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Matérias / Ciência

A Igreja atrapalhou o desenvolvimento da Ciência?

A verdade não é tão simples quanto os estereótipos de Hollywood. Entenda!

Letícia Yazbek Publicado em 15/10/2019, às 08h00 - Atualizado às 15h00

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Crédito: Wikimedia Commons
Crédito: Wikimedia Commons

Cercada de mitos, a relação entre Igreja e ciência costuma ser caracterizada como uma oposição da religião ao progresso científico. Afinal, o teólogo e filósofo Giordano Bruno foi condenado à fogueira pela Inquisição, que censurou e perseguiu muitos outros cientistas.

De fato, a Inquisição julgava todos aqueles que eram considerados uma ameaça às doutrinas cristãs. E, muitas vezes, essas pessoas eram cientistas – como Nicolau
Copérnico e Galileu Galilei. Será?

Gente como o historiador americano Ronald Numbers, autor de Myths and Truths in Science and Religion: A Historical Perspective (Mitos e Verdades em Ciência e Religião: Uma Perspectiva Histórica), discorda. Segundo ele, o número de cientistas que perderam a vida por causa de suas concepções científicas foi zero.

Giordano Bruno foi queimado vivo “em razão de suas concepções heréticas em relação à divindade ou não divindade de Cristo, não porque ele acreditasse na infinitude do universo”.

A maioria dos historiadores contemporâneos refuta a ideia de que a Idade Média foi um período de pouco avanço científico. Ele, na verdade, lançou os fundamentos da ciência empírica moderna e proporcionou o desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento.

Em The Sun in the Church: Cathedrals as Solar Observatories (O Sol na Igreja: As Catedrais como Observatórios Solares), o historiador John Heilbron afirma que a Igreja ofereceu mais financiamento ao estudo da astronomia do que qualquer outra instituição por mais de seis séculos, até o Iluminismo.

A produção de conhecimento ocorria em templos religiosos, por estudiosos que se dedicavam a várias áreas do saber, como matemática, geologia, biologia, física, agricultura e arquitetura.

Outros mitos ajudaram a consolidar a noção de que o cristianismo exterminou a ciência. O boato de que autópsias e dissecações eram proibidas pela Igreja, por exemplo, foi criado no século 19 a partir de narrativas de ficção, assim como aquele que diz que a religião pregava que a Terra era plana.

A melhor forma de caracterizar essa relação ainda é debatida pela comunidade acadêmica. Tensa e instável, ela é marcada por períodos de harmonia e outros de conflito.

No entanto, questões contemporâneas reprovadas pela Igreja, como a utilização de métodos contraceptivos e o uso de células-tronco na ciência, indicam que esses embates estão longe de acabar.


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