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Desventuras / Entretenimento

Elvis Presley: Um garoto propaganda na Guerra Fria

Como Elvis usou sua passagem pelo exército para promover sua carreira e se tornar um símbolo de propaganda na Guerra Fria?

Victor Alexandre Publicado em 29/11/2021, às 17h01

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Elvis em retrato de 1958 - Wikimedia Commons / Rossano aka Bud Care
Elvis em retrato de 1958 - Wikimedia Commons / Rossano aka Bud Care

Elvis Presley foi um jovem norte-americano que começou a fazer muito sucesso na década de 1950. Após ter duas de suas músicas nas listas de mais tocadas das rádios de Memphis, pouco a pouco Elvis foi consolidando uma base de fãs cada vez maior.

Foi em 1956 que ele se tornou um fenômeno nacional e também internacional. Shows lotados, transmissões de programas de TV com picos de audiência e filmes de Hollywood passaram a ser algo constante para o cantor.

No mesmo período que Elvis fazia sucesso com sua guitarra elétrica, seu país travava uma guerra com a União Soviética e contaria com o cantor para vestir a farda e defender os EUA.

Guerra fria

Assim que a 2ª Guerra Mundial chegou ao fim, para muitas pessoas era quase uma certeza que a próxima guerra envolveria os Estados Unidos e a União Soviética. Isso de fato aconteceu, porém, o que nem todos previam é que esse conflito não envolveu embates diretos nos moldes tradicionais entre as duas potências.

Para historiadores como Eric Hobsbawm isso se deu pela criação da Bomba Atômica. O historiador disse que: “Assim que a URSS também adquiriu armas nucleares, as duas superpotências claramente abandonaram a guerra como instrumento de política, pois isso equivalia a um pacto suicida”.

Mesmo que uma guerra direta não fosse travada, ambos os países entraram numa disputa por território em praticamente todos os continentes do planeta. O mundo se tornou um tabuleiro de War.

Por conta dessas particularidades, o termo Guerra Fria passou a ser usado para classificar essa nova forma de fazer guerra. Com os canhões de lado - pelo menos por um tempo - outros setores da sociedade foram usados para mostrar ao mundo que determinado modelo econômico e social era melhor.

O cinema de ambos os países passou a retratar soviéticos e americanos de forma caricata, pois o inimigo era alguém a ser temido e eliminado. Nos esportes, as Olimpíadas se tornaram um verdadeiro campo de batalha por cada medalha. Até a corrida espacial que teoricamente deveria representar um avanço da ciência e da capacidade do ser humano em se reinventar, foi usado politicamente entre as duas potências para se promoverem.

Nesse cenário, em ambos os países houve um setor que teve trabalho dobrado: a publicidade e a propaganda. E a figura de Elvis Presley também seria usada para esse mesmo fim. 

Elvis no Exército

O rei do rock - pasja1000, via Pixabay

Em março de 1958 Elvis Presley foi recrutado pelo exército americano para integrar o 32º Regimento da 3ª Divisão Blindada de Friedberg, uma pequena cidade ao norte de Frankfurt.

Um dos primeiros dilemas que Elvis precisou lidar era a respeito do tratamento que ele receberia. Como já era uma estrela da música, o cantor de rock até recebeu o mesmo tratamento que os demais soldados, mas claro, com algumas regalias. A maior dessas regalias foi ter morado parte dos 18 meses na Alemanha em um hotel de luxo localizado na cidade de Bad Nauheim.

Antes de ir para o exército, o empresário do cantor, Tom Parker, além de incentivar essa empreitada, obrigou Elvis a deixar algumas músicas gravadas para serem lançadas enquanto o astro estava longe dos palcos. Como era algo incomum ver um artista vestindo uma farda, as músicas que foram lançadas nesse período tiveram uma procura muito grande, tanto nos EUA quanto no mercado internacional.

Politicamente, ter uma figura internacionalmente conhecida como o Elvis vestindo o uniforme do exército era uma mensagem bastante clara que os americanos passavam para o mundo. A mensagem era basicamente essa: “Nos Estados Unidos, as maiores estrelas do entretenimento também exercem o seu dever cívico de servir o país. Nesse país, todos estão focados no mesmo objetivo.”

Não podemos esquecer que Elvis foi servir na Alemanha, país que algum tempo depois, em 1961, receberia a construção de um muro dividindo o país em duas partes, deixando evidente que existia uma diferença entre o modelo socialista e o capitalista de sociedade.

Por outro lado, foi uma ótima jogada comercial do artista e do seu empresário.

Mesmo que o cantor já tivesse uma fama internacional, passar essa temporada na Alemanha deu a ele toda uma nova base de fãs, e permitiu que a figura Elvis Presley fosse humanizada. Mesmo que as apresentações tivessem sido interrompidas por um tempo, não foram poucos os relatos dos alemães e dos companheiros de batalhão dizendo que Elvis era um rapaz extremamente simpático, carismático, gentil e engraçado. Quem não gostaria de acompanhar a carreira desse tipo de artista!?

Elvis Presley contracenando no filme 'Jailhouse Rock' / Crédito: Divulgação/ Metro-Goldwyn-Mayer/Wikimedia Commons

Ao cumprir seu tempo de serviço, Elvis deixou a Alemanha em 1960, fazendo de Friedberg e Bad Nauhein duas cidades obrigatórias para a visitação dos fãs do Rei.

Mesmo que o tempo do Elvis no exército tenha chegado ao fim, Estados Unidos e União Soviética continuaram firmes em promover artistas, intelectuais, cientistas e atletas para mostrar ao mundo qual deveria ser o caminho a ser seguido: o modelo capitalista ou o modelo socialista de sociedade.

Para saber mais

A saga de Elvis é retraçada no mais recente episódio do podcast 'Desventuras na História', que pertence ao site Aventuras na História e conta com a divertida narração de Vítor Soares, um criativo professor de História que também é a voz por trás do podcast 'História em Meia Hora'. 

No 'Desventuras na História', você pode conferir episódios que relembram a vida íntima de Maria Antonieta, Dante Alighieri, Alexandre, O Grande, Gengis Khan e Dom Pedro I.

Escute abaixo o episódio da semana!