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Matérias / Europa

Há 16 anos, o último Fusca saía da fábrica; veja 15 curiosidades sobre ele

Fabricado de 1938 a 2003 (a última linha a fechar foi no México), o VW Tipo 1 se tornou o carro mais vendido (e querido) de todos os tempos

Letícia Yazbek Publicado em 30/07/2019, às 11h00

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Crédito: Reprodução
Crédito: Reprodução

Em 30 de julho de 2003, em uma fábrica da Volkswagen em Puebla, no México, era produzido o último Fusca do mundo. Parte de uma edição comemorativa chamada Última Edición, limitada a 3 000 carros, o veículo foi saudado pelos trabalhadores da fábrica mexicana. Hoje, faz parte do acervo do Museu Volkswagen, em Wolfsburg, Alemanha.

Projetado pelo engenheiro automotivo Ferdinand Porsche a pedido de Hitler, que havia acabado de ascender ao poder na Alemanha, o Fusca — Volkswagen Typ 1, ou Käfer (besouro, como logo foi apelidado) — foi lançado oficialmente em 1935 e passou a ser produzido em 1938.

Construído para ser um carro pequeno e barato, ideal para ser usado pelas famílias de classe média, o Fusca fez sucesso nos anos 1960 e 1970 e se tornou o carro queridinho de todo o mundo. Até 2003, foram 21 529 464 unidades produzidas – 15 444 858 na Alemanha.

Confira abaixo 15 curiosidades sobre o Fusca:

1. O automóvel demorou a sair do papel

Um dos protótipos que deram origem ao Fusca / Crédito: Wikimedia Commons

O primeiro protótipo, ainda muito diferente do Fusca, foi apresentado por Ferdinand Porsche em 1932. Depois de cerca de 40 tentativas, Porsche apresentou os protótipos V1, V2, VW3, VW30 e VW38, que deram origem ao primeiro Fusca.

2. Hitler fez uma série de exigências

Hitler acompanhou de perto a produção do carro / Crédito: Reprodução

Ao encomendar o projeto do Fusca, Hitler apresentou a Porsche uma longa lista de exigências: o carro devia ser pequeno e acessível, alcançar e manter a velocidade média de 100 km/h e custar menos do que mil marcos imperiais. Ele ainda deveria ser capaz de carregar dois adultos e três crianças – uma típica família alemã da época.

3. O Fusca era diferente da maioria dos outros carros

Interior de um Fusca da década de 1950 / Crédito: Wikimedia Commons

O veículo tinha os componentes de sua carroceria parafusados, e não soldados, como na maioria dos modelos da época. Além disso, tinha mecânica simples – menos coisas para dar errado e mais fácil de ser consertado. Essa característica, exaltada pelo marketing da Volkswagen, deu ao Fusca a fama de indestrutível.

4. O primeiro logotipo da Volkswagen, aplicado no Fusca, era uma estilização da suástica

Logotipo criado em 1937 / Crédito: Reprodução

Criado em 1937, o logo trazia as letras V e W dentro de um círculo. Ao redor dele, havia uma cruz suástica estilizada. Em 1939, foi substituído por um novo logo, mais simples, com as letras V e W dentro de uma engrenagem.

5. Em 1938, o carro era vendido por consórcio

Inauguração da primeira fábrica da Volkswagen, em 26 de maio de 1938 / Crédito: Reprodução

Os trabalhadores juntavam selos semanais descontados do salário – cada selo custava 5 marcos – e recebiam o carro depois de preencher uma cartela. Mais de 330 mil pessoas aderiram ao programa, mas a maioria não conseguiu completá-lo. Com a chegada da Segunda Guerra, o dinheiro desembolsado pelos trabalhadores perdeu o valor e nunca foi devolvido.

6. A produção foi paralisada durante a Segunda Guerra

Fábrica de Fusca, na Alemanha / Crédito: Reprodução

A primeira fábrica do Fusca na Alemanha foi inaugurada oficialmente em 26 de maio de 1938. Mas, em 1939, com o início da Segunda Guerra Mundial, todos os recursos disponíveis foram destinados aos esforços de guerra. A produção do Fusca foi interrompida e a fábrica se dedicou a produzir veículos de guerra. Em agosto de 1945, com a Alemanha dividida, a produção foi retomada, sob o comando do Reino Unido.

7. O sucesso não veio de cara

Chegada do primeiro Fusca aos Estados Unidos, em 1949 / Crédito: Reprodução

Em 1948, os britânicos passaram o controle da fábrica para o alemão Heinz Nordhoff, que logo percebeu que a única forma de expandir a fábrica era investir na exportação dos Fuscas, principalmente para os Estados Unidos. Mas, em todo o ano de 1949, apenas dois carros foram vendidos nos EUA — o preço era considerado alto e os consumidores estranhavam a configuração incomum do Fusca, com seu motor traseiro e sua forma arredondada.

8. No Brasil, os primeiros Fuscas foram vendidos por 60 mil cruzeiros

Primeiros Fuscas no Brasil vieram importados da Alemanha / Crédito: Reprodução

Em setembro de 1950, desembarcaram no porto de Santos 30 Fuscas, importados pela família Matarazzo. O sucesso foi imediato: avaliadas em 20 mil cruzeiros, as unidades foram vendidas por 60 mil cada. O modelo importado era o Split Window, como vidro traseiro dividido em dois.

9. Em 1963, o Fusca foi eleito o carro favorito de 82,8% dos brasileiros

Inauguração da fábrica da Volkswagen no Brasil, em São Bernardo do Campo / Crédito: Reprodução

O Fusca passou a ser produzido no Brasil em 1959, e logo começou a dominar o mercado por aqui. Nas décadas de 1960 e 1970, era o carro favorito dos brasileiros. O auge da popularidade no Brasil aconteceu em 1973, com 1,25 milhão de unidades produzidas no ano.

10. Em 1988, o Fusca só era vendido no México

Última unidade produzida faz parte do acervo do Museu Volkswagen, em Wolfsburg / Crédito: Reprodução

Nos anos 1970, a competição cada vez maior de outros fabricantes de carros maiores e mais baratos fez com que as vendas mundiais do Fusca encolhessem. O carro parou de ser produzido em diversos países, inclusive no Brasil – em 1993, o presidente Itamar Franco sugeriu à Vokswagen que voltasse a produzir o Fusca. Seu desejo foi atendido, mas o Fusca Itamar só foi produzido até 1996. Em 2003, a Volkswagen do México, única planta que ainda produzia o veículo, decidiu interromper a produção.

11. O Fusca é o carro mais vendido de todos os tempos

Ford Modelo T / Crédito: Wikimedia Commons

A marca foi atingida em 1972, quando o Fusca ultrapassou as 15 milhões de unidades vendidas pelo Ford Modelo T entre 1908 e 1927. Com mais de 21 milhões de vendas, o Fusca é considerado o modelo mais vendido do mundo, mantendo as características do projeto inicial. Outras marcas, como a Corolla, já venderam mais de 30 milhões de carros, mas de diferentes gerações.

12. O Dia Mundial do Fusca é comemorado em 22 de junho

O engenheiro Ferdinand Porsche / Crédito: Wikimedia Commons

Foi nessa data, em 1934, que Ferdinand Porsche assinou o contrato que deu início ao desenvolvimento e produção do primeiro Fusca. Até hoje, o dia é comemorado em todo o mundo com eventos e reuniões. No Brasil, o Dia Nacional do Fusca é celebrado em 20 de junho, data que marca o início da produção do carro no país.

13. O carro recebeu nomes diferentes ao redor do mundo

Formato rendeu ao Fusca os apelidos de besouro e barata / Crédito: Wikimedia Commons

Na Alemanha, recebeu o nome de Volkswagen, que significa Carro do Povo. Depois, ficou conhecido como Käfer (besouro). No Brasil, chegou com o nome de Volkswagen Sedan e foi chamado de Fusca por causa da dificuldade de pronunciar Volks. Na maior parte dos países, o carro recebeu um apelido que remete ao seu formato arredondado: Escarabajo, na Argentina, Beetle, nos Estados Unidos, e Carocha, em Portugal.

14. O Fusca que mais rodou percorreu cerca de 2,6 milhões de quilômetros 

Modelo dos anos 1960 / Crédito: Wikimedia Commons

O recorde foi atingido pelo motorista americano Albert Klein, que comprou um Fusca em 1963 e o utilizou para fazer viagens de longa distância até 1997. Com essa marca, o Fusca se tornou o carro que conseguiu atingir maior quilometragem sem fundir o motor.

15. O Fusca teve inspirações em outro carro

Tatra 97 / Crédito: Wikimedia Commons

No início dos anos 1930, a fabricante Tatra, da República Tcheca, já produzia veículos compactos e modernos para a época. Porsche usou várias características dos modelos da Tatra no Fusca apresentado em 1935, principalmente do T97, modelo menor e com estilo arredondado. Imediatamente, a Tatra entrou com uma ação legal, interrompida quando a Alemanha invadiu a Tchecolosváquia. O assunto só foi resolvido em 1961, quando a Volkswagen foi condenada a pagar à Tatra 3 milhões de marcos.