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Desventuras / Brasil Império

Apartamentos e lojas entre pilares de ponte? Conheça colossal projeto da década de 30

Desde o Brasil Império, diversos projetos para ligar Rio de Janeiro e Niterói eram desenvolvidos

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 17/07/2022, às 16h00

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Representação de plano realizado por francês, com apartamentos e lojas debaixo de ponte - Divulgação/Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
Representação de plano realizado por francês, com apartamentos e lojas debaixo de ponte - Divulgação/Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

Há quase 50 anos, as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói passaram finalmente a ser integradas, graças a construção da Ponte Presidente Costa e Silva — também conhecida como Ponte Rio-Niterói —, que teve sua inauguração em março de 1974.

No entanto, apesar de a construção da ponte ser relativamente recente, tendo iniciado em 1968, a ideia de um projeto que conectasse as duas cidades já era cogitada desde a época do Brasil Imperial.

O primeiro a cogitar uma conexão entre os dois municípios foi o imperador Dom Pedro II, por volta de 1875, que na época havia ficado encantado com as obras do metrô sobre o Rio Tâmisa, em Londres, na Inglaterra.

Logo, consultou engenheiros britânicos para se informar sobre a possibilidade de uma obra semelhante no fundo da Baía de Guanabara, que divide as cidades do Rio de Janeiro e Niterói.

Mesmo que diversos projetos tenham surgido na época para atender ao pedido de Dom Pedro II, infelizmente nenhum prosperou. Foi só no governo do presidente Artur da Costa e Silva, durante o período da ditadura militar, que o plano foi retomado e, finalmente, tirado do papel.

Entre os anos de 1902 e 1952, a ideia de uma conexão entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói foi amplamente discutida nos gabinetes dos palácios do Ingá e do Catete, além das rodas de políticos de ambas as cidades.

Na época, uma licitação para a obra até chegou a ser feita, mas a empresa vencedora acabou falindo, de forma que o projeto só foi retomado na década de 1960, durante o governo militar.

Vista aérea da Ponte Presidente Costa e Silva, também conhecida como Ponte Rio-Niterói
Vista aérea da Ponte Presidente Costa e Silva, também conhecida como Ponte Rio-Niterói / Foto por Mario Roberto Duran Ortiz Mariordo pelo Wikimedia Commons

Primeiros projetos

Segundo Francisco de Albuquerque, engenheiro e presidente do Círculo Monárquico de Niterói, foi o engenheiro ferroviário inglês Hamilton Lindsay-Bucknall quem recebeu a concessão de Dom Pedro II para a construção de um túnel ferroviário submarino, debaixo da Baía de Guanabara. O projeto indicava uma conexão entre o Flamengo, no Rio, e o Gragoatá, em Niterói.

Recorte de projeto de túnel ferroviário subterrâneo submarino
Recorte de projeto de túnel ferroviário subterrâneo submarino / Divulgação/Biblioteca Nacional

No entanto, em paralelo ao projeto submarino de Hamilton existia a ideia da projeção de uma ponte ligando as duas cidades ao também engenheiro inglês, P.W.Barlow.

A ponte, por sua vez, ligaria a Ponta do Calabouço, no Rio, ao Gragoatá, no que era considerado até então o menor percurso entre os municípios — e impactou em diversos outros projetos até o que realmente veio a ser realizado.

'Morar embaixo da ponte'

Uma das mais inusitadas e ousadas ideias desenvolvidas, antes do projeto oficial da Ponte Presidente Costa e Silva, teria surgido na década de 1930, pelas mãos do arquiteto francês Leon D’Escoffier.

A obra idealizada pelo francês consistiria em um projeto colossal, com pistas de rolamento exclusivas para carros de passeio, veículos pesados, metrô e até garagem.

Além do mais, existiriam também cerca de 946 apartamentos, 996 lojas e dois cineteatros entre os pilares da gigantesca ponte, sem contar outros 102 elevadores, que desceriam até alguns metros abaixo do nível do mar.

Projeto de ponte idealizado pelo francês Leon D'Escoffier
Projeto de ponte idealizado pelo francês Leon D'Escoffier / Divulgação/Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

Outros projetos

Até o fim da primeira metade do século XX, praticamente todas as propostas de projetos consistiam em obras planejadas para mais de um tipo de transporte — sendo trem, carro, ônibus, metrô e até mesmo à pé, como informado pelo portal O Globo.

Essa característica demonstra não só a tentativa de conectar as cidades de Rio de Janeiro e Niterói, mas também de possibilitar a escolha de como transitar para a população.

Outro dos projetos interessantes para a construção de uma ponte data da década de 1920, e lembra bastante a famosa Golden Gate, que liga a cidade de São Francisco com Sausalito, na Califórnia, nos Estados Unidos.

A versão brasileira da ponte, por sua vez, seria construída entre a Praça Quinze, no Rio, e o Gragoatá — o que leva alguns historiadores a acreditar que a Avenida Almirante Barroso, no centro do Rio, teria sido planejada para integrar a ponte.

Era Vargas

Em 1952 foi quando um projeto para criação de ponte entre as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói chegou mais perto de sair efetivamente do papel, durante o governo de Getúlio Vargas, antes do que aconteceu efetivamente durante o governo militar.

Naquele ano, a empresa francesa Études et Entreprises venceu um pleito de concorrência pública internacional para a construção de um túnel sob a Baía de Guanabara.

No entanto, a empresa francesa sofreu um revés financeiro e acabou falindo após vencer a disputa, o que a obrigou a abandonar o projeto. Assim, só no fim da década de 1960 a construção da hoje chamada Ponte Rio-Niterói foi iniciada, sendo um mérito do governo militar no Brasil.