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Tanques modernos

Eles reúnem proteção, poder de fogo e mobilidade num só equipamento. Conheça os veículos mais poderosos que hoje reinam nos campos de batalha

Carlos Emilio Di Santis Junior Publicado em 01/11/2006, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

O termo “tanque de guerra”, que designa carros de combate, foi criado pelos ingleses em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, para esconder os planos de desenvolvimento desse tipo de arma que, na época, era uma novidade. Os protótipos dos veículos eram chamados de tanks, para causar a impressão de que se tratava de simples “caixas d·água”. Os primeiros carros de combate apresentavam muitos problemas, como falhas mecânicas, baixa velocidade e facilidade de atolar nos terrenos. É certo, porém, que sua entrada nos campos de batalha mudaria por completo a forma como a guerra terrestre passou a ser travada desde então.

À medida que os problemas iniciais foram sendo solucionados, o tanque tornou-se mais rápido e potente. A evolução da eletrônica embarcada resultou em índices crescentes de precisão. Hoje, um tanque tem 90% de chance de acertar um outro tanque – mesmo em movimento – logo no primeiro tiro. Os veículos também adquiriram maior mobilidade, o que obrigou o desenvolvimento de armas capazes de destruí-los. Assim, mísseis guiados começaram a aparecerem em campo, tornando-se um pesadelo para os tanques. Mas isso, por sua vez, levou ao aperfeiçoamento da blindagem. Ou seja, há um contínuo ciclo tecnológico entre os tanques e os sistemas antitanque.

Atualmente, os mísseis antitanque conseguem destruir qualquer modelo. A blindagem passiva, feita com materiais resistentes (como compostos de cerâmica), e a blindagem Chobham (cuja composição ainda é um segredo) já não são capazes de resistir a mísseis pesados como o norte-americano Hellfire. As blindagens desse tipo tornaram-se bastante espessas, levando o peso dos tanques a níveis inaceitáveis – um tanque moderno chega a pesar nada menos que 60 toneladas. Para superar esses armamentos sem aumentar muito o peso, criou-se nos anos 60 a chamada blindagem reativa, constituída de placas explosivas que detonam quando atingida, no sentido contrário ao curso do projétil, diminuindo em muito sua capacidade de penetração.

Atualmente, os tanques mais modernos do mundo são fabricados pelos seguintes países: Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, França, Israel e Rússia. Veja a seguir uma descrição dos principais modelos em operação.

Estados Unidos

O principal carro de combate (Main Battle Tank, MBT) dos americanos é o M-1 Abrams, produzido pela Chrysler. O M-1 está em sua versão A-2, que incorpora melhorias em seu sistema de mira computadorizada, blindagem e armamento. É demasiadamente grande e pesado, o que dificulta sua mobilidade. Apesar de os americanos possuírem uma logística espetacular, tiveram dificuldades para transportar seus tanques M-1 para os desertos do Oriente Médio e para os Bálcãs durante a operação da força aliada contra a antiga Iugoslávia. Embora a blindagem do M-1 seja do tipo Chobham, a versão A-2 tem sido reforçada também com blindagem reativa, dada a maior eficiência dos mísseis anticarro atuais.

Alemanha

O tanque atual é o Leopard 2 A-6. Essa versão tem melhorias notáveis, a começar pela nova torre, que é construída com ângulos para aumentar a resistência contra impactos diretos. O canhão é um Rheinmentall GmBH de 120 mm e 55 calibres. Como se pode esperar de um tanque moderno, o Leopard 2 tem um canhão estabilizado e um computador de controle de tiro, que permitem acertar os alvos em movimento no primeiro disparo. Sua blindagem, composta de cerâmica, aço de alta densidade e tungstênio, é bastante eficiente, mas inferior à blindagem Chobham. Uma característica marcante é sua velocidade(75 km/h), um dos melhores desempenhos do mundo.

Inglaterra

O tanque usado atualmente pelos ingleses é o Challenger 2, desenvolvido pela poderosa empresa Bristish Aerospace (BAE) Systems Land. O Challenger 2 usa uma blindagem Chobham de segunda geração e tem sua torre redesenhada para um perfil mais baixo. Pesa 62 toneladas, o que é uma desvantagem em cenários urbanos. Outro problema é a velocidade máxima, de 59 km/h. Atualmente, existem algumas unidades equipadas com blindagem reativa, notadamente os tanques que estão em serviço nos campos do Afeganistão. Uma característica interessante é a suspensão do tipo hidrogás variável de segunda geração, que proporciona maior conforto para a tripulação em terrenos acidentados.

França

Desde 1992, os franceses usam um dos tanques mais avançados do mundo, o Giat Leclerc. O principal destaque é um canhão de carregamento automático de 120 mm, modelo CN120-26. Esse sistema permitiu reduzir a tripulação para três pessoas, dispensando o soldado que faria o recarregamento manual. A blindagem do Leclerc é secreta, mas sabe-se que é modular, permitindo fácil substituição caso o tanque seja atingido e danificado. O Leclerc tem um sistema TIS de intercâmbio de dados que permite trocar informações com outros veículos e com o comando da missão, aumentando assim a consciência da situação. Tanque pesado (tem 56 toneladas), atinge a velocidade máxima de 70 km/h.

Israel

O Exército de Israel, tradicional usuário de equipamentos estrangeiros, desenvolveu um carro de combate com características específicas para as condições do conflito em que opera. Assim surgiu o Merkava (veja mais sobre ele na página 51), o primeiro tanque de guerra desenvolvido pelo Exército israelense. Desde que entrou em operação, em 1979, ele sofreu diversas modernizações. Hoje as versões em uso são a MK-3 e a MK-4, esta última, um dos mais poderosos carros de combate do mundo. A blindagem é secreta e modular, mas, de acordo com especialistas, o tanque israelense está entre os mais resistentes de todos. Além disso, o Merkava tem uma peculiaridade que o torna ainda mais seguro para a tripulação: seu motor é montado na frente do veículo, o que garante uma proteção extra contra impactos frontais.

Rússia

Tradicional fabricante de carros de combate, seu principal tanque em serviço é o T-90. Parece um tanque convencional, mas possui avançados sistemas de proteção, como um interferidor infravermelho com quatro receptores de alerta a laser que avisam a tripulação quando o carro está sendo iluminado por um designador de alvo a laser (o que significa que o tanque é um provável alvo de míssil). A blindagem é do tipo ERA reativa, que permite uma redução do peso do veículo sem deixar de proteger a tripulação. O T-90 pesa 46 toneladas, o que favorece sua velocidade, atingindo 65 km/h. Usa um sistema de carregamento automático do canhão que possibilita reduzir para três o número de tripulantes. Além do T-90, existe um protótipo de um novo carro de combate, conhecido como Black Eagle, cujo desenvolvimento foi suspenso, provavelmente por causa da grande aceitação do T-90 pelo Exército russo. Cabe destacar, porém, que o Black Eagle é o tanque mais moderno do mundo atualmente, incorporando as últimas tendências em desenho e sistemas para combate terrestre.

Leclerc (França) - Ficha Técnica

Peso: 56 t

Altura: 2,5 m

Envergadura: 3,6 m

Comprimento: 9,8 m

Tripulação: 3

Armamento principal: Canhão Giat de 120 mm

Armamento secundário: 1 metralhadora de 12,7 mm e 1 de 7,62 mm

Velocidade: 70 km/h

Autonomia: 500 km

Potência: 1 500 HP

M-1 A2 (EUA) - Ficha Técnica

Peso: 69 t

Altura: 2,4 m

Envergadura: 3,6 m

Comprimento: 7,9 m

Tripulação: 4

Armamento principal: Canhão M256 de 120 mm

Armamento secundário: 2 metralhadoras de 7,62 mm

Velocidade: 72 km/h

Autonomia: 500 km

Potência: 1 500 hp

Osório (Brasil) - Ficha Técnica

Peso: 41,1 t

Altura: 2,9 m

Envergadura: 3,3 m

Comprimento: 9,3 m

Tripulação: 4

Armamento principal: Canhão Giat de 120 mm

Armamento secundário: 1 metralhadora de 12,7 mm e 1 de 7,62 mm

Velocidade: 70 km/h

Autonomia: 550 km

Potência: 1 040 hp

T-90 (Rússia) - Ficha Técnica

Peso: 46,5 t

Altura: 2,2 m

Envergadura: 3,8 m

Comprimento: 9,5 m

Tripulação: 3

Armamento principal: Canhão 2A46 de 125 mm

Armamento secundário: 1 metralhadora de12,7mm e 1 de 7,62 mm

Velocidade: 65 km/h

Autonomia: 500 km

Potência: 840 hp

Leopard 2 A6 (Alemanha) - Ficha Técnica

Peso: 62 t

Altura: 3 m

Envergadura: 3,7 m

Comprimento: 7,7 m

Tripulação: 4

Armamento principal: Canhão L55 de 120 mm

Armamento secundário: 2 metralhadoras de 7,62 mm

Velocidade: 75 km/h

Autonomia: 500 km

Potência: 1 500 hp

Challenger (Inglaterra) - Ficha Técnica

Peso: 62,5 t

Altura: 3 m

Envergadura: 3,5 m

Comprimento: 8,3 m

Tripulação: 4

Armamento principal: Canhão L30 de 120 mm

Armamento secundário: 2 metralhadoras de 7,62 mm

Velocidade: 59 km/h

Autonomia: 450 km

Potência: 1 200 hp

O vazio deixado pela Engesa

Na década de 80, o Brasil tinha uma indústria de defesa competente e moderna. Porém, com a crônica falta de visão para assuntos ligados à defesa, o governo conseguiu enterrar quase todas as empresas do setor. A medida que causou maior impacto foi o fechamento das portas da Engesa, uma empresa de alta tecnologia que chegou a empregar 6 mil funcionários e exportar seus produtos para diversos países. Antes da falência, em 1993, a Engesa produziu blindados como o Urutu, para o transporte de tropas, e o carro de combate leve Cascavel. Em 1985, a empresa lançou o Osório, na época considerado um dos melhores (se não o melhor) carros de combate do mundo – tanto que a Engesa pretendia exportá-lo para o Oriente Médio. O negócio só não vingou porque, na final contra o americano M-1 A1, o peso político dos Estados Unidos acabou contando na decisão saudita. Hoje, o Brasil é importador de equipamentos militares e o Exército usa carros de segunda mão adquiridos dos Estados Unidos e Alemanha.

E o futuro?

Alguns programas para novas gerações de tanques, mais leves e não-tripulados, começam a surgir timidamente no horizonte . O FCS (Future Combat Systems, ou Sistemas de Combate do Futuro), do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, prevê modelos que possam substituir o pesado M-1 Abrams por um veículo de apenas 20 toneladas. Sua segurança e sobrevivência ficariam a cargo de um moderno sistema de camuflagem e furtividade. O conjunto de armamentos seria composto por armas de tubo e mísseis e até mesmo lasers ou microondas. Qualquer que seja a evolução que ocorra, no entanto, uma coisa é certa. Com a mudança do teatro de operações para áreas urbanas, onde o espaço de manobra é menor, o desafio será desenvolver um tanque mais leve, mais bem blindado e mais bem armado.

Para saber mais

SITE

www.army-technology.com

Informações sobre a mais recente tecnologia militar, incluindo tanques.

LIVRO

The Great Book of Tanks, Chris Foss, Zenith Press, 2003

A história dos principais tanques desde a Primeira Guerra Mundial até hoje.