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Curiosidades / Pandemia

Cidades vazias e portas trancadas: como surgiu o toque de recolher?

Quase tão antigo quanto o isolamento social, o conceito foi criado por um motivo bem diferente do que é utilizado hoje em dia

Pamela Malva Publicado em 17/03/2021, às 20h00

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Imagem meramente ilustrativa de rua vazia - Divulgação/Pixabay
Imagem meramente ilustrativa de rua vazia - Divulgação/Pixabay

Na última segunda-feira, 15, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), determinou um novo toque de recolher para todo o estado. A partir de tal decisão, portanto, as ruas paulistas deveriam ficar vazias entre 20h e 5h da manhã, segundo o G1.

Tal medida foi colocada em prática para frear a disseminação do Coronavírus no estado que mais registrou casos da doença desde o começo da pandemia. Com 2 milhões de infectados e 60 mil mortos, a chamada “fase emergencial” teve de entrar em vigor.

Que o toque de recolher, então, é uma forma de evitar a presença das pessoas nas ruas durante determinado período, mantendo o isolamento social, todo mundo já sabe. Mas, afinal, quem criou essa prática e por que ela foi necessária pela primeira vez?

Imagem meramente ilustrativa de pessoas com máscaras / Crédito: Getty Images

Longe das doenças

Os primeiros registros de uma espécie de isolamento social podem ser encontrados na Bíblia, fazendo referência ao período de combate contra a lepra e a hanseníase. "Ordena aos filhos de Israel que lancem para fora do arraial a todo leproso (...) para que não contaminem o seu arraial”, diz o Testamento.

Mesmo que não seja tão antigo quanto, o toque de recolher também nasceu há séculos, por um motivo bastante diferente. Na realidade, as origens do costume passam bem longe das doenças, das pandemias e da urgência de impedir a disseminação de um vírus.

Tudo começou com Alfredo, o Grande, o Rei de Wessex e dos Anglo-Saxões. Tendo nascido em Wanating, na atual Inglaterra, ele foi responsável por criar o conceito que, centenas de décadas mais tarde, salvaria milhares de pessoas de algumas enfermidades.

Fogo que se alastra

Em meados do ano 872 d.C., Alfredo já era o Rei de Wessex há um ano e tentava lidar com as frustrações e angústias de seu povo. Na época, o reino se recuperava da Batalha de Marton e da morte de seu antigo monarca, o Rei Etelredo, irmão de Alfredo.

Foi nesse contexto que o mais novo regente, também chamado de ‘o Grande’, criou o conceito do cur feu — tradução em francês para “cobrir o fogo”. Sua ideia, contudo, não era manter as pessoas longe das ruas ou dos comércios, segundo a Superinteressante.

A prioridade, na realidade, era criar um período à noite em que as pessoas deveriam apagar as velas das ruas para que as chamas das luminárias não incendiassem toda a cidade de Oxford. Foi assim que nasceu o primeiro toque de recolher.

Retrato de Alfredo, o Grande, o criador do toque de recolher / Crédito: Wikimedia Commons

Novas roupagens

Décadas mais tarde, quando William, o Conquistador tornou-se o primeiro rei da Inglaterra, o monarca modificou um pouco o cur feu e criou uma lei nacional de recolhimento. Os conceitos, contudo, eram bastante parecidos.

Foi apenas no século 16 que os Estados Unidos e os países da Europa passaram a implementar o conceito mais moderno do toque de recolher, a fim de impedir a circulação de algumas pessoas. Naquela época, contudo, a prática se aplicava apenas para trabalhadores de classes mais baixas e escravos.

Com a chegada da Revolução Industrial, contudo, a grande maioria dos adultos passaram a sair de casa para trabalhar até tarde. Assim, o conceito ganhou uma nova roupagem. Dessa vez, o toque de recolher visava prevenir delitos juvenis ao impedir que os jovens e as crianças ficassem sozinhas nas ruas das cidades.

Em épocas de guerra, então, os toques de recolher evitam que civis sejam prejudicados por eventuais conflitos ou desastres. Já nos Estados Unidos, os adolescentes de hoje têm o temido ‘curfew’ — uma referência quase direta ao decreto de Alfredo —, que nada mais é do que o horário em que devem estar em casa após algum evento social.


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