O objeto era proveniente de uma região muito distante do Reino Unido
Redação Publicado em 23/10/2021, às 09h00
John Dee, homem culto e conselheiro da rainha Elizabeth I, foi uma figura polêmica em sua época. Além de matemático, astrônomo e geógrafo, também atuava como astrólogo e dedicava tempo aos estudos da alquimia e das ciências herméticas, práticas não muito bem-vistas pela sociedade cristã inglesa do século 16.
Adepto do ocultismo, Dee fazia constante uso de um espelho místico feito à base de obsidiana polida e que, conforme informou um estudo publicado no último dia 7, na revista arqueológica Antiquity, teria origem asteca. Segundo a fonte, com o uso do item, o conselheiro buscava entrar em contato com espíritos.
Há certo tempo, suspeitava-se que o espelho de John tivesse origem asteca, mas somente agora, após a realização de uma análise geoquímica, a teoria foi confirmada.
O estudo, liderado por especialistas da Universidade de Manchester, na Inglaterra, ainda analisou outros dois espelhos semelhantes ao do ocultista, além de uma placa retangular também feita de obsidiana polida.
Para que os pesquisadores confirmassem sua tese, foi necessário submeter os objetos, que pertenciam ao acervo do Museu Britânico, a uma série de raios-x. Desta forma, foi possível obter mais detalhes sobre a composição dos materiais e também verificar a presença de “impressões digitais”.
Após as análises, os especialistas constataram que o espelho de Dee era, assim como um segundo objeto de estudo, originário da região mexicana de Pachuca, de onde os astecas extraíam a obsidiana.
Os astecas acreditavam que os espelhos de obsidiana poderiam ser utilizados para obter curas. Eles também funcionariam como escudos contra maus espíritos, além de que seriam capazes de capturar almas por meio de seu reflexo.
Conforme informou o Instituto de Pesquisa Getty, sediado nos Estados Unidos, esses itens eram ligados à divindade Tezcatlipoca, cujo nome significaria "espelho fumegante" na língua náuatle.
Como abordado anteriormente, Dee era um estudioso das ciências. Porém, "mais tarde, se envolveu com a adivinhação e o ocultismo, buscando falar com anjos através do uso de videntes, que usavam artefatos como espelhos e cristais”, declarou em comunicado o professor Stuart Campbell, quem liderou o estudo.
Acredita-se que o britânico tenha entrado em contato com o espelho graças ao seu conhecimento sobre esses itens mágicos e que o objeto teria viajado da América até o Reino Unido.
"O século 16 foi um período em que novos objetos exóticos estavam sendo trazidos do Novo Mundo para a Europa, abrindo novas possibilidades no mundo intelectual da época", explicou Campbell.
Confira aqui o estudo completo.
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