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Curiosidades / Dia dos Namorados

Por que o Brasil não comemora o Dia dos Namorados em 14 de fevereiro?

Aqui a data é celebrada em junho, diferente de outras partes do mundo. Entenda!

Redação Publicado em 14/02/2020, às 06h00 - Atualizado às 10h37

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Imagem ilustrativa - Pixabay
Imagem ilustrativa - Pixabay

A resposta curta é: o resto do mundo não celebra o Dia dos Namorados em 14 de fevereiro, mas o Dia de São Valentim. Dia dos Namorados é uma criação de uma agência de publicidade paulistana. Na Inglaterra, onde o costume surgiu, celebra-se o São Valentim desde o tempo dos cavaleiros. 

A história de São Valentim não tem nada de romântica. Ele é um mártir cristão, morto em 14 de fevereiro de 269 por ordem do imperador Cláudio, o Gótico (que recebeu esse nome por vencer os godos — ou góticos).

Seu milagre é ter curado uma moça de cegueira — em algumas versões, a filha de um juiz; em outras, a de seu carcereiro. Logo após, foi decapitado. Várias igrejas do mundo, na Espanha, Irlanda, Polônia, Itália e Grécia, afirmam ter pelo menos parte de seus restos.

Foi só na Idade Média que o mártir ganhou outra reputação. A primeira referência romântica que se conhece é o poema 'O Parlamento dos Pássaros', do inglês Geoffrey Chaucer (1343-1400).

Ele relacionava o acasalamento das aves, que aconteceria perto do Dia de São Valentim, a uma data particularmente auspiciosa para os amantes — amores entre damas e cavaleiros, o amor cortês.

A lenda foi crescendo e, no século 15, já se dizia que ele havia casado soldados para não irem para a guerra e que a havia deixado uma carta para a filha do carcereiro assinada "De seu Valentim" — como os cartões dados hoje em dia

O anúncio / Crédito: Wikimedia Commons

Por que não colou?

Nem todos os países relacionaram São Valentim aos namorados. Na Grécia, ele é celebrado apenas como um mártir. Na Eslovênia, é o padroeiro dos criadores de abelhas. Na América Latina, o dia também vale para amigos.

O costume já havia sido adotado antes da Revolução Industrial em países da Europa Ocidental. Mas a maioria dos países adotou o sentido atual por influência americana, inclusive os do extremo oriente — e Portugal. Por que não colou no Brasil? Por três razões.

Primeiro, a cultura por aqui era muito conservadora para essa conversa de namorar. O que havia era aquela coisa de noivo e noiva em cada canto do sofá, com a mãe no meio. "O namoro só começa a existir mesmo no Brasil, a partir destas décadas de 20 e 30", afirma a historiadora Mary Del Priore.

E olhe, lá...O rapaz acompanhava a moça até a porta de casa e, portões adentro, já era compromisso para noivar", continua.

E, nisso de só casando, Valentim tinha um sério concorrente: Santo Antônio. "Santo Antônio era o santo casamenteiro em Portugal", diz Mary.

"A tradição veio de lá e desde o Brasil colônia é mencionado como mediador, para ajustar parcerias. Durante o ciclo das festas juninas era muito invocado e faziam-se adivinhas em seu nome. Quando os pedidos não eram atendidos, tiravam o menino Jesus de seus braços ou colocavam o santo de cabeça para baixo: de castigo."

A festa de Santo Antônio, porém, é uma não exatamente romântica festa junina (bafo de quentão, casca de milho nos dentes e beijos apaixonados não combinam). Entra então o maior culpado: o publicitário João Dória (1919-2000), pai do ex-governador de São Paulo. Não fosse por ele, teríamos provavelmente importado o feriado na mesma data do resto do mundo.

Em 1948, sua agência, a Standart Propaganda, recebeu um trabalho da Exposição Patriarca e Modas Clipper, lojas de roupas. Eles queriam impulsionar as vendas em junho, mas o mês não tinha nenhuma data como Natal ou Dia das Mães para convencer o povo a comprar. 

Dória então importou o São Valentim do jeito dele. Simplesmente criou um anúncio dizendo que 12 de junho era o Dia dos Namorados e os pombinhos deviam correr para as lojas.