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Desventuras / Egito Antigo

Como Nefertiti se tornou a inimiga dos deuses egípcios

Conheça a história da rainha que deu fim ao politeísmo do Egito Antigo

Victor Alexandre Publicado em 21/12/2021, às 13h27 - Atualizado em 07/06/2022, às 18h25

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Busto de Nefertiti, rainha do Egito Antigo - bittidjz via Wikimedia Commons
Busto de Nefertiti, rainha do Egito Antigo - bittidjz via Wikimedia Commons

Quando começamos a ter aulas de história na escola, um dos primeiros assuntos que aprendemos é sobre as primeiras civilizações da humanidade, dentre elas, o Egito Antigo tem um papel de destaque. Seja pelas pirâmides, pela mitologia ou pelas múmias, falar sobre o Egito é algo que aguça a nossa imaginação.

Um dos assuntos mais falados sobre o Egito Antigo é a respeito de sua mitologia e crenças em deuses. Como veremos, a religião teve um papel tão grande na sociedade egípcia que quando a Rainha Nefertiti contribuiu para o fim do politeísmo, houve uma intensa guerra religiosa dentro do seu reino.

Egito e a religião

Mesmo que as civilizações antigas fossem completamente diversas e diferentes uma das outras, um dos pontos em comum é que praticamente todas elas desenvolveram algum tipo de mitologia ou crença em divindades.

Muitos autores atestam que criar mitologias foi um dos fatores que deram coesão social aos grupos humanos que estavam se formando, ou seja, foi o fato de terem uma crença em comum que deram a eles o primeiro senso de unidade.

A religiosidade egípcia estava intimamente ligada à geografia da região, uma vez que o Egito só se formou enquanto civilização graças aos elementos naturais que se faziam presentes na região do grande Rio Nilo.

Como o Egito Antigo tinha sua economia baseada em uma agricultura, adorar , o deus Sol ou oferecer sacrifícios a Tefnut, deus da nuvem e da umidade, seriam uma garantia de que as colheitas seriam suficientes para alimentar sua população.

Por essas características podemos dizer que o Egito era uma civilização politeísta, ou seja, a crença em um ou mais deuses era algo comum. Mas a religião egípcia tinha um papel tão grande na sociedade que esses elementos não se restringiam apenas ao momento de culto e sacrifícios, mas extrapolavam para a vida política.

Os faraós eram conhecidos como a representação divina de determinado deus. Nesse sentido, o líder adquire para si uma legitimidade religiosa ao mesmo tempo que se garante no poder reduzindo as chances de enfrentar algum tipo de golpe ou insatisfação popular. Como você iria se revoltar com um líder que é a própria representação divina?

Além dos faraós, os sacerdotes também ganharam um papel de destaque nessa hierarquia social, pois eram os intermediários entre os deuses e o povo. Eram aqueles que recebiam os sacrifícios e tinham autorização de entrar em lugares separados.

Porém, quando um novo faraó subiu ao trono e decidiu, ao lado de sua esposa, que o Egito não serviria mais a tantos deuses, um colapso social estava prestes a acontecer. Não eram apenas as divindades que seriam excluídas, mas também os sacerdotes perderiam sua posição de prestígio dentro daquela sociedade hierarquizada.

Nefertiti e os deuses

O busto da rainha egípcia / Crédito: Jesús Gorriti via Wikimedia Commons

É um fato dizer que Cleópatra até hoje é a rainha egípcia mais popular. Porém, logo atrás dela, Nefertiti é a líder egípcia em que os historiadores e arqueólogos mais se debruçam para resgatar aspectos da sua história.

Não temos registros sobre a infância de Nefertiti e o que sabemos começou a ser relatado após ela ter se casado com Amenhotep IV, quando ela tinha apenas 14 anos de idade.

Se sabemos pouco sobre sua infância, não podemos dizer o mesmo a respeito do período que se tornou uma rainha. Seu nome significa “é chegada a bela”, e mostra que Nefertiti era não só um símbolo de beleza no Egito Antigo como também a representação de alguém poderosa e influente.

Podemos ver a importância que Nefertiti teve para seu povo a partir das artes e das esculturas que foram feitas em sua homenagem. É o que explica a historiadora Priscila Scoville:

“Apesar de a arte ter mudado alguns aspectos das representações humanas, como foi apontado anteriormente, o tamanho das figuras continuou sendo um referencial para medir a importância das pessoas. Por esse motivo, é interessante notar que Nefertiti aparece, na maioria dos casos, quase na mesma altura do marido.”

Esse fato é relevante, porque uma vez que os faraós eram a representação humana de determinada divindade, Nefertiti recebeu a mesma homenagem que uma faraó.

Porém, Nefertiti e seu marido, que passou a se chamar Akhenaton, passaram a adorar um único deus no Egito, o deus Aton. Assim que subiu ao trono, Akhenaton já dava sinais que ele tinha uma relação diferente com a fé, pois prestava sacrifícios e homenagens apenas a Aton. Essa adoração ficou ainda mais evidente com a construção de uma nova capital para o Egito, a cidade de Akhetaton.

Busto da rainha egípcia / Crédito: Pixabay/HeikoAL

Conforme Aton se tornava o único foco de adoração da família real, as outras divindades passaram a ser proibidas. Esse era o início de uma adoração monoteísta a um deus egípcio, fato inédito em toda a história dessa grande civilização.

Uma das responsáveis por fazer o culto a Aton se tornar viável no Egito foi a própria Nefertiti, que usou seu carisma e influência para popularizar a nova divindade. É exatamente isso que explica a pesquisadora americana Deborah Vess:

"Nefertiti contava com grande empatia e carisma entre a população, dando alguma popularidade ao culto de Aton, combatido pelos poderosos sacerdotes egípcios, que preferiam os deuses tradicionais".

Mesmo causando uma breve guerra religiosa com os sacerdotes dos antigos deuses, Aton se consolidou como a única e principal divindade egípcia no governo durante o governo de Nefertiti e seu marido Akhenaton.

A rainha entrou para a história não só como uma bela mulher, mas principalmente por ter sido a maior responsável em ajudar a transformar uma das principais características religiosas do Egito Antigo. Se uma religião monoteísta foi possível no Egito, isso só existiu graças a Nefertiti.


Em um episódio do podcast ‘Desventuras na História’, o professor de História Vítor Soares, dono do podcast 'História em Meia Hora', conta detalhes sobre a vida e morte de Nefertiti, a sacerdotisa do Egito Antigo que foi adorada como uma deusa. Além disso, o podcaster fala sobre a emblemática figura desta rainha. 

No 'Desventuras na História', você também pode conferir a trajetória de outros personagens históricos, como: Maria Antonieta, Dante AlighieriAlexandre, O Grande, Gengis Khan, Dom Pedro I e Carlos Marighella.

Abaixo, você confere o episódio "A emblemática saga de Nefertiti, a sacerdotisa do Egito Antigo".


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