enxergava quando encostava o rosto em seu microscópio.

Rosto recriado

Nicolau Copérnico morreu em 1543, e desde então havia dúvidas a respeito do lugar onde estavam seus restos mortais. Em 2008, arqueólogos conseguiram confirmar que um pedaço de crânio e alguns fios de cabelo, encontrados três anos antes em uma catedral no norte da Polônia, pertenceram mesmo ao astrônomo. Com base no formato dos ossos e em informações adquiridas em seu DNA, foi possível fazer uma reconstituição computadorizada de sua face.

O mistério da princesa

A família imperial Romanov desapareceu durante a Revolução Russa, em julho de 1918. De acordo com a versão oficial, foram fuzilados o czar Nicolau II, a esposa Alexandra e os filhos Aleksei, Olga, Tatiana, Maria e Anastácia. Em 1922, em Berlim, surgiu uma jovem que dizia ser a princesa Anastácia. Ela afirmava que Anna Anderson, seu nome, era seu disfarce desde que ela havia escapado do assassinato. Até morrer, em 1984, conseguiu convencer até mesmo a outros Romanov. Mas, em 1990, um exame de DNA confirmou: Anna era uma impostora.

O filho de Maria Antonieta

Nascido dos guilhotinados Luís XVI e Maria Antonieta, o príncipe Louis-Charles teria morrido em 1795, de tuberculose. Quatro décadas depois, um tal Karl Wilhelm Naundorff apareceu em Paris dizendo-se Luís XVII (ele teria sido trocado por outra criança morta). A grande semelhança física com o príncipe convenceu muita gente. O suposto Luís morreu em 1845, e em 1992 a análise do material genético demonstrou que Karl havia mentido.

Uma polêmica de 200 anos

Durante os séculos 19 e 20, muitos historiadores refutaram a suspeita de que um dos pais da independência americana, Thomas Jefferson (1743-1826), tivesse sido amante de sua escrava, Sally Hemings. Surgida em 1802, quando o político ainda estava vivo, a polêmica se estendeu até 1998. Nesse ano, a revista Nature publicou um estudo que confirmava que ao menos um dos filhos de Sally foi concebido por Jefferson.