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Curiosidades / Gripe Espanhola

Vírus importado: como a terrível Gripe Espanhola chegou em São Paulo

Em entrevista à AH, o jornalista Wagner Barreira explicou como a doença mais devastadora da história veio parar no Brasil

Pamela Malva Publicado em 11/10/2020, às 08h00 - Atualizado às 09h00

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Pacientes enfermos em hospital de campanha - Divulgação
Pacientes enfermos em hospital de campanha - Divulgação

Em fevereiro de 1918, o mundo conheceu os primeiros casos registrados da terrível Gripe Espanhola. Mais tarde, outra forte onda da doença varreu o planeta, contaminando e matando centenas de milhares de pessoas.

Naquela época, todo e qualquer transporte era feito através de grandes navios. As longas viagens em um ambiente úmido e com condições sanitárias bastante precárias, então, logo se tornaram um dos maiores agravantes da disseminação da doença.

Foi pelos mares, inclusive, que a temida Gripe Espanhola chegou no Brasil. Quando desembarcou em terras tropicais, o vírus se disseminou rapidamente e, assim como fez com o resto do mundo, devastou as cidades por onde passou.

Enfermaria carioca de 1918 com infectados pela gripe / Crédito: Biblioteca Nacional

Potegidos pelo mar

Em 1918, com a Primeira Guerra Mundial em seus últimos respiros, o mundo já estava frágil o suficiente. A pandemia da Gripe Espanhola, portanto, foi arrebatadora: dos soldados nas trincheiras aos trabalhadores rurais, ninguém conseguiu escapar.

Por aqui, autoridades tinham conhecimento da doença em outros países, mas o medo de uma pandemia parecia distante demais. Para muitos, o mar era uma espécie de muro de prevenção, que impedia a chegada do vírus no Brasil.

O Demerara, navio inglês vindo de Liverpool, veio para provar que a história não era bem assim. Tal embarcação ficou conhecida como a responsável por trazer a terrível Gripe Espanhola para terras brasileiras, atracando em diversos portos nacionais.

Imagem meramente ilustrativa de antigo navio / Crédito: Domínio Público

Vírus importado

Tema do romance histórico de mesmo nome, escrito por Wagner Barreira, o Demerara vinha lotado, com pessoas empilhadas em beliches. Nas pequenas cabines, os passageiros de terceira classe respiravam praticamente o mesmo ar.

“A lógica dos navios de transporte era vender o maior número de passagens”, explica Wagner. Por navegarem por mais de duas semanas, as embarcações vinham quase sempre lotadas — e com o Demerara não foi diferente.

Ao chegar no Brasil, o vírus encontrou um país em construção. Despreparados, os brasileiros mal sabiam o que estava por vir. E, para piorar, ainda "tínhamos medidas paliativas para combater a doença”, lembra o autor.

Capa do jornal Gazeta de Noticias sobre a situação do Rio de Janeiro em 1918 / Crédito: Biblioteca Nacional

De fora para dentro

Poucas semanas após a chegada do Demerara, que passou pelos portos do Recife, do Rio de Janeiro e de Santos, os primeiros casos da Gripe Espanhola surgiram no Nordeste do país e em São Paulo. De repente, os números tornaram-se assustadores.

Estima-se que, ao fim da pandemia, 65% da população brasileira adoeceu. Enquanto, em São Paulo, cerca de 2 mil mortes foram registradas, os dados do Rio de Janeiro apontavam para mais de 14 mil vítimas da doença.

As estatísticas, contudo, podem ser ainda piores. Segundo Wagner, “a preocupação com o registro [dos casos], pela força da doença, era muito precária”. Nesse sentido, se temos notícias de subnotificação de mortos pelo Coronavírus em 2020, imagine quantas vítimas da Gripe Espanhola não passaram despercebidas em 1918.

Pessoas mortas nas ruas sendo observadas por policiais / Crédito: Biblioteca Nacional

Vida precária

A sorte dos paulistas, de acordo com Wagner, foi que a sociedade ainda não lidava com muitas aglomerações. “As casas eram mais isoladas, não tinham apartamentos”, explica o autor, que também é jornalista.

Por aqui, as medidas sugeridas pelo Estado foram o tão falado isolamento social e o uso constante de máscaras. A fim de combater a doença, a "Hospedaria dos Imigrantes foi transformado em um hospital de campanha" e até mesmo o Emílio Ribas, que era médico na época, tentou encontrar formas de acabar com a Gripe Espanhola.

No total, Wagner pontua, ainda que as estatísticas sejam absurdas, “a Gripe Espanhola matou entre 20 e 100 milhões de pessoas no mundo”. Absolutamente assustadora, a doença acabou se agravando a partir de condições sanitárias, de saúde e de transporte bastante precárias, assim como foi com o melancólico Demerara.


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