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Desventuras / Guerras

O que aprender com o ataque a Pearl Harbor e a batalha de Termópilas

Muitos conflitos ao longo da História provam que nem sempre a vitória vale a pena

Vítor Soares, professor de História Publicado em 23/01/2022, às 09h00 - Atualizado em 13/10/2023, às 14h19

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O ataque a Pearl Harbor - WikiImages, via Pixabay
O ataque a Pearl Harbor - WikiImages, via Pixabay

As guerras sempre testaram os limites da humanidade. Mesmo com batalhas e conflitos em contextos e lugares distintos, muitas vezes os confrontos entre dois ou mais personagens acabam ensinando aos generais mais inteligentes coisas que podem ser úteis no campo de batalha

Quando Sun Tzu escreveu "A Arte da Guerra", ele tinha em mente algo parecido. A guerra, muitas vezes, fala a mesma língua. Independentemente de onde ela esteja sendo travada.

Um clássico exemplo de um aprendizado em guerras diferentes está numa congruência entre Pearl Harbor e a Batalha de Termópilas. Mesmo com quase dois milênios e meio e milhares de quilômetros separando os dois conflitos, existe algo que ambos os conflitos deixam claro e pode até soar estranho de se ouvir: nem toda a vitória vale a pena.

Derrotas!

Antes de explicar um pouco mais sobre essa frase nada convencional, é preciso relembrar o contexto básico de cada conflito.

Na metade da Segunda Guerra Mundial, o mundo via a possibilidade real das tropas do Eixo venceram o maior conflito que a humanidade já viu. Hitler e seus apoiadores estavam vencendo. Dentre outros fatores, talvez o mais determinante para que ao menos o Ocidente se recuperasse das garras nazistas foi a entrada dos EUA.

Esse fato, no entanto, não aconteceu desde o início da Guerra. Demorou quase três anos de conflito para que os americanos decidissem se aliarem à Inglaterra na luta contra o terceiro Reich.

Em 1941, poucos meses antes da entrada americana na Segunda Guerra, a opinião pública era dividida e pendia mais para a não participação da Guerra. O conflito era visto como um conflito europeu, que não era de interesse do Tio Sam.

O ataque

Mas tudo mudou no dia 7 de dezembro de 1941, quando o Serviço Aéreo Imperial da Marinha Japonesa decidiu fazer um ataque à base naval americana de Pearl Harbor, que ficava em Honolulu, no Território do Havaí.

O ataque tinha como objetivo o controle do Oceano Pacífico, já que o Japão estava se expandindo na região e sabia que a qualquer momento seus interesses conflitariam com os interesses americanos. Por isso, decidiu fazer o ataque preventivo. O ataque levou mais de dois mil soldados americanos e, isoladamente, foi um sucesso.

Termópilas na lista

Mas antes de falar sobre o por que dessa vitória não ter valido a pena para os japoneses, quero falar do nosso segundo conflito de hoje: A Batalha de Termópilas.

As Guerras Médicas ocorreram durante o século V a.C., e duraram mais de cinquenta anos com conflitos entre os medo-persas e as cidades gregas. Durante a Segunda Guerra Médica, o rei espartano Leônidas liderou uma aliança grega contra os persas, e decidiu escolher um lugar chamado Termópilas para um conflito direto. Ele escolheu a região porque como o lugar era estreito, a superioridade numérica esmagadora de soldados persas não seria muito impactante para o conflito.

No primeiro dia de batalha, os gregos pareciam estar vencendo. A tática de Leônidas havia funcionado. Mas o grego Efialtes traiu Leônidas, e mostrou para Xerxes um caminho paralelo para as tropas espartanas, quebrando a estratégia. Entretanto, mesmo com a desvantagem numérica e agora com sua estratégia destruída por uma traição, os 300 de Esparta resistiram por muito tempo.

Vitória que não vale a pena

O rei espartano decidiu liberar os outros gregos que não fossem espartanos e decidiu ficar ali com sua elite de soldados para resistirem o máximo possível. Após um conflito épico retratado em inúmeras obras pela História, Xerxes, o rei persa, venceu.

Acontece que a vitória japonesa em Pearl Harbor e a vitória persa em Termópilas são um exemplo de vitória pírrica.

gancheva, Pixabay
gancheva, via Pixabay

A expressão que é raramente utilizada, significa basicamente uma vitória que não vale a pena. O termo vem das Guerras Pírricas, um conflito entre romanos e gregos durante o século III a.C., onde os dois exércitos lutaram pelo domínio da região que hoje é a Itália.

O rei grego Pirro, de Épiro, venceu batalhas consideraveis contra os romanos. Mas suas vitórias eram a um preço muito grande. Generais, conselheiros e importantes soldados do lado dos gregos foram mortos, enquanto do lado dos romanos, as baixas eram de apenas soldados substituíveis.

Após ser parabenizado por um de seus soldados pela vitória, Pirro teria respondido que outra vitória como essa seria o seu fim. De fato, o fim das Guerras Pírricas em 275 a.C. foi marcado com a vitória romana sobre os gregos.

Mudando os rumos

No caso de Pearl Harbor, a vitória no ataque japonês mudou os rumos da Segunda Guerra. Fazendo com que a opinião pública mudasse drasticamente e apoiasse a entrada na Segunda Guerra. Fato que, mais tarde, teria sido imprescindível para a derrota do Eixo.

E em Termópilas, a resistência grega foi tão inspiradora que os soldados gregos que retornaram de Termópilas a mando de Leônidas contaram os feitos dos 300 de Esparta com tanto entusiasmo que fizeram as fragmentadas cidades gregas se unirem com força total contra a ameaça persa.

Numa guerra, nem toda vitória vale a pena. E assim como os ensinamentos de Sun Tzu sobre a guerra podem muitas vezes nos ensinar sobre a vida, o conceito de vitória pírrica pode ser aplicado também. Será que vale a pena vencer sempre? Mesmo quando o custo é maior do que o triunfo? Talvez, Xerxes, Hirohito ganhariam uma guerra se perdessem uma batalha.

Mais batalhas!

Outros casos famosos que se encaixam no conceito de vitórias pírricas são citados no novo episódio do podcast 'Desventuras na História', do site Aventuras na História em parceria com Vítor Soares, professor de História e dono do podcast 'História em Meia Hora'. 

Confira o episódio abaixo.