Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Curiosidades / Brasil

Tragédia dupla: como o filho de Euclides da Cunha tentou vingar a morte do pai

Em 1916, Euclides da Cunha Filho tentou matar Dilermando — mas o desfecho não saiu como esperado

Pamela Malva Publicado em 27/09/2020, às 10h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Gravura do jornalista e escritor Euclides da Cunha - Wikimedia Commons
Gravura do jornalista e escritor Euclides da Cunha - Wikimedia Commons

Na manhã do dia 15 de agosto de 1909, o grande jornalista Euclides da Cunha fez o inimaginável. Indignado com as traições de sua esposa, Ana Emília Ribeiro, ele pegou o revólver de seu primo e caminhou até uma casa no bairro Piedade.

Já eram quatro anos de relacionamento extraconjugal e Euclides não aguentava mais a situação. Queria matar Dilermando de Assis, o cadete de 21 anos que estava namorando sua esposa às escondidas.

Naquele dia trágico, então, Euclides irrompeu na casa de Dinorah, irmão do cadete, e foi até o quarto do jovem, que se vestia. A arma do jornalista foi disparada diversas vezes, acertando os dois irmãos. Em resposta, Dilermando sacou seu próprio revólver.

O duelo do século foi travado entre os dois homens. Com treinamento militar, contudo, o jovem cadete acabou acertando um tiro fatal no peito do jornalista. Dilermando e Dinorah, por sua vez, sobreviveram.

Charge do duelo de Euclides e Dilermando / Crédito: Divulgação/Jornal A Manhã 

Rio de Janeiro em luto

O episódio logo ficou conhecido como a Tragédia de Piedade; ao mesmo tempo, o cadete nunca mais deixou de ser chamado de assassino. Ainda que tivesse sido inocentado pela justiça — já que teria matado em legítima defesa —, ele jamais foi perdoado pela mídia.

A comunidade do Rio de Janeiro, por sua vez, também não facilitava nem um pouco a vida da família. Eram boatos, fofocas e olhares de escárnio constantes, que julgavam cada passo de Ana e Dilermando, principalmente quando os dois se casaram.

Juntos, os amantes tiveram mais alguns filhos e, assim, escandalizaram ainda mais a sociedade que já considerava o cadete um criminoso. Segundo a BBC, tudo piorou, no entanto, em julho de 1916, quando uma sequência da tragédia aconteceu.

Retrato de Ana Emília Ribeiro e de seu amante Dilermando de Assis / Crédito: Wikimedia Commons

Brigas ensanguentadas

A fim de vingar o assassinato do pai, Euclides da Cunha Filho, o Quidinho, encontrou Dilermando em um cartório. Aos 21 anos, o aspirante da Marinha brasileira abriu fogo contra o padrasto, que se inclinava sobre alguns papéis.

As balas atingiram Dilermando nas costas, no episódio que ficou conhecido como o “Segundo ato de uma tragédia emocionante”. O desfecho, contudo, não foi nem um pouco diferente da primeira parte: mesmo machucado, o novo marido de Ana conseguiu atirar em Quidinho, matando o jovem filho de Euclides da Cunha.

"Assassino do pai, matou também o filho", anunciou o jornal O Paiz, à época. Mais uma vez, a sociedade carioca se escandalizou com as atitudes de Dilermando que, aos olhos do povo, agora era um homem criminoso, que deveria ser preso.

Jornais noticiando a morte de Euclides pai e Euclides Filho / Crédito: Fundação Casa de Rui Barbosa/Biblioteca Nacional

Vítimas e traições

Cerca de dez anos depois da triste sequência de acontecimentos, Ana e Dilermando se separaram. Na época, o antigo cadete, que já era general, se apaixonou pela jovem Maria Antonieta de Araújo Jorge, ou Marieta.

Mesmo décadas mais tarde, Dilermando nunca deixou de ser considerado o assassino de um dos jornalistas e escritores mais célebres do Brasil. Essa é exatamente a reputação que Dirce de Assis Cavalcanti, única filha do militar com Marieta, quer mudar.

Segundo ela mesma explicou à BBC no ano passado, a alcunha que o pai recebeu é injusta. "Ele não é o assassino. Ele matou por legítima defesa. É só isso que eu gostaria de deixar definido”, lamentou Dirce, no aniversário da morte de Euclides.

Foi para limpar o nome do pai, inclusive, que Dirce lançou o livro O Pai, em meados de 1998. Através da obra, ela tenta dar uma nova versão aos fatos. "Eu vinha escrevendo esse livro a vida inteira, aos pouquinhos”, contou ainda à BBC. "Eu sempre achei que eu tinha que defender o papai de alguma maneira".


+Saiba mais sobre o tema através das obras abaixo, disponíveis na Amazon:

O Pai, de Dirce de Assis Cavalcanti (1998) - https://amzn.to/3kT0kP3

Matar para não morrer, de Mary Del Priore (2009) - https://amzn.to/2RZTgUi

Euclides da Cunha, editado por Mary Lou Paris (2009) - https://amzn.to/3i5HDWz

Anna de Assis: História de um trágico amor, de Judith Ribeiro de Assis (2009) - https://amzn.to/33Ymetj

Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, a Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.

Aproveite Frete GRÁTIS, rápido e ilimitado com Amazon Prime: https://amzn.to/2w5nJJp

Amazon Music Unlimited – Experimente 30 dias grátis: https://amzn.to/2yiDA7W