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Jipe militar: nasce uma estrela

Jipe militar: nasce uma estrela

João Barone* Publicado em 01/05/2006, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

Quando se fala em Segunda Guerra Mundial, alguns ícones despontam na memória. Um deles é esse pequeno veículo, parecido com um caixote de quatro rodas, que figura nas fotos de algum front, carregando mais soldados do que o recomendado e com aparência de que foi surrado nos campos de batalha. O utilitário era chamado oficialmente de "carro de comando e reconhecimento de um quarto de tonelada". Mas encontraram um nome mais simples para ele: jeep. O conceito universal do carro fora-de-estrada, nascido para a guerra, sobrevive até hoje – também longe de combates. A idéia do jipe ainda é engenhosa e moderna, mesmo depois de mais de 60 anos do nascimento dessa lenda da história automobilística.

Em 1939, os alemães surgiram no front da Segunda Guerra com novos conceitos e tecnologias de armamentos, para maior mobilidade das tropas. O Departamento de Intendência do exército dos Estados Unidos não ficou alheio a isso e teve a missão de renovar equipamentos para a guerra. Já havia tentativas de implementação de veículos com tração nas quatro rodas para uso militar. O jipe mostrou resultados eficientes em campo.

No final de 1940, o governo americano abriu então uma concorrência. A lista de quesitos exigia um veículo leve, com tração nas quatro rodas, até 600 kg de peso bruto, veloz, com capacidade de carga de 250 kg, e que pudesse levar ou rebocar armamento. Por último, teria de ser um carro de produção em massa.

Só a pequena fábrica Bantam viu potencial na idéia. Em setembro de 1940, a fábrica convocou um projetista chamado Karl Probst para a missão de desenhar e montar, em um mês (!), o tal veículo. Conseguiram apresentar um protótipo, considerado o primeiro jipe da História: o Bantam MK I, feito com peças automotivas encontradas no mercado. O pequeno MK agradou os militares, mesmo com 300 kg a mais que o estipulado. A Willys acabou aceitando entrar na disputa e fez seu protótipo, o Quad. Pouco depois foi a vez da Ford, com o Pigmy. Os dois eram similares ao MK I. Algumas melhorias desses projetos iniciais geraram três modelos de pré-produção: o Willys MA, o Bantam BRC-40 e o Ford GP. Nessa época, eles ainda não eram chamados de jeep, mas sim de Bantam, Scout Car, Blitz Buggy ou quarter-ton truck.

A Willys foi escolhida para produzir seu modelo – em grande parte por causa do motor mais potente. O design teve algumas modificações e surgiu então o Willys MB. Os primeiros veículos saíram da fábrica em novembro de 1941. No começo de 1942, a Ford foi chamada pelo governo e autorizada pela Willys a fabricar o mesmo veículo, denominado GPW, para aumentar a capacidade de produção do exército americano. A Bantam ficou com a produção de reboques militares.

No dia 7 de dezembro de 1941, quando aconteceu o ataque a Pearl Harbour, os Estados Unidos entraram com toda força na Segunda Guerra. Mobilizaram seu gigantesco parque industrial para a produção de armamentos. O jipe militar foi assim um dos veículos mais fabricados durante a guerra. De 1941 até 1945, a Willys e a Ford produziram 640 mil unidades.

O jipe foi empregado pelos aliados em todos os fronts, por forças de várias nacionalidades. Admirado por sua robustez e infindável capacidade de uso, o veículo foi adaptado para rodar sobre linhas férreas, servir de ambulância e para levar radiotransmissores. Podia ainda virar uma arma mortífera quando carregava canhões, metralhadoras e lança-mísseis. Não foi à toa que os soldados desenvolveram uma relação afetiva com o veículo, batizando-o com nomes de mulheres.

Há muitas explicações sobre como o veículo foi chamado de jeep. A mais comum tentou associar a palavra como derivada da abreviatura "GP" (ou general purpose, em inglês) criada pelo exército americano para definir o veículo como "de uso geral". Mas informações de documentos apontam para duas versões, ambas aceitas como corretas:

1 – O termo jeep era uma gíria militar, conhecida depois da Primeira Guerra Mundial (era usada para chamar novos recrutas ou mesmo veículos novos em teste). Este nome ficou popular quando passou a designar o veículo recém-chegado aos quadros operacionais do exército, no começo de 1941. O termo apareceu pela primeira vez no jornal americano Washington Daily News, no começo de 1942.

2 – Outra explicação aponta para o nome de um conhecido personagem de quadrinhos de jornais da época, "Eugene, The Jeep", criado em 1936. Era um animal com poderes mágicos da turma do marinheiro Popeye, que salvava seus amigos das maiores enrascadas.

Antes do fim da guerra, o nome "Jeep" foi patenteado pela Willys, que já enxergava o potencial civil para o veículo, em especial para uso agrícola.

* João Barone, baterista dos paralamas do sucesso e colunista fixo de grandes guerras, é colecionador de peças e carros militares da Segunda Guerra mundial. também estuda diversos temas referentes a esse e outros conflitos históricos.

Sempre valente e versátil

A lendária jornada do veículo não terminou com o final da Segunda Guerra. O conceito do jipe militar foi evoluindo com o passar dos anos. Vários veículos foram criados ao redor do mundo, usando a idéia. Em 1950, durante a guerra da Coréia, os jipes da Segunda Guerra ainda apareceram no front (houve demora na entrega dos novos jipes M-38). Durante o conflito no Vietnã, o jipe M-151 ganhou má reputação por capotar fácil. No começo dos anos 80, o Humvee entrou em ação. Ele é mais novo e “musculoso” descendente do jipe, presente nos conflitos recentes na África e Oriente Médio. Hoje, espalhados pelo mundo, jipes militares antigos aposentaram-se dos quartéis e passeiam pelas ruas em paz, depois de restaurados por colecionadores. A lenda cruzou até mesmo o espaço sideral: astronautas rodaram nas planícies da Lua em julho de 1971, dirigindo um veículo batizado de "jipe lunar".

Ficha Técnica Jeep Willys MB (Modelo B) Ford GPW

Câmbio:4 marchas, caixa de marchas Warner T-84; tração nas 4 rodas parcial

Motor: Motor Willys 4 cil. 442 "Go Devil", 65HP

Largura: 1,58 m

Comprimento: 3,36 m

Altura:1,77 m

Peso: 964 kg

Carga útil: 417 kg

Ângulo de ataque: 45º

Velocidade máxima: 100 km/h