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Curiosidades / Mundo

Como 1º de abril se tornou o Dia da Mentira

Além dos trotes que confundem familiares anualmente, a resposta exata ainda intriga historiadores

Álvaro Oppermann, arquivo Aventuras na História Publicado em 01/04/2020, às 07h00 - Atualizado às 13h44

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Imagem meramente ilustrativa // Cena do filme 'Pinóquio' - Divulgação/Disney
Imagem meramente ilustrativa // Cena do filme 'Pinóquio' - Divulgação/Disney

Todos os anos é comum que o dia 1º de abril seja marcado por uma pedinha. Afinal, antes mesmo da existência do WhatsApp, quem nunca brincou com um parente e, através de gargalhadas, soltou um "1º de abril", após o trote?

Diante da tradição, uma pergunta ainda intriga muitas pessoas: como isso foi eternizado em nossas vidas?

Os trotes

A versão mais difundida é de que a origem é do fim do século 16, com a adoção do calendário gregoriano na Europa. Instituído pelo papa Gregório XIII em 1582, ele marcava o começo do ano em 1º de janeiro. Até então, como já era na em Roma antiga, o ano começava em março.

No início, a mudança gerou confusão. Por teimosia ou desconhecimento, muitos europeus continuaram brindando o novo ano na data antiga, e os trotes de 1º de abril teriam como mote esse equívoco.

Antes de Gregório, o calendário mais aceito era o juliano. Criado no ano 45 a.C. por Júlio César (101 a.C.-44 a.C.), ele estabelecia que o início do ano coincidia com o equinócio de primavera, entre 20 e 21 de março.

Mas, na Europa medieval, nem mesmo o calendário juliano era seguido por todos. Muitas aldeias e paróquias celebravam o ano novo na festa da Anunciação, em 25 de março. Outros esticavam o ano velho até 31 de março e só comemoravam o réveillon em 1º de abril.

A reforma do papa Gregório XIII terminou com a bagunça. Ou pelo menos tentou. A Inglaterra, por exemplo, só adotou a nova folhinha em 1752. Apesar de ter se antecipado ao papa e, por ordem do rei Carlos IX, trocado de calendário já em 1564, a França só conseguiu impô-lo com a Revolução Francesa, em 1789.

Casamentos falsos

Essa confusão de datas suscitou as brincadeiras. Entre os trotes de abril, um dos mais populares era o anúncio de casamentos falsos, marcados para o dia 1º. Arruaceiros também pregavam cartazes com supostos éditos reais de conteúdo jocoso.

Outra teoria para explicar o Dia dos Bobos defende que a data seria uma antiga festa romana. “Em Roma já se pregavam trotes durante o equinócio de primavera”, diz o historiador americano Joseph Boskin, professor da Universidade de Boston. De acordo com ele, essas festas deram origem ao Dia dos Bobos inglês (o April Fool’s Day), também comemorado no dia 1º. “Os trotes de 1º de abril são anteriores à reforma do calendário por Gregório”. Assim, a mudança talvez só tenha reforçado um dia de piadas anterior.

Reforça essa teoria o fato de a referência mais antiga conhecida ao Dia da Mentira estar nos Contos da Cantuária (1392) do inglês Geoffrey Chaucer. No Conto da Freira do Padre, uma raposa aparece enganando um galo no "32º dia desde que março começou" - isto é, 1º de abril.

Ainda assim, isso é disputado. Alguns historiadores acreditam que tenha havido um erro de transcrição e, na verdade, ele se referia a 32 dias após março, isto é, 3 de maio.