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Desventuras / George Orwell

Quem foi a brasileira ‘responsável’ pelo sucesso de George Orwell

Muito além de incentivadora, a gaúcha também foi íntima do escritor

Fabio Previdelli | @fabioprevidelli_ Publicado em 20/02/2022, às 09h00 - Atualizado em 16/02/2023, às 20h00

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O escritor George Orwell - Getty Images
O escritor George Orwell - Getty Images

Entre 1922 e 1927, Eric Arthur Blair foi integrante da Polícia Imperial da Birmânia, cargo que lhe trouxe uma estabilidade respeitável. Porém, nos cinco anos seguintes, Blair retornou à Inglaterra, onde passou a viver em Southwold, no leste do país. 

Por lá, estabeleceu laços com amigos e sobrevivia de ocupações sub-remuneradas, visto que não teve mais um emprego fixo. Entre pintor de aquarelas e coletor de lúpulo, Eric Arthur foi incentivado a se tornar escritor. 

O escritor George Orwell/ Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Em 1933, publica seu primeiro livro ‘Na Pior em Paris e Londres’, assinando a obra como a alcunha que viria a se tornar referência na literatura mundial: George Orwell. O que poucos sabem, porém, é que tal decisão só aconteceu por causa de uma brasileira. 

Mabel Fierz: Amiga e amada

Em agosto de 1930, a gaúcha Mabel Lilian Sinclair Fierz passeava com o marido, Francis Fierz, quando avistou um jovem que fazia pinturas na beira da praia. O encontro, pouco tempos depois, iniciaria uma amizade que mudaria para sempre a história da literatura. 

"Francis e Mabel Fierz eram da América do Sul. Tinham uma casa em Hampstead Garden Suburb e ambos eram muito cultos. Francis era um amante de Dickens; Mabel, uma mulher vivaz e opiniática que gostava da companhia de jovens artistas, acreditava que tinha um olho para o talento e a determinação para trazê-lo à tona", descreve Gordon Bowker em ‘Inside George Orwell: A Biography’, publicado em 2003. 

Mabel, que escrevia resenhas literárias, é vista por muitos pesquisadores como uma figura maternal para Orwell. Porém, segundo a biografia ‘Orwell: Wintry Conscience of a Generation’ (2000), de Jeff Meyers, ela era muito mais que isso: Fierz teria sido sua amante. 

Francis, Mebel e Fay Fierz/ Crédito: Arquivo Pessoal 

A afirmação, conforme explica Meyers, tem como fontes os próprios filhos de Mabel: Fay e Adrian. Na obra, o biógrafo descreve Mabel como filha de pais ingleses, nascida, em 1890, “no Rio Grande do Sul, no Brasil”.

“Mabel Robinson Fierz foi a figura feminina mais importante das três que Blair encontrou em Southwold. Havia nascido em 1890, os pais eram ingleses, no Rio Grande do Sul, Brasil. Sabia português e falava inglês com certo sotaque, havia recebido aulas particulares em casa e chegou à Inglaterra em 1908, quando tinha 17 anos”, disse o escritor. 

Jeff Meyers também aponta que a gaúcha foi educada em casa e que só conheceu a terra natal de seus progenitores em 1908, quando tinha 17 anos. Em solo tupiniquim, Mabel teria sido criada sob uma doutrina Católica — que era minoritária na Inglaterra, dominada por anglicanos. 

O autor também apresenta Francis como brasileiro, segundo informações de um censo inglês de 1911. Desta forma, Bowker os descreve como “sul-americanos” que se casaram em Londres no ano de 1919. 

Intelectual de esquerda

Conforme aponta o biógrafo, os filhos de Mabel a descreveram como uma mulher cativante e de personalidade viva. Além do mais, eles apontaram que a mãe tinha interesses intelectuais que coincidiam com a esquerda.

Esse fator, aliás, teria sido de suma importância para se interessar por Orwell, um jovem que havia virado às costas para a ‘máquina capitalista’ em prol de conhecer mais afundo como viviam as classes mais miseráveis da Inglaterra. 

Segundo o filho de Mabel, a mãe assumiu, durante seus últimos anos de vida, que nutriu, por um certo tempo, um romance com Orwell. Conforme relata Meyers, o caso era tão restrito e reservado que Francis Fierz preferiu não tomar conhecimento sobre o assunto. 

Apoio à Orwell

Na obra ‘The Unknown Orwell: Orwell, the Transformation’, de Peter Stansky e William Miller Abrahams, publicada em 1974, os autores apontam que Mabel também tentou intervir na relação entre George Orwelle seu pai, Richard Blair

Ex-funcionário público, Richard não gostou nenhum pouco quando o filho deixou o serviço imperial para se aventurar na vida artística.

“Ela fez o melhor que pôde, especialmente após conhecer Orwell, para ser mediadora entre pai e filho, ainda que sem resultados visíveis", apontam Abrahams e Stansky

Cena do jogo Orwell's Animal Farm, inspirado na obra de Orwell/ Crédito: Getty Images

Em setembro de 1931, Orwell tentava emplacar sua primeira obra, que havia ganho o título provisório de ‘Diário de um Lavador de Pratos’. Porém, o livro acabou sendo recusado por Jonathan Cape

No fim do mesmo ano, uma cópia foi enviada ao poeta T.S. Elliot, que era editor da Faber & Faber. Segundo apontam Peter e William, todos esses processos tiveram a intermediação de Mabel que, embora não tivesse lido um texto sequer de Orwell, admirava seu espírito intelectual. 

T.S. Elliot, porém, também rejeitou a publicação pouco tempo depois. Àquela altura, George Orwell já havia desacreditado de seu talento e havia deixado o manuscrito para que Mabel o descartasse. A mulher, porém, resolveu ler a obra e se encantou com o que viu. 

A cartada seguinte dela seria oferecer a obra ao agente literário Leonard Moore, insistindo que ele lesse o livro antes de mais nada. A estratégia deu certo e, em 1933, ‘Na Pior em Paris e Londres’ foi publicado. 

Tempos depois, o nome de George Orwell passaria a ser reconhecido como um dos melhores cronistas da cultura inglesa do século 20, segundo o The Economist. ‘Na Pior em Paris e Londres’ possui uma página de dedicatória a Francis e Mabel Fierz, falecidos, respectivamente, em 1979 e 1990. Os dois estão enterrados no cemitério municipal de Surrey, um condado no sudoeste da Inglaterra.


Pedro, herói de Portugal

Um nome que faz parte da história do Brasil ainda hoje tem um capítulo de sua vida quase que esquecido. A saga de Dom Pedro I após deixar para trás o trono do Brasil é tema de um episódio do podcast 'Desventuras na História'.

Com narração de Vítor Soares, professor de História e dono do podcast 'História em Meia Hora', o episódio relembra um momento pouco discutido na trajetória do imperador.

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