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Homens de aço: armaduras medievais no Brasil

Paulistanos fabricam réplicas de armaduras

Fred Linardi Publicado em 01/02/2008, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

“Precisa-se de mestres artífices para a fabricação de armaduras.” Não estranhe se você vir esse anúncio por aí. Séculos após o fim da Idade Média, um grupo paulistano trabalha literalmente a ferro e fogo (e aço) para produzir cuidadosas réplicas das armaduras e aparatos bélicos usados naquela época. É a Guilda dos Armoreiros – “guilda” é como se chamavam as associações de artesãos ou comerciantes da Europa medieval.

A idéia começou há dez anos, quando um grupo de interessados em história medieval passou a confeccionar os aparatos como hobby. Com o trabalho, os artesãos perceberam que alguns dos estereótipos sobre a Idade Média não passam de mito. “As armaduras não eram tão pesadas quanto se imagina. A vestimenta, feita de malha e placas de aço, nunca passou de 35 quilos distribuídos no corpo”, diz Roberto Spinelli Filho, pós-graduando em História e mestre artífice da Guilda dos Armoreiros. Muitas forças militares e policiais contemporâneas carregam uniformes e equipamentos que podem pesar mais de 30 quilos – por exemplo, os soldados americanos no Iraque.

Os Armoreiros não contam com uma oficina própria – eles produzem a maioria das peças na garagem do artista plástico Sérgio Markuad Roma, um dos membros do grupo. No site www.armaduras.com.br há fotos de itens feitos por eles e uma loja virtual onde é possível comprar alguns – outros são feitos sob encomenda. “Os interessados em nosso trabalho são colecionadores e museus”, diz o estudante de História Tarcisio Lakatos Polito, outro mestre artífice.

Traje esporte fino

Como eram as armaduras usadas nas guerras e torneios medievais

MANOPLA

De couro, é revestida com placas de aço presas por rebites de ferro. Apesar de dura, é feita sob medida para poder segurar armas confortavelmente.

ESPADA

A espada do século 14 tem uma evolução: no centro da lâmina há uma parte sem corte, onde o cavaleiro podia segurar na hora de introduzi-la melhor no corpo adversário.

TÚNICA

Feita de linho ou lã, serve como roupa do cavaleiro. As calças são como grandes meias, sustentadas por fios amarrados na extremidade.

MALHA

Formada por aros maciços de aço (com até 4 milímetros de diâmetro) rebitados um a um, era capaz de impedir até a penetração de flechas.

CAMISA ACOLCHOADA

Feita de linho, era estofada principalmente com lã ou pêlo de cavalo. Veste-se entre a túnica e a malha de aço ou o elmo.

ARMADURA DE PLACAS

Reveste a malha de aço. As placas, também de aço, são curvas para moldar-se ao corpo e aumentar a resistência a choques.

ELMO

Composto por tiras finas de aço sobrepostas, paramaior resistência. Na parte interna, tiras de couro suspensas amortecem os choques.

MAÇA

Seu formato serve para esmagar o aço da armadura. As extremidades pontiagudas concentram todo o peso da arma em um único ponto.

Brasil medieval

Grupo questiona preconceitos contra a Idade Média

Basta conversar com entusiastas para perceber que o período medieval, conhecido por “Idade das Trevas”, costuma ser injustiçado – a começar por essa definição depreciativa. Não é à toa que ao redor do mundo há projetos de resgate da cultura medieval. Por aqui há, por exemplo, o Medieval Brasil, grupo de pesquisadores que se reúne para trocar informações e questionar idéias que deturpem a cultura medieval. A estilistae comerciante Luciana Disioli de Macedo, uma das coordenadoras da turma, diz que, em geral, as conquistas do Renascimento são muito valorizadas e não se dá atenção à evolução nas vestimentas, culinária e medicina que ocorreu na época medieval. “Vemos que a Idade Média mexe muito positivamente com as pessoas. No Brasil ainda estamos crescendo, mas em países como Portugal acontecem cerca de 26 feiras temáticas por ano”, afirma.