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Curiosidades / Bizarro

4 histórias de pessoas que foram exibidas em nome do 'entretenimento’

Em freak shows, circos, museus ou até mesmo zoológicos, muitos foram expostos simplesmente por possuírem características consideradas peculiares

Isabela Barreiros Publicado em 29/08/2020, às 09h00

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Os irmãos albinos George e Willie Muse e as irmãs siamesas Millie e Christine McKoy - Wikimedia Commons
Os irmãos albinos George e Willie Muse e as irmãs siamesas Millie e Christine McKoy - Wikimedia Commons

Durante muito tempo, principalmente entre os séculos 19 e 20, tudo o que não fosse europeu era considerado extremamente bizarro. Embora atualmente ainda possamos ver resquícios desse pensamento na prática, no passado, a situação era ainda mais drástica. Características consideras muito estranhas — que iam de um braço a mais ou simplesmente ser negro — se tornavam atrações.

Literalmente atrações: circos, que ficaram conhecidos como freak shows, expunham pessoas que possuíam alguma particularidade, transformando-as em verdadeiras aberrações aos olhos do público. O período entre a Era Vitoriana até os anos 1950 foi o de maior desenvolvimento desses espetáculos racistas, capacitistas e completamente preconceituosos.

Conheça a seguir algumas das histórias de pessoas negras que foram que foram explorados em nome do 'entretenimento’:

1. Os irmãos albinos George e Willie Muse

George e Willie ao lado de seus pais / Crédito: Divulgação

Embora a entrada dos irmãos George e Willie Muse para o circo não seja um consenso, acredita-se que eles tenham sido sequestrados em 1899 por James Herman "Candy" Shelton, um “caçador” de aberrações que queria usá-las para ganhar dinheiro. George e Willie Muse tinham, respectivamente, seis e nove anos e viviam com seus pais no Condado de Franklin, na Virgínia, Estados Unidos.

Eles eram obrigados a deixar seus dreadlocks crescerem, a usar roupas específicas e a se apresentarem por anos a fio, o que fez com que se acostumassem à vida no circo. Os irmãos foram até mesmo levados para realizar performances no exterior, mas, quando a mãe dos dois descobriu o que eles estavam fazendo, decidiu que colocaria um fim naquilo.

Harriett batalhou até seus últimos dias para conseguir a liberdade de seus filhos, mas morreu antes de vê-la. Eles se reencontraram, mas as “atrações” acabaram se aposentando em meados de 1950. George faleceu em 1972, enquanto Willie viveu até os 108 anos, morrendo apenas em 2001.


2. Sarah Baartman

Ilustração de Sarah Baartman / Crédito: Wikimedia Commons

Acredita-se que Sarah Baartman tenha nascido na Província Oriental do Cabo, na África do Sul, em meados de 1789. Logo cedo, tornou-se órfã e sofria com uma condição muito difícil de vida. Trabalhando como empregada doméstica em seu país natal, de repente, tudo mudou quando William Dunlop e Hendrik Cesars, seus empregadores, convenceram a mulher a viajar até a Inglaterra para participar de um espetáculo.

A característica mais marcante da jovem era seu corpo, considerado diferente do que era visto na Europa. Ela era acometida por uma condição genética específica que fazia com que ela acumulasse muita gordura: o resultado eram nádegas protuberantes que chocaram os dois ingleses.

Ela foi durante muito tempo no Piccadilly Circus, em Londres, mas, o público começou a cansar das performances que eram basicamente Baartman usando roupas justas da cor de sua pele, decoradas com plumas coloridas e fumando cachimbo. Ela fez turnê em outros países e, mesmo depois de morta, apenas aos 26 anos, seu corpo continuou sendo exposto em museus.


3. As irmãs siamesas Millie e Christine McKoy

As siamesas Millie e Christine McKoy / Crédito: Wikimedia Commons 

Em 1852, duas meninas filhas de escravos nasceram com uma peculiaridade: elas eram siamesas. Millie e Christine McKoy eram ligadas pela coluna inferior e compartilhavam a mesma pelve, característica que atraiu um showman, interessado em exibi-las como se fossem aberrações. Como pertenciam ao ferreiro Jabez McKay, ele mesmo lucrava com as performances.

Ao longo dos anos, elas passaram por diversos circos de proprietários diferentes, mas o último e mais importante foi o rico comerciante Joseph Pearson Smith. E, com a Proclamação de Emancipação nos Estados Unidos e o fim da escravidão, obtiveram sua alforria, mas decidiram permanecer com os Smiths.

As irmãs continuaram se apresentando até se aposentarem no final da década de 1870. Elas conseguiram guardar muito dinheiro com as performances e chegaram até mesmo a comprar a plantação em que nasceram como escravas, dando-a para seu pai biológico. Millie e Christine também fundaram uma escola para crianças negras e apoiaram várias faculdades.


4. Ota Benga

Ota Benga / Crédito: Wikimedia Commons 

Neste caso, o jovem Ota Benga não era exposto em freak shows, os circos de bizarrices, mas sim literalmente em um zoológico, onde era tratado como um animal. Ele pertencia ao povo Mbuti, que vivia nas florestas próximas ao rio Kasai, no antigo Estado Livre do Congo.

Colocado em uma jaula com macacos, ele era obrigado a realizar apresentações no zoológico do Bronx de Nova York, em 1906, diariamente para mais de 40 mil pessoas. Nessas “performances”, era obrigado a interagir com orangotangos, o que reforçava a ideia de que era selvagem e tinha que mostrar seus dentes aos visitantes, visto que afiá-los era comum em sua cultura.

Benga era chocantemente descrito como um "elo perdido da evolução” e apresentado como se fosse um canibal. Depois de muito tempo de sofrimento, um grupo de pastores negros uniu-se para protestar contra as humilhações sofridas pelo jovem e ele foi libertado. Anos depois, tirou sua própria vida, não conseguindo superar os anos de desgraças impostas a ele.


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