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Desventuras / Segunda Guerra

O dia em que alemães derrotados marcharam pela Moscou comunista

Quase 60 mil soldados nazistas desfilaram pela capital da Rússia em 1944 — mas o episódio não ocorreu como fora pretendido por Hitler

Redação Publicado em 23/07/2022, às 09h00 - Atualizado em 08/08/2022, às 17h56

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Fotografia da marcha histórica - Divulgação/ russiainphoto.ru/ Dmitry Baltermants
Fotografia da marcha histórica - Divulgação/ russiainphoto.ru/ Dmitry Baltermants

Em junho de 1941, Hitler repetiu o feito de um líder militar que admirava, Napoleão Bonaparte, e ordenou seus exércitos a invadirem a Rússia. Ironicamente, a operação terminaria da mesma forma que a investida do imperador francês mais de um século antes, com a derrota do exército invasor. 

A União Soviética, que tinha não apenas um inverno rigoroso, mas também a superioridade numérica ao seu lado na luta contra as forças nazistas, anunciou a vitória em maio de 1945, colocando um fim à Segunda Guerra Mundial

Antes dessa data vitoriosa, todavia, ocorreria um desfile militar curioso através de Moscou, capital do território de Stalin. Diferente da maioria dos eventos desse tipo, os soldados a marcharem neste caso não eram os pertencentes às Forças Armadas nacionais, e sim os prisioneiros do exército inimigo. 

Segundo informações registradas pelo portal Russia Beyond, cerca de 57 mil oficiais nazistas foram obrigados a desfilar para o povo russo em julho de 1944, em um episódio que foi nomeado de "A Grande Valsa", em homenagem a um musical estadunidense que era muito popular no país. 

Marcha dos vencidos 

Em uma demonstração do poder do Exército Vermelho, centenas de prisioneiros de guerra alemães capturados em uma batalha ocorrida onde hoje é a Bielorrússia foram conduzidos através das ruas de Moscou em colunas de 600 homens cada. 

O planejamento da operação teria sido tão confidencial que apenas alguns poucos membros do governo soviético sabiam dela antes de sua concretização. 

De forma curiosa, os quase 60 mil nazistas derrotados que foram orgulhosamente exibidos para a capital comunista haviam sido selecionados com cuidado entre os cativos, cujo total era muito maior.

Para o desfile, apenas os soldados maiores e mais fortes foram escolhidos, não apenas para que fossem capazes de aguentar a caminhada de vários quilômetros, mas também para tornar a vitória do Exército Vermelho sobre eles mais impressionante.

Ainda segundo o Russia Beyond, os prisioneiros haviam até mesmo sido bem-alimentados antes do evento, ganhando uma refeição de mingau, pão e bacon na conta da casa. 

Espectadores 

Além de procurar levantar a moral do povo russo, mostrando os resultados dos esforços de guerra, que já haviam clamado as vidas de milhões de soldados comunistas àquele ponto, a Operação Grande Valsa também buscava enviar uma mensagem para o mundo, demonstrando o poder da União Soviética tanto nações inimigas quanto para as aliadas. 

À frente dos 57 mil cativos, havia alguns poucos oficiais soviéticos, uma decisão proposital para que aquele punhado de militares de alta patente parecesse dominar uma massa de alemães.

Era apenas uma ilusão: na verdade, havia milhares de integrantes do Exército Vermelho a postos perto dali, assim como cerca de 12 mil membros da polícia secreta da Rússia escondidos entre a multidão para ajudar a manter a situação sob controle caso algo desse errado. 

A plateia comunista a observar o desfile de nazistas vencidos, por sua vez, teria presenciado o evento em silêncio, à exceção de algumas ofensas destinadas aos derrotados e à sua ideologia nazista. Apedrejamentos foram desencorajados por ordens dos membros das forças armadas russas presentes, algo que foi acatado pelos civis. 

Os homens capturados também não teriam esboçado grandes reações à situação. Alguns exibiriam expressões de raiva e outros observariam o povo comunista com curiosidade, mas a maioria apenas seguia em frente de maneira apática, ainda de acordo com o Russia Beyond. 

Uma matéria de 2018 da rádio Sputnik repercutiu as palavras de Berhard Braun, um veterano alemão que esteve entre os cativos obrigados a participar do desfile:

Eu me perguntei, me sinto humilhado? Provavelmente não. Coisas piores acontecem na guerra. Estávamos acostumados a cumprir ordens, então, andando pelas ruas de Moscou, estávamos simplesmente seguindo as ordens de nossas escoltas", relembrou ele.  
Veículos com jatos de água passando por Moscou após o desfile / Crédito: Divulgação/ Governo russo

Após a estranha marcha, as ruas pelas quais os prisioneiros desfilaram foram lavadas em um ato simbólico, como se estivessem limpando os vestígios nazistas do solo russo.

O papel feminino no nazismo

No podcast 'Desventuras', o professor de História Vítor Soares, também idealizador do podcast 'História em Meia Hora', relembra a saga das mulheres que viveram durante o Terceiro Reich.