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Curiosidades / Brasil

Da invenção da caipirinha a morte de um presidente: 5 fatos sobre a Gripe Espanhola no Brasil

Epidemia se alastrou pelo país após chegar a bordo de um barco proveniente da Europa — e as consequências foram calamitosas

Fabio Previdelli Publicado em 14/05/2020, às 15h00

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Enfermeira e paciente infectado, durante surto da gripe espanhola - Wikimedia Commons
Enfermeira e paciente infectado, durante surto da gripe espanhola - Wikimedia Commons

A Gripe Espanhola, influenza que nos assusta até hoje, foi registrada pela primeira vez ainda no século 19, mas só tomaria grandes proporções durante a Primeira Guerra, atacando as tropas na Europa. De lá, se espalharia pelos cinco continentes, inclusive para o Brasil.

Os efeitos também resultaram em confinamentos e mortes. A doença chegou através dos navios provenientes da Europa. Logo, grande parte da população foi infectada e o país teve que adotar medidas parecidas com as tomadas nos dias atuais.

Confira 5 fatos sobre a Gripe Espanhola no Brasil:

1. Pilhas de corpos e a falta de coveiros

Pode até parecer um cenário distópico de um filme ficcional, mas durante a pandemia de Gripe Espanhola o Brasil foi muito afetado pelo vírus. Na porta de muitas casas, por exemplo, diversos cadáveres estavam jogados, o que atraia inúmeros urubus.

Enfermaria carioca de 1918 com infectados pela gripe / Crédito: Biblioteca Nacional

O ar era fétido e os corpos só eram retirados de tempos em tempos, quando carroças passavam para levar a pilha de mortos até o cemitério. “Por toda a parte o pânico, o assombro, o horror”, exclamou o deputado Sólon de Lucena.

Além disso, devido ao contato constante com os infectados, muitos coveiros ficaram doentes ou morreram por complicações da doença. Assim, os polícias saíram às ruas para recrutar — a força — os homens mais robustos para abrirem covas e sepultarem os cadáveres.

Entretanto, havia tantos mortos que muitos foram enterados em valas coletivas e, em muitas ocasiões, os trabalhos tiveram que se entender pela madrugada toda. “Nos subúrbios do Rio de Janeiro, as ruas ficam cheias de cadáveres porque as famílias ficam com medo de serem infectadas pelos mortos dentro de casa. Além disso, a medida facilita o trabalho de remoção das carroças da limpeza pública”, explica Dilene Nascimento, médica e historiadora da Casa Oswaldo Cruz.


2. Medidas de prevenção

A Gripe Espanhola invadiu o Brasil em 1918. Na ocasião, o vírus chegou a bordo do navio Demerara, que havia partido da Europa. Naquele mês de setembro, a embarcação chegou em solo tupiniquim e muitos passageiros infectados — sem conhecimento — desceram no Recife, em Salvador e no Rio de Janeiro.

Em menos de um mês o vírus já era alarmante. Assim, prédios públicos do Senado e a Câmara ficaram inoperantes por vários dias. No auge da epidemia por aqui, diversos desses locais não tinham funcionários o suficiente para a demanda de atividades burocráticas. Apesar da resistência, muitos pereceram ao vírus.

Os hospitais estavam abarrotados de pessoas e as escolas decidiram mandar os alunos de volta para casa. Assim, os parlamentares se viram obrigados a apresentarem uma série de medidas que deveriam ser seguidas para evitar o contágio e amenizar os efeitos da gripe.

Uma das propostas aprovadas foi a da aprovação automática de todos os estudantes — sem a necessidade da aplicação de exames finais. Outra foi a ampliação do prazo para o pagamento de dívidas, afinal, ninguém estava trabalhando e a economia estava parada. 


3. Morte de presidente

Além de perigosa, o vírus da Gripe Espanhola também não fazia distinção de pessoas e nem o recém eleito presidente Rodrigues Alves escapou da epidemia. Em março de 1918, Alves contraiu a doença antes mesmo de ser empossado. Consequentemente, seu vice, Delfim Neto, assumiu interinamente o país em novembro — ainda esperando a cura de Rodrigues.

Retrato de Rodrigues Alves / Crédito: Divulgação/Centro de Memória de São Paulo

Entretanto, ele jamais se recuperou e morreu em janeiro de 1919. Assim, uma nova eleição fora de época foi convocada. “Todas as classes, desde os humildes trabalhadores até aqueles que gozam do maior conforto na vida, foram alcançados pelo flagelo terrível, que bem parece universal”, declarou Lucena.


4. A caipirinha e as falsas curas

A angustia já era evidente nas pessoas, e esse desespero transpassava para os jornais, onde era anunciado inúmeros remédios milagrosos que se diziam capazes de combater e prevenir a Gripe Espanhola.

Entre eles, estavam a água tônica de quinino e balas à base de ervas de purgante. Como a procura desses produtos ficava maior, as farmácias aproveitaram o momento para aumentar descaradamente os preços dessas mercadorias — o que levou a prefeitura a obrigar o tabelamento dos valores desses remédios.

Já em São Paulo, circulava a notícia que uma mistura caseira de cachaça, mel e limão poderia tratar o vírus. Assim como aconteceu no estado vizinho, a demanda pelo limão crescia e logo a fruta desapareceu das prateleiras. Segundo o Instituto Brasileiro da Cachaça, foi supostamente dessa receita doméstica que nasceu a tão aclamada caipirinha.


5. Adiamento de campeonatos

Assim como está acontecendo em diversos países, o isolamento fez com que diversos times de futebol no Brasil ficassem confinados e a bola parou de rolar por um tempo. O Campeonato Carioca de Futebol, por exemplo, que estava prestes de ser conquistado pelo Fluminense, foi adiado por dois meses.

Time do Fluminense em 1918 / Crédito: Divulgação

Entretanto, essa não foi a única implicação para o tricolor carioca. A construção do estádio das Laranjeiras foi adiado. Além do mais, o jogador Archibald French faleceu após contrair a Gripe Espanhola. Segundo Dhaniel Cohen, jornalista esportivo que trabalha no Flu-Memória, a epidemia também atingiu 24 sócios do clube, que vieram a perecer da doença.


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