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Nem sempre o candidato mais votado vence a eleição americana

Só nos Estados Unidos alguém pode ter mais votos e ainda perder. E há uma razão histórica para isso. Entenda.

Fábio Marton Publicado em 11/11/2016, às 13h13 - Atualizado em 19/10/2018, às 15h03

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São os estados, não os indivíduos, que conduzem alguém para esta cadeira - Wikimedia Commons, Domínio Público
São os estados, não os indivíduos, que conduzem alguém para esta cadeira - Wikimedia Commons, Domínio Público

Aconteceu em 2000* e agora aconteceu de novo. Hillary Clinton teve mais de 300 mil votos a mais que Donald Trump. E perdeu. 

No começo do milênio, foi pior ainda: a vantagem de Al Gore no voto popular para George W. Bush foi de mais de 500 mil votos. Na época, menos de mil votos na Flórida mudaram toda a eleição do país. Se fosse em qualquer outro lugar do mundo, Gore e Hillary teriam vencido. Afinal, o que acontece nos Estados Unidos?

No sistema eleitoral americano, o presidente não é eleito diretamente pelas pessoas comuns, mas por representantes estaduais dos partidos. Para cada estado, há um número de vagas para representante correspondente a seu número de deputados federais. Nas eleições de 2016, a Califórnia tinha 55, e a Flórida, 29. É tudo ou nada: se um candidato tem a metade dos votos dos eleitores e mais um, fica com todos os representantes daquele estado. O candidato vitorioso sai pela soma dos votos indiretos dos representantes do país, não pelo total de votos do país inteiro, como no Brasil.

Isso quer dizer que os outros votos vão por água a baixo. Nenhum voto para Trump em um estado em que Hillary ganhou tem qualquer impacto, e vice-versa. Daí ser possível se perder com maioria de votos. Os 500 mil e os 300 mil não contaram. 

O sistema foi previsto na constituição americana, de 1787. A ideia era evitar que estados menos populosos se tornassem irrelevantes, que suas preocupações locais não fossem ouvidas. E, para isso, ainda funciona muito bem: Trump bateu de longe Hillary nos estados do interior. 

Que bagunça de eleição!

• O conflito entre voto popular é raro, e parecia coisa do passado. Antes da zebra de George W. Bush, os últimos eleitos sem serem os mais votados haviam sido Rutherford Hayes (1876) e Benjamin Harrison (1888).

• Além desses três, John Quincy Adams foi eleito pelo Congresso, em 1824. Isso acontece quando nenhum dos candidatos obtém maioria absoluta dos representantes.

• Na maioria dos estados, nada obriga um representante a votar no candidato de seu partido. A última vez em que isso não ocorreu foi em 1972: o republicano Roger McBride votou no Partido Libertário. 

• Nos territórios americanos, ninguém vota para presidente. Isso acontece em Porto Rico, Guam, Samoa e as Ilhas Virgens. 

Esta matéria foi publicada originalmente em 2004 e atualizada em 11/11/2016, 12:41.