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Curiosidades / Coronavírus

Fabricante já disse que não existe evidência de que ivermectina é eficaz contra covid-19

O medicamento causa polêmica no que é chamado de 'kit covid'

Vinicius Barbosa, supervisionado por Thiago Lincolins Publicado em 20/04/2021, às 16h26

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Imagem conceitual de laboratório - Getty Images
Imagem conceitual de laboratório - Getty Images

A pandemia vive um de seus piores momentos até então, com mais de 14 milhões de casos acumulados e 381 mil mortos no Brasil, em dados divulgados pelo Ministério da Saúde. No mundo, em pesquisa do BBC News, já se supera os 143.915.529 de casos, com 3.057.551 de mortes - até o fechamento da reportagem. 

Pelo lado positivo, a quantidade de doses das vacinas aplicadas na população mundial é de acima de 860 milhões, trazendo a esperança de uma possível futura queda na transmissão da doença. 

Entretanto, mesmo com todos esses dados e com a comprovação da vacina como imunizante, uma grande parcela da população brasileira ainda se rende ao uso de tratamentos precoces contra o coronavírus, através do "kit Covid".

Kit covid e a ivermectina

Nele, são distribuídos remédios que não possuem nenhum tipo de eficácia cientificamente comprovada contra a doença, como a ivermectina, hidroxicloroquina  e azitromicina.  

kit Covid de Cuiabá- Crédito: Divulgação

Segundo a Merck, fabricante do medicamento, a ivermectina é usada no tratamento contra parasitas e piolhos, mas mesmo assim foi promovida como tratamento precoce pelo Ministério da Saúde e pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em diversos pronunciamentos. 

De acordo com um grupo de médicos em fala ao Estadão, muitas pessoas passaram a apresentar insuficiência renal, arritmias, além de hemorragias e até mesmo doenças no fígado após o uso dos medicamentos. Em São Paulo, 5 pacientes precisaram de transplante de fígado após altas doses de ivermectina. 

Outros efeitos colaterais, de acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia e, são retinopatias, hipoglicemia grave e toxicidade cardíaca.

Valmir Crestani Filho, médico nefrologista do Hospital das Clínicas da USP, em dados fornecidos ao Estadão, relatou que alguns de seus pacientes desenvolveram problemas de nefrite intersticial aguda, hemorragia gástrica e problemas respiratórios. Também estão entre os sintomas a ocorrência de náuseas, diarreia, feridas na pele, além de alterações de humor.

Esse mix farmacêutico não é reconhecido pelos orgãos de saúde, e é contra indicado pela OMS, pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos e da Europa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), que divulgam públicamente a falta de eficácia do remédio.

Ao que é indicado, em nota divulgada pela Merck Sharp and Dohme, a dose necessária para usar a ivermectina como tratamento seria um enorme risco de efeitos colaterais gravíssimos e até uma overdose dos usuários.

Desmentida pela própria criadora

Segundo o portal de notícias Viva Bem, a MSD (Merck Sharp and Dohme), farmacêutica americana produtora do medicamento, afirmou que não há nenhum tipo de benefício no combate ao novo coronavírus com o uso da ivermectina. 

 Em fevereiro de 2021, foi publicada uma nota da empresa, dizendo que a base científica indicadora de tratamentos terapêuticos é inexistente —  "Nós não acreditamos que os dados disponíveis apontam segurança e eficácia da ivermectina além das doses e populações indicadas na agência regulatória e aprovadas para prescrição", disse a nota do laboratório.

Em nota, a MSD também acrescentou "Os pacientes infectados pelo vírus não apresentaram um quadro de melhora com o uso da substância, apesar dos cientistas da continuarem suas pesquisas e estudos para identificar uma possível futura eficácia do uso no tratamento contra covid 19".