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Antiguidade / Grécia Antiga

O mito da pureza branca: conheça as verdadeiras cores das estátuas gregas

Entre os séculos 19 e 20, arqueólogos deixaram de lado uma característica relevante das esculturas antigas

Joseane Pereira Publicado em 25/01/2020, às 08h00

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Uma das estátuas com a representação da cor original - Crédito: Wikimedia Commons
Uma das estátuas com a representação da cor original - Crédito: Wikimedia Commons

Quando pensamos em Grécia, logo nos vem à mente a brancura de estátuas e templos, imponentes em sua pureza e formas perfeitas. Mas o que evidências arqueológicas têm revelado é que os objetos da Grécia clássica tinham mais cores do que se imagina.

A ideia da Grécia Antiga como o berço da civilização ocidental foi construída por estudiosos do Iluminismo durante o século 19. No contexto do Imperialismo e Neocolonização, exploradores europeus faziam expedições a países do Oriente Médio e do continente africano em busca de vitórias políticas. Depois, retornavam à Europa com inúmeros objetos de outras culturas.

As estátuas tinham cores vivas / Crédito: Divulgação

Um dos maiores exemplos disso é a Pedra de Rosetta, fragmento de rocha de 1,12 metro de altura datada de 196 a.C., originária do Egito, que foi transportada à Inglaterra e hoje se encontra no Museu Britânico de Londres. 

Os arqueólogos (a Arqueologia, assim como a História e Antropologia, era uma ciência em ascensão na época) passaram a escavar inúmeros objetos no território Grego, como estátuas, templos e ânforas, e construindo junto a outros estudiosos, uma história onde o passado cultural do mundo grego teria dado origem a uma pretensa superioridade europeia.

Reconstituição da policromia nos objetos gregos / Crédito: Wikimedia Commons

Ideia semelhante fo disseminada na Itália durante o regime de Benito Mussolini, onde foram realizadas inúmeras escavações arqueológicas para resgatar indícios de um passado Romano glorioso rememorando práticas rituais, gestos, valores e símbolos para a criação do mito de superioridade fascista.

Conhecemos bem o culto que a civilização ocidental tem a cor branca, que simboliza aspectos como a pureza do vestido de noiva e a paz da pomba cristã. Diante disso, os objetos brancos como marfim escavados dos sítios gregos serviam como luva na caracterização dessa cultura.

Mais um notório exemplo da verdadeira cor / Crédito: Divulgação

Portanto, os arqueólogos dos séculos 19 e 20  decidiram esquecer as evidências de que os templos e estátuas eram, na verdade, muito coloridos, provas microscópicas que ainda podem ser detectadas nos objetos.

Essas evidências demonstram que muitos objetos coloridos eram encontrados nos templos dedicados à deuses. Estátuas de da deusa Atena, Afrodite e Zeus e o frontão triangular na entrada de tais construções demonstram a importância que as cores tinham. Muitos dos pigmentos eram derivados de minerais, misturados com pastas feitas de cera de abelha, ovos ou goma arábica.

Na antiguidade clássica uma escultura terminada sem pintura seria impensável para seu criador, considerada não estando devidamente finalizada. A ideia não era criar figuras imponentes e superiores, mas sim associá-las com a vida da população da pólis.

Porém, com o passar do tempo, os apreciadores da arte grega preferiram ver essas figuras como representações idealizadas de uma suposta pureza, imagem que serviu aos discursos políticos dos séculos 19 e 20, e segue em nossa mentalidade até os dias atuais.


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