Funcionária do prédio onde a peça de Martin Kippenberger estava instalada, o caso surpreendeu os donos do artefato em 2011
Redação Publicado em 01/08/2021, às 09h00
A eficácia de um trabalho costuma ser avaliada por diversos pontos, sendo eles na limpeza a rapidez, maior cobertura e melhor higiene. Com esses preceitos, uma funcionária do Museu Ostwald de Dortmund, localizado no oeste da Alemanha, bateu o ponto e deu início a sua inspirada jornada de trabalho durante o início de novembro de 2011.
Responsável pela faxina do local durante a noite, quando não recebiam visitantes, ela decidiu dar um trato nas instalações, buscando a perfeição do chão, paredes e, especialmente, de uma peça de arte assinada por Martin Kippenberger (1953-1997), um dos principais artistas modernos do país europeu.
Notando que a obra ainda tinha resquícios de 'sujeira' durante sua confecção, decidiu dar uma boa esfregada para impressionar.
Acontece que na base da estrutura havia um balde quadrado contendo em seu fundo uma pequena quantia de cal, que facilmente poderia ser retirada com produtos de limpeza. Assim fez a faxineira, para o delírio dos expositores, como registrou o portal G1.
A peça fazia parte do acervo permanente do museu era feita por uma torre de pranchas de madeira empilhadas e batidas com pregos, ligando colunas e linhas com escrituras em suas tábuas. Por fim, o recipiente ao chão abrigava o resquício de sua produção, criando uma mancha — interpretada como um erro por parte da funcionária.
A obra, cujo nome original era ‘Wenn's anfaengt durch die Decke zu tropfen’ ("Quando começa a pingar pelo teto", em tradução livre), teve a mancha limpa com um esfregão, que diluiu água com a cal da peça, integrando o material no tecido da ferramenta, que posteriormente foi espremida em um tanque e drenado para o sistema de esgoto da cidade, fazendo o trecho se perder em meio aos dutos municipais, como informa o veículo local Spiegel, que teve informações repercutidas pelo Washigton Post.
Tal medida foi capaz de distorcer por completo o significado da obra de arte, que manifestava uma mensagem de queda e resquício ao chão, tendo o balde estrategicamente posicionado conforme o interesse do autor.
O portal alemão acrescentou que, sem a intervenção da funcionária, a estimativa de valor da peça era de 800 mil euros — que por outro lado, estava assegurado pelo museu e pela empresa que proporcionava o serviço de limpeza.
Apesar da boa intenção por parte da funcionária, Dagmar Papajewski, então porta-voz do Departamento de Cultura de Dortmund, explicou que os funcionários da limpeza eram minuciosamente instruídos para memorizarem quais eram as peças que poderiam ser limpas: 'É como acontece nas casas, quando dizemos: 'limpe tudo, mas não toque na mesa do escritório'.
Dessa maneira, a intervenção da faxineira eliminou a característica que adicionava o sentido à obra, com os administradores da galeria concluindo que o dano era irreversível, visto que a substituição do cal não teria sido realizada pelo artista original.
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