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Curiosidades / Gastronomia

Além do aspic: Conheça os 10 pratos mais horrendos do passado

Torta de animais vivos e cadáveres já foram considerados iguarias. Entenda!

Thiago Lincolins Publicado em 15/07/2019, às 08h00

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Aspic, o prato que virou mania depois da Segunda Guerra - Divulgação
Aspic, o prato que virou mania depois da Segunda Guerra - Divulgação

10. Sanduíche de torrada

Crédito: Wikimedia Commons 

O prato, que pode trazer à memória cenas dos órfãos miseráveis de Charles Dickens, nasceu entre as chaminés da Inglaterra vitoriana. Está presente no Livro de Culinária da Sra. Beeton, de 1861, na sessão "culinária [para gente] inválida", isto é, para doentes. A recomendação era que fossem adicionados pimenta e sal a gosto.

9. Aspic

Gelatinas existem desde a Idade Média - é o clássico caldo de mocotó, a proteína retirada de certas partes dos bichos após cozidas. Mas foi só depois da Segunda Guerra que a coisa virou mania, com o surgimento da gelatina em pó de caixinha. Foi a era de ouro do aspic, a gelatina salgada: um prato alienígena para a Era Espacial. E um símbolo de status: só quem tinha geladeira em casa podia fazê-lo.

Livros de receita dos anos 50 e 60 ensinam a fazer atrocidades tremelicantes de restos de pernil do natal, fígado de boi e daí por diante, em gelatina misericordiosamente neutra. Mas também, às vezes, de frutas. A que vai acima é até mansinha: peixe em gelatina de tomate.

8. Garum

Crédito: Wikimedia Commons 

Despeje sangue e vísceras de peixe em salmoura. Exponha ao sol espanhol durante meses. Após produzir um fedor tão incapacitante que só podia ser fabricado fora das cidades, quando não havia mais por onde apodrecer, a pavorosa goroba parecia desistir. Então assumia um agradável sabor de... queijo, segundo os livros romanos. Um condimento que não podia faltar nas refeições de todo o Império.

7. Torta de animais vivos - incluindo gente

Crédito: Wikimedia Commons

Quem acompanhou a série Game of Thrones deve se lembrar do episódio com o fatídico Casamento Roxo de Joffrey Baratheon, no qual o reizinho corta uma imensa torta comemorativa recheada com pombas vivas.

Como várias outras coisas em GoT, isso não saiu da cabeça de George R. R. Martin. A dinastia Tudor adorava surpreender os convidados com tortas e bolos recheados com animais vivos. O mais comum era colocar sapos e aves, mas houve ocasiões em que cães e até uma banda musical serviram como recheio das receitas. A torta era obviamente assada antes deles serem colocados. Ao menos, se o cozinheiro fosse experiente.

6. Rôti Sans Pareil

Crédito: Wikimedia Commons 

Alexandre Balthazar Laurent Grimod de la Reynière, primeiro crítico de restaurante do mundo, não estava mentindo quando batizou seu invento de "assado como nenhum outro".

Em 1807, ele publicou em seu livro uma obscena receita que leva 17 aves diferentes enfiadas uma dentro da outra. Dentro de uma gigantesca abetarda, que pesa 20 kg, era posto um peru, dentro dele, um ganso, e assim por diante, até chegar à minúscula felosa-das-figueiras, que, com 22 g, é quase mil vezes menor que a ave externa.

Essa ofensa à Criação era cozida em uma panela com legumes, especiarias e gordura de porco por 24 horas.

5. Manjar branco

Crédito: Wikimedia Commons 

Antes de o coco ser descoberto na Índia, o ancestral da atual sobremesa consistia em leite, arroz, açúcar, canela e, a parte principal, frango desfiado. Era comum nos jantares de membros da classe alta da Europa, já que açúcar e canela, especiarias caríssimas, davam status.

Boas notícias para quem ficou com água na boca: o prato ainda existe na Turquia, chamado de tavuk göğsü. Como retratado acima, nem parece desafiador.

4. Feijoada Porca

Crédito: Wikimedia Commons 

A versão radical da feijoada. Além dos ingredientes da feijoada tradicional - obviamente, não seria da feijoada "light" -, levava uma cabeça inteira do bicho. Um prato além do bem o do mal que, como o abismo de Nietzsche, olhava de volta para os convivas. Na década de 1950, era uma versão tida por particularmente luxuosa e adequada para servir a dignatários estrangeiros.

3. Sorvete de âmbar gris

Crédito: Wikimedia Commons 

Âmbar gris é um valiosíssimo produto para a indústria de perfumes. Se você achar uma pedra dessas na praia, imediatamente fica cerca de R$ 180 mil mais rico. O produto é tão valioso que Lady Fanshawe criou um sorvete com ele em 1665. Seria só um luxo decadente, como pratos com folha de ouro, se âmbar gris são viesse de onde vem: das fezes da baleia cachalote. A substância é uma secreção intestinal, transformada quimicamente após anos flutuando no Oceano.

2. Cockentrice

Crédito: Wikimedia Commons 

Essa é tão horrível que tornamos a imagem opcional. O nome vem da combinação entre as palavras cock (galo) e gryse (porco em fase de amamentação), e um trocadilho com cocatrice, um monstro medieval. Consistia em juntar metades dos dois animais com agulha, linha e maldade. A parte superior do leitão era costurada à parte inferior de um galo, ou vice-versa, em prol dos bons sonhos dos convidados.

1. Sangue e cadáveres

Crédito: Wikimedia Commons 

Se o sangue era o "líquido da vida", logo os médicos concluíram que bebê-lo poderia trazer mais vida. E não picaretas, mas os grandes, como o celebrado Paracelso (1493-1541).

O povo, que não tinha dinheiro para os outros remédios do boticário, se juntava em torno de execuções para conseguir ganhar uma caneca que fosse. Para quem achasse a coisa difícil de descer, um padre franciscano chegou a dar a receita de uma geleia de sangue em 1679.

E não era tudo. Remédios eram feitos a partir de ossos, sangue e gordura humana, para curar desde uma simples dor de cabeça até casos severos de epilepsia.

A cereja neste tétrico bolo era o pó de múmia. Roubadas de tumbas egípcias por comerciantes islâmicos, elas começaram a ser consumidas por um erro de tradução. Mummya era a palavra em árabe tanto para betume - recomendado pelos médicos árabes para diversos problemas - como para as múmias, envoltas em betume.