Muitas técnicas de punição antigas eram delicadamente elaboradas para estender o sofrimento do condenado ou potencializar o caráter punitivo da ação
O ser humano é, há tempos, bastante criativo nas formas de punir aqueles que transgridem as regras da sociedade. Antes das prisões modernas, existiram as mais diversas formas de castigar, muitas delas públicas, tornando as execuções espetáculos de praça, sem o artifício simples do isolamento do criminoso em relação à sociedade.
Muitas técnicas de punição antigas eram delicadamente elaboradas para estender o sofrimento do condenado ou potencializar o caráter punitivo da ação, além de recorrer a diversos significados simbólicos que se relacionam com os crimes que levam a esses castigos.
Conheça dez métodos brutais de punição do passado:
1. Garrote
Esse método foi introduzido no início do século 19, uma invenção francesa para substituir o valor degradante que tinha a forca na época. Era destinado a crimes de grande relevância, como assassinato, terrorismo e banditismo. O método consistia em um poste sobre o qual se recostava as costas, de modo que a corda ficasse presa na altura e em volta do pescoço. Por trás, o carrasco utilizava uma barra entrelaçada à corda que, quanto mais girava, mais apertado ficava o arco, enforcando o condenado sem a necessidade de deixá-lo pendurado.
2. Roda de Catherine
Também conhecida como roda de quebramento, pois seu objetivo final era quebrar os ossos dos membros do condenado, esse método de tortura está diretamente relacionado a Santa Catarina de Alexandria (mulher nascida no Egito foi condenada à morte dessa maneira pelo imperador Maximino Daia). Na Idade Média, essa tortura era destinada a assassinos e sádicos e fez bastante sucesso na França e na Alemanha.
Na prática, a técnica consistia em amarrar os membros do condenado no perímetro da roda enquanto o carrasco, portando um bastão de ferro, batia no corpo com força. Em alguns casos, o carrasco batia no peito ou na cabeça do prisioneiro para reduzir o tempo de sofrimento e matá-lo rapidamente. Depois de morto, a roda era erguida de pé para exibir o cadáver.
3. Escafismo
Antigo método usado na Pérsia para punir crimes graves. Também conhecido como os barcos, o método consistia em amarrar o criminoso nu entre dois barcos encaixados entre si e lançado em um rio ou pântano (também há a versão em que se amarra a uma árvore) e, imobilizado, o condenado ingere coercitivamente quantidades absurdas de mel, além de ter todos os membros expostos cobertos pela substância.
O mel ingerido em excesso gera diarréia e o aplicado nos membros atrai diversos insetos. Deixado na água parada e sob o Sol, a diarréia do condenado começa a encubar vermes e seus membros se enchem de formigas, abelhas, moscas e besouros, que começam a se alimentar de sua pele e carne, expondo-a e fazendo gangrenar. Diariamente o condenado era alimentado com mais mel, impedindo a morte súbita e estendendo o sofrimento.
4. Poena cullei
Método previsto pela lei romana, a punição do saco era destinada a homens condenados por patricídio (assassinato do pai) e consistia em três etapas: primeiro se colocava um saco na cabeça do condenado e o agredia com barras, chicotes e pontapés, até enfraquecê-lo pelas agressões. O prisioneiro era colocado dentro de um saco de couro maior junto a animais vivos e esse era costurado por fora.
Inicialmente, o saco era preenchido somente por cobras, porém, com o tempo, a tradição romana somou ao método galos, cachorros, macacos e gatos. Era colocado numa carroça em direção ao terceiro passo: o criminoso e os animais eram lançados ao mar para morrerem.
O poena cullei era colocado como opção ao condenado: ele podia escolher entre ser ensacado ou ser lançado às feras num coliseu.
5. Emparedamento
Mais comum no continente asiático e com alguns dissidentes que ainda a utilizam, a tortura consiste em enclausurar o condenado em um pequeno espaço (normalmente uma caixa de madeira) sem (ou com pouco) contato com o sol.
Existem casos de emparedamento feitos para que se tornassem uma prisão perpétua, alimentando o prisioneiro por pequenas entradas. Em outros, a ideia é deixar o condenado para morrer de fome, desidratação, pânico ou asfixia.
6. Gibbeting
Método irlandês destinado a assassinos e criminosos hediondos, a condenação consistia em dissecar e pendurar usando correntes os corpos dos criminosos, segundo a Lei de Assassinato de 1752. O método só foi utilizado nesse período entre as décadas de 1750 e 1770, mas se manteve juridicamente legítimo como opção penal até 1834, quando é abolido pelas implicações de manter um corpo pendurado em via pública.
Em muitos casos, o corpo do condenado era pendurado por correntes no local em que praticou o assassinato, demonstrando o valor simbólico e de demonstração de poder do ato, servindo de lembrete das consequências do crime.
7. Pendurado, capado e esquartejado
Método inglês de condenação pública por alta traição, essa tortura é sistemática e sádica. O prisioneiro era amarrado a um cavalo e arrastado ao local de execução. Lá, era conduzido à forca, porém com o cuidado de não matá-lo imediatamente nem quebrar seu pescoço.
Antes que morresse, seu corpo era esfacelado e abatido, com seus genitais arrancados e lançados a público, além de ter o estômago aberto. Seus órgãos internos também eram removidos e, em seguida, era decapitado. Por fim, o restante do corpo era partido em quatro pedaços. Era comum que a cabeça fosse vaporizada e ressecada para que não apodrecesse e fosse exposta nos muros da cidade como troféu da justiça.
8. Gunga rao
Podendo ser chamado simplesmente de execução por esmagamento de elefante, trata-se de diversos métodos de execução que envolvem o uso de animais domesticados, com ênfase no uso, como dito, de elefantes adestrados, mais comuns entre os indianos, inventores do método.
Era dedicado a soldados inimigos ou civis condenados por roubo, evasão fiscal e rebelião e partia do uso dos elefantes que eram treinados para a própria execução, de maneiras diversas. Era comum, por exemplo, conduzir os elefantes para que o criminoso morresse esmagado ou com golpes na cabeça. Também há relatos de elefantes treinados para torturar o condenado usando lâminas adaptadas para as presas de marfim do animal.
9. Serra
Original da Europa medieval, essa tortura era especialmente desenvolvida para prolongar a dor do condenado, designada para acusados de práticas de feitiçaria, adultério, assassinato, blasfêmia e roubo.
Partindo de uma inspiração romana onde serravam na horrizontal os criminosos, e de técnicas chinesas de pendurar e torturar prisioneiros de ponta-cabeça, o objetivo da prática era estender a dor, serrando o condenado de cima para baixo, começando por entre as pernas.
As vítimas eram penduradas com a cabeça perto do chão, fazendo a circulação do sangue se concentrar no cérebro e prolongando a consciência. Há relatos de que antes de serrar o prisioneiro na vertical, suas mãos e seus pés seriam arrancados, com as feridas cauterizadas por tochas.
10. Ling-chi
Esse método original da China envolve basicamente a continuidade de cortes precisamente calculados para que o prisioneiro sofra de dor prolongadamente até que finalmente morra por falta de sangue, sendo o método final entre as Cinco Punições da tradição imperial. O método remete ao século 10 e foi proibido no início do século 20, e pode ter mesclado diversas técnicas diferentes que envolviam o uso de facas mais curtas, técnicas de retirada de pedaços de carne e até o uso do ópio para estender a consciência do torturado.