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Corra, Forrest, Corra: Como Forrest Gump se tornou um clássico da sétima arte

Forrest Gump se mantem invicto na corrida de personagens perfeitos

Daniel Bydlowski, cineasta Publicado em 02/07/2021, às 00h00 - Atualizado em 02/02/2023, às 17h21

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Cena do filme Forrest Gump - Divulgação/The Tisch Company
Cena do filme Forrest Gump - Divulgação/The Tisch Company

Dentro de todo meu entendimento como cineasta, eu nunca conheci um personagem como Forrest Gump. Também não assisti a outro filme em que o protagonista esteja tão bem entrelaçado com a narrativa dos acontecimentos que seja difícil separar realidade de ficção.

E pelo nome do longa Forrest Gump - o contador de histórias, talvez isso pudesse ser uma alternativa. Nunca foi para mim.

O filme baseado no romance homônimo de Winson Groom, segue o roteiro de Eric Roth e tem direção de Robert Zemeckis. Com tantos atributos fica difícil enumerá-los, mas prometo que vou tentar. E ressalto que isso não é papo de fã, se você já assistiu provável que concorde comigo, se ainda não viu, por favor, faça isso.

Divulgação/The Tisch Company

Lançado em 6 de julho de 1994, o longa apresenta a história de Forrest Gump, interpretado por Tom Hanks, afinal, quem mais seria tão complexo a ponto de nos deixar na dúvida de que tipo de filme assistimos, se foi de herói, drama ou comédia.

Um homem com baixo QI de 75, mas uma honestidade intrínseca e, que por muitas vezes reflete uma inocência e gentileza discrepante demais à nossa realidade o que pode gerar certa irritação ao espectador. Mas que mais tarde garanto será uma lição, se você for esperto.

Como o próprio nome diz, Forrest é um contador de histórias e como cenário a suas narrativas estão os acontecimentos de sua vida e também os mais importantes dos Estados Unidos entre os anos de 1950 e 1980.

Garoto nascido no Alabama e discriminado por suas deficiências físicas e suas dificuldades cognitivas, Gump conhece Jenny, Robin Wright, seu primeiro e único amor.

Primeiro você pode pensar que o filme será um drama, já que Gump e sua mãe, interpretada por Sally Field, passam por inúmeras situações em que verdades cruas são retratadas.

Divulgação/The Tisch Company

Mas então, a força da personagem de Sally em manter seu filho com uma postura de igualdade perante a todos e ensiná-lo a ser assim é uma profunda lição de como a sociedade deve ser.

E é por meio deste amor e da sabedoria que há na ambivalência de nossas escolhas que Gump continua a te levar por suas histórias, afinal:  "A vida é como uma caixa de bombons, você nunca sabe o que vai encontrar”.

E talvez, Gump saiba mesmo escolher os bons sabores da vida. Já que por muitas vezes você ficará surpreso pela boa sorte que acaba por se tornar uma piada em sua vida. Durante uma verdadeira viagem cultural pela América, Forrest terá muitas conquistas, mas o surpreendente neste roteiro e, o que o faz tão especial, é como Gump faz feitos incríveis sem querer, e não percebe.

Por pura honestidade de seu coração. Como por exemplo ensinar Elvis a dançar ou virar milionário após comprar ações de uma “empresa de frutas”, chamada Apple.

Tudo bem, você pode e vai se questionar muitas vezes durante o filme como ele pode ser tão ingênuo em não assimilar tudo o que acontece ao seu redor. Em algum momento você vai pensar que são seus problemas cognitivos, mas sinceramente não importa. Forrest entende tudo o que precisa entender para ser feliz, o resto como sugere o roteiro é apenas a vida acontecendo.

De eventos que ele, ou nós, jamais teríamos controle nenhum, como a Guerra do Vietnã, doenças, mortes e até a eventualmente a sorte, não há escolhas, apenas reações. E é por isso que ele é feliz, porque aprendeu essa lição.

O contador de histórias brilha pelo seu eterno otimismo, na guerra, no campo de futebol, ou até mesmo em um barco de pescar camarões, ele nos traz uma perspectiva de como realmente a vida deve ser encarada, deixando as fraquezas de lado e instigando o lado vencedor.

E, assisti-lo é um privilégio cultural. Fazer parte de tantas corridas pelos fatos históricos foi um, entre tantos, atributos que o levaram a ser um dos campeões de bilheteria, ganhador do Óscar de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator para Tom Hanks, Melhor Roteiro Adaptado, Melhores Efeitos Visuais e Melhor Edição, além de diversas outras premiações como Globo de Ouro, BAFTA e Screen Actors Guild Awards.

Fora a incrível narrativa, Forrest Gump conta com uma trilha sonora incrível que reflete os diferentes momentos retratados no filme.

Efeitos especiais que conseguiram incorporar Hanks e os demais atores em imagens de arquivos históricos dos Estados Unidos como cenas em que ele aparece em programas de televisão ao lado de John Lennon ou na Casa Branca com Nixon.

Uma viagem no tempo e na cultura para nos mostrar que a vida pode ser um destino traçado ou puro acaso, ou os dois ao mesmo tempo. Basta saber apreciar.

Sobre o cineasta

O cineasta brasileiro Daniel Bydlowski é membro do Directors Guild of America e artista de realidade virtual. Faz parte do júri de festivais internacionais de cinema e pesquisa temas relacionados às novas tecnologias de mídia, como a realidade virtual e o future do cinema. Daniel também tenta conscientizar as pessoas com questões sociais ligadas à saúde, educação e bullying nas escolas. É mestre pela University of Southern California (USC), considerada a melhor faculdade de cinema dos Estados Unidos. Atualmente, cursa doutorado na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. Recentemente, seu filme Bullies foi premiado em NewPort Beach como melhor curta infantil, no Comic-Con recebeu 2 prêmios: melhor filme fantasia e prêmio especial do júri. O Ticket for Success, também do cineasta, foi selecionado no Animamundi e ganhou de melhor curta internacional pelo Moondance International Film Festival.