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Curiosidades / Personagem

No começo da Revolução Cubana, só Che Guevara e Raúl Castro eram comunistas

Inicialmente, um desejo específico unia os líderes que se preparavam para invadir Cuba

Eduardo Szklarz Publicado em 31/07/2020, às 08h00

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Protesto diante da explosão de La Coubre - Wikimedia Commons
Protesto diante da explosão de La Coubre - Wikimedia Commons

Parece óbvio que Fidel, Raúl e outros líderes cubanos sempre foram comunistas. Afinal, eles levaram a cabo uma série de reformas ultrarradicais, assim que tomaram o poder e alinharam-se à União Soviética, enquanto o novo regime ainda engatinhava.

Mas a verdade é que vários deles – a começar por Fidel Castro – só se declararam socialistas após o triunfo da revolução. Até então, o que realmente os unia era o desejo de derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista.

Faz sentido: salvo raras exceções, os integrantes do ataque ao quartel Moncada, em 1953, não eram comunistas, mas membros da ala jovem do Partido Ortodoxo – uma agremiação opositora, mais liberal do que qualquer outra coisa. Fidel assumiu a
liderança dos ortodoxos, aproveitando o vácuo deixado pelo suicídio do fundador do partido, Eduardo Chibás.

Quando muitos deles decidiram partir para o exílio no México, Fidel cultivou entre o grupo a única ideologia comum a todos: o nacionalismo, insuflado pela retórica romântica de José Martí. Os dois únicos líderes rebeldes que se definiam como comunistas àquela altura eram Raúl Castro e Ernesto Che Guevara.

Eles seguiam a linha pró-soviética (da qual Che se afastaria nos anos 1960), mas com atitudes distintas. Raúl preferia manter em segredo seu apreço pela foice e o martelo, enquanto Guevara não só o alardeava como tentava converter ao marxismo-leninismo qualquer um que cruzasse seu caminho. Falseta histórica Che era um leitor eclético desde os tempos de garoto.

Sua mãe apresentou-o a escritores que transitavam por várias “esquerdas”, de Ernest Hemingway a Jean-Paul Sartre. No início dos anos 1950, durante as andanças pela América Latina, textos da filósofa polonesa Rosa Luxemburgo e do teórico peruano José Mariátegui ajudaram a consolidar sua fé no marxismo. Àquela altura, ele já lia esporadicamente Lênin e tinha fascínio por Marx.

Fidel Castro, por sua vez, declarava-se anticomunista. “Nossa revolução não é vermelha, mas verde-oliva [a cor do uniforme de seus soldados em Sierra Maestra]”, bravateava o comandante, que se autodenominava “um humanista acima de tudo”. Seja como for, Fidel soube juntar várias nuanças políticas dentro do Movimento 26 de Julho – o grupo revolucionário fundado depois de Moncada – para levar adiante seu projeto de
poder.

Além do mais, ele sabia que a revolução, em seus primeiros passos, ainda estaria vulnerável, e só poderia escapar de retaliações americanas se qualquer identificação com o comunismo fosse negada.

Era tamanha a aparente moderação de Fidel que não há uma única proposta comunista nos documentos firmados por ele entre 1953 e 1959. Oficialmente, os revolucionários defendiam apenas a volta da Constituição de 1940 (abandonada por Batista), reforma agrária, restauração da democracia, combate à corrupção e ao analfabetismo, modernização da indústria e confisco de terras ocupadas ilegalmente – uma espécie de “nacionalismo democrático”, como define o historiador cubano Rafael Rojas.

Foi esse o programa adotado logo após a vitória da revolução, em janeiro de 1959. Mas tudo mudou em 1961, quando Fidel resolveu anunciar que sempre fora um legítimo marxista-leninista. Ele fez de Cuba o satélite caribenho da União Soviética.


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