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Os originais de Henfil

Filho do cartunista reuniu e catalogou 15 mil desenhos

Maria Fernanda Ziegler Publicado em 01/01/2008, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

Em 1964, o diretor da revista mineira Alterosa, Roberto Drummond (autor do romance Hilda Furacão), mandou chamar o revisor Henrique de Souza Filho, que ficava fazendo desenhos durante o expediente. Em vez de repreendê-lo ou demiti-lo, resolveu transformá-lo no cartunista da publicação. Souza aceitou o convite, e no início pretendia assinar suas tiras como “Henriquinho” (o modo como era chamado pelos colegas). Drummond não gostou: “Não, você vai assinar Henfil. ‘Hen’ de Henrique e ‘fil’ de Filho”. Começava aí a carreira do criador de personagens como Os Fradinhos, a Turma da Caatinga (Capitão Zeferino, Bode Orelana, Graúna, Onça Glorinha e Grauninha) e Ubaldo, o Paranóico.

Os traços de Henfil eram rápidos e simples. Com poucas linhas, suas figuras ganhavam vida em desenhos críticos e satíricos, prontos para retratar o sentimento da época. Afinal, o que os personagens tinham de simplicidade e leveza o Brasil tinha de truculência – eram os tempos da ditadura militar. Henfil, irmão do sociólogo Herbert de Souza e do compositor Chico Mário, hemofílicos como ele, era um dos militantes mais ativos na resistência ao regime. Em sua prancheta, usando humor em vez de armas, Henfil abusava da ironia contra os militares, a censura, a corrupção, o machismo e a desigualdade social.

Se muitos dos esboços feitos pelo cartunista iam parar no lixo, Henfil tinha um cuidado especial com os originais: ele possuía uma máquina de xerox em casa e enviava só cópias para os muitos veículos de comunicação que o publicavam, como O Pasquim. Hoje, 20 anos após sua morte, em 1988, Ivan Cosenza de Souza, seu filho, cuida da preservação dos desenhos. “É uma honra, mas também uma responsabilidade, reunir, catalogar e organizar uma obra tão importante”, diz. O acervo possui 15 mil originais e Ivan está em busca de patrocinadores para levar adiante o projeto Henfil do Brasil – nome da exposição que idealizou para abrir parte dessa coleção ao público.