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Desventuras / Personagem

Como era o Rio de Janeiro que Dom Pedro I encontrou há 215 anos?

Como a chegada da família real conseguiu modificar o cotidiano de uma cidade inteira

Victor Alexandre Publicado em 16/11/2021, às 15h26 - Atualizado em 20/01/2023, às 10h39

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Pintura de Dom Pedro I - Wikimedia Commons, Domínio Público
Pintura de Dom Pedro I - Wikimedia Commons, Domínio Público

Assim que a realeza portuguesa conseguiu enganar Napoleão Bonaparte para virem ao Brasil, poucos lugares encantaram tanto a corte quanto o Rio de Janeiro, mas essa era uma cidade que não estava preparada para receber imperadores, príncipes e imperatrizes.

Quando D.João VI assinou o decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas, além de estreitar laços comerciais com antigos parceiros, o monarca português fez do Brasil um local de maior circulação de pessoas vindas da Europa.

Como principal consequência, as cidades portuárias teriam que se modernizar e se modificar para receberem esse novo público.

Foi a partir dessas mudanças estruturais aliadas às belezas naturais que fizeram D.Pedro I se apaixonar não só pelo Brasil, mas principalmente pelo Rio de Janeiro.

O Rio de Janeiro antes da Corte

Enquanto a família real portuguesa não colocava os pés no Brasil, o Rio de Janeiro era uma cidade muito simples, com casas térreas e ruas estreitas. A historiadora Renata William Santos do Vale diz que “os atrativos sociais eram poucos e limitavam-se a idas à igreja, procissões e festas religiosas, e a passeios no Passeio Público e outras poucas áreas propícias a caminhadas”.

Além dessa simplicidade, a cidade enfrentava muitos problemas com o calor e a falta de saneamento básico, uma vez que o esgoto era exposto ao ar livre.

Tente imaginar esse cenário: uma cidade extremamente quente, esgoto a céu aberto e com a disseminação de doenças. Esse era o lugar em que a corte portuguesa iria embarcar e se fixar.

O Rio de Janeiro depois da Corte

A família real portuguesa desembarcou no Rio no dia 8 de março de 1808. Mas o que nós geralmente não estamos acostumados a pensar é que a Corte real não era composta apenas por D. João VI, sua esposa, filhos e sogra.

Uma corte, de acordo com o sociólogo Norbert Elias em seu livro Sociedade de Corte, é formada por uma elite social que têm hábitos e costumes completamente diferentes da população comum e fazem questão de deixar essa diferença escancarada!

As festas, as vestimentas e as comidas de uma corte não poderiam ser igual a de trabalhadores e serviçais. Só que ao chegarem no Rio de Janeiro, essa turma que estava acostumada com a vida boa de Lisboa, passou a ter problemas como o calor, mau cheiro e a infestação de mosquitos.

Como disse a historiadora Andréa Slemian: “Para muitos europeus que chegavam para residir no Rio de Janeiro, o aspecto geral da cidade desagradava em vista do calor, dos insetos, das chuvas torrenciais e das doenças existentes.” E você achando que a vida de um nobre português era fácil aqui no Brasil. #ForçaPortugas.

Conforme a Corte portuguesa se instalava em definitivo no Rio de Janeiro, muitas obras de infraestrutura foram iniciadas para resolver alguns problemas de superlotação em uma cidade que não estava preparada para a chegada dessa quantidade de pessoas. Por exemplo, ainda em 1808 foi feita uma obra de encanamento na região do Maracanã para lidar com a falta de abastecimento de água na metrópole.

Pedro I 'carioca'

Foi nesse Rio de Janeiro que estava em transformação que o jovem Pedro I cresceu e amadureceu. Mesmo com todas as reformas estruturais que a capital passou para sustentar seu novo status, D.João VI, D.Pedro e seu irmão mais novo D.Miguel foram morar em uma casa afastada da cidade.

Como conta o pesquisador e escritor Paulo Rezzutti, “a paisagem do Rio de Janeiro podia ser espetacular, mas o calor tropical e a insalubridade da cidade, onde o esgoto escoava a céu aberto pelo meio da rua, formando poças nauseantes, fizeram com que cada príncipe partisse para uma região diferente dos subúrbios da cidade”.

Nessa nova casa, cedida por um comerciante sírio-libanês, D. Pedro e seu irmão teriam muito espaço para brincar, caçar e praticar esportes - sem falar, é claro, em todas as travessuras que os adolescentes costumam fazer.

D.Pedro deu muito trabalho para seu tutor e sua governanta, que tentavam ensinar a ele não apenas disciplinas como Latim, Geografia, História e Lógica, como também tentavam convencê-lo a seguir algumas normas de etiqueta que os monarcas precisavam cumprir.

Mas o que D.Pedro gostava mesmo era de estar ao ar livre. Uma de suas atividades favoritas eram os passeios (ou corridas) a cavalo. Só os moradores do Rio daquele período podem falar o quanto o jovem príncipe tocou o terror nas ruas da cidade.

O próprio Pedro disse ter caído do cavalo mais de 30 vezes! Ou ele cavalgava muito mal, ou o menino não conhecia limites de velocidade.

De qualquer forma, antes mesmo de se tornar o Imperador do Brasil, D.Pedro foi uma criança e um adolescente que manteve muito contato com o ambiente em que ele vivia.

Desde as caças, os passeios a cavalo e as brigas que arrumava com seu irmão e os filhos dos escravos enquanto brincava de exército, Pedro I foi alguém que aprendeu a amar a terra que passou a chamar de Pátria.

D.Pedro I viveu apenas 36 anos, e 23 deles foram no Rio de Janeiro, cidade que foi completamente transformada após a chegada de sua família. Cidade com a qual ninguém consegue esquecer e não se encantar.

Pedro, herói de Portugal 

Relembrando a saga do imperador, um capítulo menos conhecido de sua vida é tema do novo episódio do podcast ‘Desventuras na História’.

Com narração de Vítor Soares, professor de História e dono do podcast ‘História em Meia Hora’. O episódio relembra não só a vida pública, mas também a intimidade de Pedro I e a sua saga quando voltou à Portugal.

Confira o episódio abaixo: