Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Curiosidades / Cultura

Mari Lwyd: No País de Gales, o Natal é tétrico

É tradicional: eles chegam à sua porta cantando, pedindo para entrar, para comer, beber e aterrorizar as crianças e os adultos

Fábio Marton Publicado em 20/12/2018, às 10h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Representação moderna de Mari Lwyd - Wikimedia Commons
Representação moderna de Mari Lwyd - Wikimedia Commons

Nas ilhas britânicas, existe o costume do wassailing. Consiste em ir de porta em porta cantando canções natalinas, com uma tigela de wassail - espécie de quentão de cidra. É a origem do Christmas carol, o familiar coral natalino. Tradicionalmente, não era no Natal, mas no Dia de Reis, 5 de janeiro.

No País de Gales, o costume tomou uma direção meio... macabra. Lá eles chamam o wassail de Mari Lwyd (pronuncia-se "meiri luíd"). E a visita de porta em porta é feita no Natal.

À frente vai a caveira de um cavalo num mastro, coberta por um pano decorado. Seus olhos são bolas natalinas de vidro. Com ela à frente, homens cantam canções natalinas diante da porta. Exigem então entrar na casa e participar da festa – principalmente a parte das bebidas. Segue-se então uma cômica discussão, na qual o dono tende a dar motivos para não entrarem, rebatidos pelo grupo de Mari Lwyd.

Esta é a ideia de diversão natalina dos galeses Wikimedia Commons

Quando eles desistem, a turba entra, serve-se, canta mais, faz arruaças e assusta as crianças – e, às vezes, os adultos – com a pavorosa caveira de cavalo, que tem as mandíbulas articuladas para "rir" e estalar os dentes. E daí continuam de casa em casa, mais bêbados a cada uma.

O costume foi registrado pela primeira vez em 1800. Então a Igreja Metodista estava tentando suprimi-lo, por seu aspecto obviamente pagão. Talvez fosse muito mais antigo, com origem em celebrações na deusa celta Epona, protetora dos cavalos e da fertilidade, celebrada no solstício de inverno, que cai quase em cima do Natal.

A repressão funcionou e, por quase todo o século 20, quase ninguém mais ouvia falar em Mari Lwyd. Até a década de 1970, quando houve um revival, no espírito da revalorização da cultura celta, por nacionalistas galeses. E hippies.

Quanto ao bizarro nome, é outra coisa nunca resolvida. As teorias dizem que significa “égua cinza” ou... Virgem Maria.