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Mauro José de Godoy Moreira: o pintor dos ares

Mestre brasileiro da aviation art, Mauro José de Godoy Moreira mostra seus quadros e ilustrações de aviação

Kátia Calsavara Publicado em 12/07/2006, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

Nos idos da Segunda Guerra, sob intenso bombardeio de revistas especializadas, histórias em quadrinhos e livros que inundavam as bancas brasileiras, o menino Mauro José de Godoy Moreira foi atacado pela febre da aviação. Na ânsia de conhecer a fundo o fascinante assunto, ele devorava tudo o que aparecia em sua frente e resolveu também começar a desenhar aviõezinhos. Sua técnica evoluiu e, em pouco tempo, já se podia ver traços precisos de quem realmente entendia do assunto. Sem saber, Mauro já engatinhava na aviation art (arte da aviação). Esse movimento surgiu durante a Primeira Guerra Mundial com o artista francês Henri Farré, que foi um dos primeiros a retratar cenas de combate aéreo e aviação militar. Desde então, essa arte reúne artistas no mundo todo e movimenta milhões de dólares fora do país. Hiper-realistas, os quadros em aquarela, bico de pena e óleo parecem verdadeiras fotografias, de tão detalhados e enriquecidos pelas nuances do céu e pela noção de velocidade dos aviões.

Hoje, aos 68 anos, Moreira já pintou mais de 600 tipos de quadros de aviação. Muitos de seus trabalhos, entre quadros, painéis, ilustrações, capas para revistas especializadas e histórias em quadrinhos, estão fora do país – seja em museus, seja na mão de colecionadores. Baseados em fotos e referências de livros, recortes de jornais, revistas e filmes, os artistas da aviation art têm como objetivo fazer um resgate histórico e cultural da atividade aeroespacial por meio da pintura.

Moreira, que se define um ser “lá de cima”, recebeu a reportagem de Grandes Guerras para apresentar alguns de seus quadros de aviação e também seu hangar, que fica em um condomínio especial para aviadores na divisa dos municípios de Bragança Paulista e Atibaia, no interior de São Paulo. Lá se pode ter apenas uma pequena idéia do que ele já fez. “Sempre gostei muito de pintar cenas de combate aéreo no Pacífico e da Batalha da Inglaterra. Também aprecio muito a aviação brasileira, que é muito pouco valorizada e retratada”, diz o artista. Moreira, que trabalhou com aviação nos Estados Unidos por cerca de oito anos, foi o primeiro a trazer a aviation art para o Brasil. Aqui ele fundou a Associação Brasileira de Artistas em Arte Aeroespacial (Abrarta), que funciona desde 1998 e atua na organização de exposições e reunião de artistas do mundo inteiro; e em negociações de compra e venda entre os apreciadores e artistas.

Moreira está na luta para a produção de um livro brasileiro de aviation art. Até o momento, o Brasil não possui nenhuma obra do gênero, embora tenha vários artistas de qualidade reconhecida. Entre os expoentes internacionais dessa arte, Moreira cita Robert Taylor e Jim Diedz. E entre os muitos brasileiros que ele admira estão Marco Aurélio do Couto Ramos, de Goiânia, e o novato Igor de Loyola, de Bragança Paulista.

A vida nos aviões

Entusiasta da aviação, Moreira fez seu primeiro vôo solo aos 17 anos e, desde então, nunca mais deixou de voar. “Não dá para explicar a sensação quando se está lá em cima. Dediquei uma vida inteira para fazer o que gosto, que é voar e pintar aviões”, conta Moreira. O artista, que é autodidata, abandonou os cursos de medicina e arquitetura para se dedicar inteiramente à aviação.

Em seu hangar, Moreira guarda seu parceiro de vida, um Aeronca Champion 7GCB, que foi transformado em um Citabria. Fabricado em 1961, o avião branco com listras em azul-marinho e vermelho é o único exemplar brasileiro que ainda voa. Feito no próprio hangar, o semi-acrobático possui GPS, rádio e estofados em perfeitas condições.

Ao falar sobre suas lutas na aviação e também para a publicação do livro especializado, Moreira se diz decepcionado. “Um país tão rico na aviação como o Brasil, que tem Santos Dumont entre seus heróis, não valoriza sua própria História. Isso é muito triste. Fora daqui, a aviation art tem todo o apoio”, afirma. Mas o piloto-artista continua na luta, ainda desenha quadros e ilustrações por encomenda e incentiva os artistas iniciantes da Abrarta. O site da associação é o www.abrarta.com.br.