Na nova série, que tem o mesmo nome do médico, a vida do pai da psicanálise ganha um tom fantasioso recheado de terror e tramas sobrenaturais
Pamela Malva Publicado em 31/03/2020, às 19h10
Sigmund Freud demorou apenas 5 anos, depois de sua graduação, para começar a rascunhar suas teorias sobre a psicanálise. A partir daí, o médico neurologista revolucionou os diversos campos da psiquiatria.
Nascido em uma família judaica, Freud entrou na faculdade de medicina da Universidade de Viena aos 17 anos. Uma vez formado, o novo médico passou a estudar algumas de suas teorias e cunhou o termo psicanálise.
Foi graças a um amigo da faculdade, Josef Breuer, que ele teve algumas de suas mais geniais ideias. Mesmo criticado por alguns colegas da profissão, Freud publicou dois de seus livros mais famosos no início do século 20 e nunca mais parou.
É exatamente nesse momento da vida do médico — recém-formado na faculdade e estudando a hipnose — que a nova série da Netflix, Freud, se desenvolve. A produção, entretanto, não se preocupou muito em ser fiel aos fatos reais.
Outra face do pensador
Jovem e misterioso, o Sigmund da série é, inicialmente, bastante parecido com o verdadeiro. Intrigado pela mente humana e trabalhando como psiquiatra, ele passa grande parte de seus dias buscando entender a histeria de suas pacientes mulheres.
Assim como na vida real, o protagonista percebe as relações entre o psicológico e a hipnose e tenta validar o método. Ele, então, é ridicularizado quando teoriza a existência do inconsciente humano. A partir daí, as coisas logo fogem dos trilhos.
A série rapidamente deixa de refletir a vida de Freud e assume um caráter fantasioso, com um forte tom sobrenatural. Para começar, a primeira temporada gira em torno da hipnose, arte que o verdadeiro médico não aprovava com tanto afinco.
Em seguida, o psiquiatra conhece uma jovem austríaca que, curiosamente, consegue ver crimes e assassinatos quando adormecida. Frente ao dom da mulher, Freud decide ajudá-la através da hipnose.
A fantasia ganha ainda mais força quando o médico passa perseguir serial killers, fazendo uso das visões da jovem. Tudo piora quando, de repente, a hipnose deixa de ser um método de estudo e assume características de um portal místico.
Realidade alternativa
Com a nova narrativa dos assassinatos, a série ganha um diferente papel. A ideia não mais é discutir as descobertas de Freud, mas sim assustar o público, com tramas complexas, serial killers, terror e muito sangue.
Por mais que a narrativa tenha abordado algumas verdades sobre Freud — como sua fixação pela cocaína —, os fatos extraordinários são os reais protagonistas. Assim, a trama é recheada de tortura, jogos de poder, manipulações e um terror sanguinário.
A produção pouco puritana ainda faz uma perfeita releitura do complexo de Édipo ao encenar Freud tendo sonhos eróticos com sua própria mãe. O personagem também sonha com a morte do pai e faz uso constante de cocaína, além de se deparar com sigilos ocultistas desenhados em sangue.
No final, apesar de ser uma versão thriller distorcida da realidade, a produção acaba por, de fato, discutir os estudos desenvolvidos pelo pai da psicanálise. Assim, em diversos momentos, a narrativa apresenta os conceitos de ego, superego e inconsciente analisados por Freud, bem como suas teses sobre sexualidade.
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