Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Curiosidades / Brasil

Chá da meia-noite: a falsa bebida letal da Gripe Espanhola no Brasil

O boato de que um hospital servia chás envenenados na cidade do Rio de Janeiro alimentou ao imaginário popular por muito tempo

Caio Tortamano Publicado em 18/04/2020, às 10h00 - Atualizado às 13h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Carro alegórico fazendo alusão ao chá da meia-noite - Biblioteca Nacional
Carro alegórico fazendo alusão ao chá da meia-noite - Biblioteca Nacional

No contexto de uma outra pandemia, durante a crise da Gripe Espanhola no Brasil no ano de 1918, as mortes por conta da doença foram um marco para a saúde pública brasileira. Ela começou a ter uma formalização maior depois que o problema atingiu extremas proporções, principalmente pela falta de apoio das unidades de saúde das cidades brasileiras.

Pelas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro — cidades mais afetadas pelo desastre da saúde — eram centenas de corpos deixados nas ruas para que mutirões da polícia e de serviços sanitários recolhessem os cadáveres. Era um verdadeiro cenário apocalíptico.

Isso pela superlotação dos hospitais, muitos destes eram instituições religiosas, que não tinham todo o equipamento necessário para tratar uma gripe tão letal como a espanhola. Além disso, a população mais pobre sofria ainda mais com a doença, já que não existiam hospitais públicos que pudessem atender a essas populações.

As famílias abastadas, por sua vez, conseguiam ter seus espanholados — como eram chamados os acometidos pela gripe — enviados para suas casas de campo, praticando o distanciamento social e, principalmente para os não infectados, estarem longe das aglomerações urbanas que eram um verdadeiro centro de disseminação da doença.

No meio disso tudo, começou a circular, no Rio de Janeiro, um boato de que um hospital estava se livrando dos doentes terminais da gripe espanhola de um jeito nada ortodoxo. A Santa Casa da Misericórdia, que atendia grande parte do público geral da capital, tinha a prática de dar um chá envenenado para esses pacientes, a fim de acelerar a desocupação de leitos no local.

Fachada da Santa Casa da Misericórdia no século 19 / Crédito: Wikimedia Commons

A iguaria, servida sempre ao início da madrugada, foi apelidada de chá da meia-noite, e a imprensa começou a chamar a Santa Casa de Casa do Diabo. A oferta do chá era sempre feita com a promessa de que os enfermos iriam melhorar subitamente, e que seria dado como um prêmio para os enfermos com melhor comportamento.

Essa lenda popular deu ao carnaval carioca do ano seguinte (1919) a oportunidade de superar de vez a gripe espanhola — que já via seus números de casos extremamente reduzidos e a situação pública normalizada. As marchinhas cariocas e os desfiles de carros alegóricos seguiam o tema do Chá da meia-noite, simbolizando os tempos difíceis que foram recentemente superados.


+ Saiba mais sobre o tema por meio das obras disponíveis na Amazon:

Pandemias - a humanidade em risco, de Stefan Cunha Ujvari ( 2011) - https://amzn.to/2Qecx3N

Semmelweis, de Louis-Ferdinand Céline ( 2014) - https://amzn.to/2IGwFaJ

Sobre a morte e o morrer, Elisabeth Kubler-Ross (2017) - https://amzn.to/3aPKr73

Louis Pasteur da Química à Microbiologia , de Sabrina Pascoli Rodrigues (2014) - https://amzn.to/38GOOzF

Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, a Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.

Aproveite Frete GRÁTIS, rápido e ilimitado com Amazon Prime: https://amzn.to/2w5nJJp

Amazon Music Unlimited – Experimente 30 dias grátis: https://amzn.to/3b6Kk7du